Alfredo de Castro

          ALFREDO DE CASTRO nasceu em Pouso Alegre, MG, a 8 de junho de 1922. Filho de Rodrigo Pereira de Castro e de Amélia de Castro. Bacharel em Direito e Técnico em Contabilidade. Gerente-Adjunto aposentado da Caixa Econômica Federal. Ex-Combatente do Exército Brasileiro no último conflito mundial e náufrago de guerra do navio "Afonso Pena", torpedeado em 02.03.1943. Publicou: "Fagulhas Evangélicas", trovas, 1953; "Torpedeamento", poema, 1955, além de inúmeras coletâneas. Um dos mais talentosos trovadores que Pouso Alegre já conheceu.     Falecido em 24 de julho de 2011.
 

COFRE I
Brilhante dentro de um cofre,        (Menção Especial em Rio Novo/MG - 1995)
fechado às causas do bem,
quem não ajuda a quem sofre,
não serve para ninguém!

COFRE II
Fortuna dentro de um cofre                      (ME Niterói 1999)
fechado às causas do bem,
que não ajuda a quem sofre,
não serve para ninguém!

COFRE III
Pedra preciosa num cofre                          (ME Amparo 2003)
fechado às causas do bem,
que não ajuda a quem sofre
não serve para ninguém!

Está faltando na Terra,                     (Vencedora Niterói - 1993)
plena de mágoa e de dor,
trocar os gritos de guerra
pelos murmúrios de amor!

 

É frequente o triste fado
na estrada de alguns casais:       (Menção Especial em Rio Novo/MG - 1996)
seguem juntos, lado a lado,
e não se encontram jamais!

Quantos anéis têm por fado,
nas mãos de muitos casais,          ("Anel" - Vencedor Rio de Janeiro 2000 - Anel)
caminharem lado a lado
sem se encontrarem jamais!

De um Deus que cria e renova,     (M. Honrosa R. de Janeiro 2000)
que existe mas ninguém vê,
não é preciso ter prova:
a gente crê ou não crê!

Eu creio em Deus com profundo        (2º lugar em Maringá - 1972)
sentido de lucidez,
mas no Deus que fez o mundo,
não no deus que o mundo fez!

Para a não há sigilo
nem qualquer contradição:
ela explica tudo aquilo
que não tem explicação!

Deus revelou seus cuidados
ao nos dar dois protetores:
--Santo Antonio, aos namorados;
São Francisco, aos trovadores!

Quando a saudade me sonda
em nossa casa vazia,
a sua ausência faz ronda
onde a presença fazia!

(trova nº 1634 do livro "Meus Irmãos, os Trovadores", de Luiz Otávio)
Verdade maior não há,
é o bom senso que a endossa:
a vida é Deus quem nos dá,
dirigi-la é coisa nossa.

(trova nº 1646 do livro "Meus Irmãos, os Trovadores", de Luiz Otávio - 1956)
Se mudas teu horizonte,
age sempre com prudência.
"Antes espinhos na fronte
que brasas na consciência".

Se mudares de horizonte,          (Menção Especial I JF Rio de Janeiro - 1979)
deves agir com prudência:
antes espinhos na fronte
do que brasas na consciência.

Noites feitas de saudade,
de lembranças, de meiguice...    (1º lugar Nova Friburgo em 1967)
-- Tão curtas na mocidade
e tão longas na velhice!

Um colibri, com doçura,
fez seu ninho num jardim...       (1º lugar em Três Rios/RJ - 1978)
um castelo de ternura
num punhado de capim!...

Ela acendeu, por chalaça,       (Menção Especial em Rio Novo/MG - 1997)
na noite de São João,
uma fogueira na praça
e outra no meu coração!

No mundo farto de escolhos,
criança que pobre veio,
mama as lágrimas que os olhos
da mãe derramam no seio!

Quem dá flores com freqüência,
para alegrar sofredores,
guarda nas mãos toda a essência
que se desprende das flores!

A velhice é para mim
contraste nesta jornada:
- Meu corpo chegando ao fim,
minha alma em plena alvorada!

A ESCOLA é uma luz na treva,                    (M. Honrosa B. Piraí 1975)
é um clarão de amor fecundo...
Quem se ilumina se eleva
aos próprios olhos do mundo!

Ela passa, e o seu perfume
deixa um rastro na calçada
E eu morrendo de ciúme
finjo que não sinto nada!

Ninguém sabe, nesta lida,
onde a surpresa é mais forte:
se nos mistérios da vida
ou nos segredos da morte!

Amanheço, contemplando
essa beleza sem par.
do ouro do sol enfeitando
as águas verdes do mar!

Quando a nossa mocidade
vai-se embora, tristemente,
é que a sombra da saudade
passa a ser sombra da gente!

Eu comparo o meu carinho
quando embalo a neta amada,
ao pôr-do-sol, de mansinho,
embalando a madrugada!

Num constante desafio
vão medindo os seus valores,      (1º lugar em Pouso Alegre - 1976)
a fúria do mar bravio
e a calma dos pescadores!

Em noites de serenata,
a lua, lá no horizonte,
é uma coroa de prata
que o céu ostenta na fronte!

O mundo farto de escolhos,
descuidado em seus desvelos,
tingiu de roxo os meus olhos
e de prata os meus cabelos!

A bondade é um sábio meio          (2º lugar em Maringá - 1977)
de ajudar-se e de ajudar:
"Quem enxuga o pranto alheio
não tem tempo de chorar"!

ALGUMAS DE BOM HUMOR...

Sempre vazio o plenário...
Não tem jeito, não há meio...
- "Agora é o nosso salário!"
E o plenário ficou cheio!

Vou mandar fazer, mulata,
numa oficina de artista,
duas sandálias de prata
para os seus pés de sambista!