Américo Falcão

Américo Augusto de Sousa Falcão nasceu na praia de Lucena/PB, em 11.02.1880, filho de Mariano de Souza Falcão e D. Deolinda Zeferina de Carvalho Falcão. Advogado e jornalista.  Faleceu em João Pessoa em 09.04.1942.Publicou os seguintes livros:  Auras Parahybanas, Praias, Náufragos, Visões de Outrora, Rosa de Alençon e Soluços de Realejo.


(Meus Irmãos, os Trovadores, trova 138)
Não há tristeza no mundo  
que se compare à tristeza
dos olhos de um moribundo
fitando uma vela acesa...

(Meus Irmãos, os Trovadores, trova 02)
Meu amor por ti (que mágoa!)
se evaporou de repente,
tal se fosse um pingo d'água
caido num ferro quente...

(Meus Irmãos, os Trovadores, trova 269)
Do mundo é tão negra a face,
há nele tantos abrolhos,
que a criança quando nasce
já traz o pranto nos olhos.

(Meus Irmãos, os Trovadores, trova 779)
Teu olhar ao dar comigo
tem o fulgor que consola,
da alegria de um mendigo
quando recebe uma esmola!

 (Meus Irmãos, os Trovadores, trova 1264)
Recordar cenas da vida,
que já se foi não convém...
Não gosto de abrir ferida
no coração de ninguém!

(Meus Irmãos, os Trovadores, trova 1991)
Sobes?... A glória te enleva...
Mas vê que tudo é ilusão...
A poeira também se eleva,
mas volta de novo ao chão! 

No mundo a ventura é pouca.
Onde o prazer? Onde a calma?
O riso é o pano de boca
dos dramas pungentes da alma.

Meus versos, meus tristes versos,
cheios de mágoas e treva,
são vagos sonhos dispersos,
areias que o vento leva...

Teu olhar ao dar comigo
tem o fulgor que consola,
da alegria de ummendigo
quando recebe uma esmola!

Rimas são cantos dispersos
de nautas por sobre as águas...
Quem sabe entender meus versos,
conhece todas as mágoas!

Que a mágoa meus versos tisne...
O poeta... (um sonho, talvez...)
devia ser como o cisne:
cantar somente uma vez.