Chico Xavier, a Trova e Eu

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(texto de José Fabiano, mineirim de Uberaba)

Chico Xavier, a Trova e eu. 

      Como ignorais, eu me tornei trovador para e por causa do médium Chico Xavier.

      Em 1973, transferi-me com a família, a serviço, para Uberaba, MG, onde nasci. Sou espírita e escolhi minha terra para a transferência, a fim de conviver, pelo menos por um ano, com o Chico.

      O curioso é que realizei, aqui em BH, reunião mediúnica, no final de 1972, para despedir-me dos amigos. Após a mesma, meu filho Ronaldo, então com 17 anos, me disse: “Papai, o senhor vai publicar um livro.” Achei graça, mas anotei a informação.

      Já  em Uberaba, não me lembro por que, comecei a fazer trovas, com o objetivo de as ler para o Chico, durante as “peregrinações” que ele realizava com confreiras e confrades de todo o Brasil. “Peregrinações” eram visitas fraternas a lares de pessoas pobres residentes nas imediações da Comunhão Espírita Cristã.

      Eu era muito cara-de-pau! Intrometia-me entre as confreiras que monopolizavam os dois braços do Chico e a sua companhia, e passava a recitar as trovas que compunha nos dias anteriores. E de tal forma que, às vezes, o Chico dizia, enquanto andava: “Vamos ouvir as trovas do Fabiano.”

      Eis a primeira trova que compus em Uberaba. Estava andando pelo Alto do Fabrício, em janeiro de 1973, quando me veio a trova: 

01
Jesus se deu de tal sorte,
Para deixar-nos libertos,
Que, mesmo enfrentando a morte,
Manteve os braços abertos!   

       Em dias seguintes: 

02
Dá-me, Jesus, outros pés,
Com que acompanhe teus passos,
Para seguir-Te através
Dos Infinitos espaços.  
 

21
Deus me dê a boa sorte
De, no instante da partida,
Ser esperado na morte,
Por quem me esperou na vida! 

100
Há  em mim um campo-santo,
Que ninguém no mundo invade,
Onde derramo meu pranto
Sobre a campa da saudade! 

200
Diferem muito os amores,
Mas não diferem os “ais”.
Há  rosas de várias cores
De espinhos todos iguais.  

      Imaginai a minha perplexidade ante o fato de eu, que jamais fizera trovas em tal quantidade, testemunhar a torrente de versos que me chegavam à cabeça diariamente!

      O tempo foi passando, e eu, acumulando as trovas recitadas para o Chico, até que (igualmente não recordo o motivo), ele me disse, em outubro de 1973, que selecionasse as trovas que eu já fizera e as levasse para que espíritos amigos escolhessem as cem melhores para publicação.

      Já  se passaram 36 anos, mas encontro, nas anotações realizadas na época, o seguinte: Fiz 386 trovas, das quais selecionei 238, das quais foram selecionadas 100 para o “Peregrinando...”, seleção terminada em 06/10/1973, pelo Chico.

      Observai: 386 trovas em praticamente 9 meses, o que dá 42 trovas por mês, mais de uma por dia.

      O Chico na noite da seleção interrompeu a reunião que estava sendo realizada na Comunhão Espírita Cristã e me convidou para ir até a sala particular onde realizava psicografias de receitas homeopáticas, entre outras tarefas. Ao adentrar, ele me disse: “Fabiano, estão aqui o Dr. Bezerra de Menezes (1831 – 1900), Casimiro Cunha (1880 – 1914) e outros poetas, que vão nos ajudar na escolha das trovas.”

      Acontecera que, em meados de 1973, em reunião mediúnica em minha residência, espírito amigo me disse: “Qual o quê! Você foi poeta pornográfico!”

     Não estarei sendo fanático, concluir, juntando os fatos:

     a) minha transferência por um ano para Uberaba;

     b) a previsão do meu filho Ronaldo, em 1972;

c) as trovas espiritualistas que me invadiam e que eu recitava para o Chico;

    d) o favor que ele me fez na preparação do meu primeiro livro “Peregrinando...”;

           e) a informação de algo do meu passado delituoso

      me levam a concluir que a Poesia e especialmente a Trova, na presente encarnação, é oportunidade que Deus está me dando de resgatar, sem sofrimento, erros e faltas praticados em passadas existências.

           Como não ser espírita e reencarnacionista em face dos fatos relatados e de outros que tenho testemunhado ao longo dos meus 81 anos?

           Voltarei ao assunto, se me for permitido, em próximos trabalhos. 

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      JOSÉ FABIANO, hoje, possui, não um mas... cerca de duas dezenas de livros editados.