Daniel de Carvalho - Nova Friburgo

       DANIEL DE CARVALHO  nasceu em Alagoas, filho de Crisanto do N. Carvalho e Paula N. Carvalho. Médico e Oficial da Marinha. Era radicado em Nova Friburgo.

Amanhece. A névoa fina
vai aos poucos se extingüindo...    
(1º lugar em Friburgo - 1968) 
e o sol, varrendo a neblina,
mostra Friburgo... sorrindo!

Deixe-a, aos poucos, tombar!
Nem toque-a, tão graciosa!        (3º lugar, Três Rios - 1976)
Traz remorsos desfolhar
a beleza de uma rosa!

Rotina... é sempre este beijo    (11º lugar Nova Friburgo - 1976)
que me dás ao me encontrar,
sem a sombra de um desejo,
sem vontade de beijar!

 

Nesse meu triste destino
de rogar ao céu em vão,
meu lamento é um velho sino     (Nova Friburgo - 1981)
tangendo na solidão!

Vaqueiro, quando o teu grito
longo ecoa nas quebradas,       (Fortaleza - 1982)
Deus responde do infinito,
no mugido das boiadas!

Quando a tarde aos poucos desce,     (1º lugar em Maricá - 1983)
no crepúsculo que enleia,
soluça o mar sua prece,
neste altar branco de areia!

Ao final do nosso enredo,      (18º lugar Friburgo - 1983)
indago, triste e covarde,
se tu chegaste mais cedo
ou fui eu quem chegou tarde!

Aquele espelho na sala,
bem reflete o meu desgosto,   
(M. Especial RJ, 1983)
pois nele a saudade fala
pelas rugas do meu rosto.

Lágrima pura, irisada,
que na vida amarga existes,    (M. Especial RJ, 1983)
tens brilho de madrugada,
numa noite de olhos tristes.

Em Friburgo, entardecendo,
o sol quase se apagando,
a terra é um Altar se erguendo      (11º lugar Friburgo - 1984)
e a névoa o incenso queimando!

Friburgo em festa de cores,
ao sol vivo que a ilumina,
surge, sorrindo entre as flores,      (12º lugar Friburgo - 1984)
quando se rompe a neblina!

Nessa existência sofrida,
em busca sempre do além,     (Nova Friburgo - 1988)
sonho é a mentira da vida,
mais bela que a vida tem!

Fico a ver se ouço teus passos
quando estás para chegar,
que um só momento em teus braços
paga a pena de esperar!

Ventura? Não creias nela.
Na vida existe somente
a leve presença dela
nos sonhos de toda gente.

Creio que julgo direito
quando penso angustiado:
Como é que Deus, tão perfeito,
fez um mundo tão errado?

HUMORÍSTICA

Na macumba, o Zé Vicente,           (S. Bernardo do Campo - 1980)
com a viúva, bem lambido,
viu o tempo ficar quente,
ao baixar o falecido!