Élbea Priscila de Souza e Silva

         ÉLBEA PRISCILA DE SOUSA E SILVA, nascida em Piquete em um ensolarado 16 de janeiro de 1942, filha do Seo Elpídio e de Dona Beatriz, e domiciliada em Caçapava, onde construiu toda sua vida ao lado do "muso" Rubens, é uma das mais talentosas literatas valeparaibanas, seja na prosa, seja no verso. Trovadora respeitadíssima nos quatro cantos do país. 

.  Recebeu, no dia 14 de abril de 2022, o título de "Cidadã Caçapavense. 

 

Se a guerra foi declarada         (Vencedora em Pinda  2011)
e é poderoso o oponente,
faze da astúcia aliada,
que astúcia é força da mente!

- Quem de astúcia é mais capaz?    (M. E.  em Pinda 2011)
Num concurso singular,
vence a mulher, Satanás
fica em segundo lugar!

Com as palavras esgrima,                           (Menção Especial em Pinda 2011)
me estoca e brada: Touché!...
Astúcia é a matéria-prima
da qual emergiu você!

Em meu peito, sorrateira,                  Vencedora em Pinda 2010)

a saudade se detém,

fincando a sua bandeira,

já que a terra é de ninguém !

 

Já tive família e nome,                         (Vencedora em Pinda 2010)

posição...luxo também,

mas, de mim fiz um pronome

indefinido: ninguém!

Às suas falas dispense
o respeito mais profundo,
que o silêncio nos pertence               (Menção Especial em Niterói - 2010)
mas a palavra é do mundo.

A tristeza,sim,me arrasa...                            (Vencedora em Pinda 2009)
expulsá-la de que jeito,
se é marca de ferro em brasa,
indelével no meu peito!?

Dispenso festas, mantenho                        (co-vencedora em São Paulo - 2008)
com elas pouca amizade,
pois quem tem o amor que eu tenho
só pensa em privacidade...

Do peito tranco o portão                             (co-vencedora São Paulo - 2008)
por sofrer e em desagravo
penduro nele a inscrição:
- Cuidado1 Coração bravo!!!

Com extrema sutileza,                     (Menção Honrosa  Pinda - 2008)
vertendo mel nas amarras,
a sedução faz a presa
se aprazer em suas garras.

A escolha do par perfeito,
farei nesta... em qualquer vida,        (7º lugar Nova Friburgo - 2008)     
ao resgatar de outro peito,
minha metade perdida!

Só tu, penumbra que invades                          (Venc. Niterói 2007)
meu quarto, sem cerimônia,
sabes de quantas saudades
se compõe a minha insônia!

Tão comuns em nossa esfera           (Vencedora   Pinda  -  2007)
que aos tropeços se conduz,
trevas são salas de espera
onde aguardamos a LUZ!

Pertenço a um tempo em que flores,        (M. Especial Nova Friburgo - 2007)
donas de próprias linguagens,
apadrinhavam amores
com perfumadas mensagens...

Xeque-mate, sem saída,
me entrego, todo humildade,                    (Vencedora em Pedralva - 2007)
se o tabuleiro é o da vida,
se o contendor é a saudade...

Adeus! A sentença triste                        (M. Honrosa Niterói - 2006)
minha vida desalinha,
e a saudade, dedo em riste,
vem dizer que a culpa é minha!

Alegre, meiga, estouvada,                            (Venc. Taubaté 2006)
em constante movimento,
tão inconseqüente e amada,
a brisa é a infância do vento...

Bem aqui na banda esquerda
do meu peito há uma inscrição:               (Menção Honrosa Pinda - 2006)
"Cansado de tanta perda
foi-se embora um coração".

Ao redor deles se agrupam             (Menção Honrosa  Pouso Alegre/MG - 2006) 
o mundo, risos e achaques,
porém... relógios se ocupam
apenas de tique-taques...

Ela passa se sorrio,
se choro vai, nem me vê:                                 (Vencedora Pinda - 2005)

desconfio que este rio
tem muito a ver com você!

Moleque feliz, sadio,
nadando em tua água fria,                    (Menção Honrosa Pinda - 2005)
acreditei, velho rio,
que eu nunca envelheceria...

Agitado ou não, valente,                       (Menção Especial em Pinda 2005)
radiante, às vezes sombrio,
tens por meta o sonho à frente:
- Coração... teu nome é rio!

Não me bastasse a poeirenta                      (Menção Especial Niterói - 2004)
e dura trilha que faço,
vem a saudade e acrescenta
mais um fardo em meu cansaço...

É o trabalho um aliado
no caminho para a luz:                                 (Venc. São Paulo-2004)
encare-o como um cajado,
jamais o transforme em cruz!

Minha angústia, aprisionada,
num grito agudo se solta                             (Venc. São Paulo-2004)
e um eco, só por caçoada,
traz-me esse grito de volta!

Quando a natureza, insano,                 (Vencedora Pinda - 2004)
degrada a seu bel-prazer,
o chamado ser humano
humano deixa de ser!

Quem criou a Natureza,            (Menção Honrosa Pinda - 2004)
obra-prima de arte pura,
deixou que a mão da beleza
lhe forjasse a assinatura...

A Humanidade atracada                   (Menção Especial em Pinda 2004)
ao seu orgulho e avareza
agride o meio e degrada
sua própria natureza...

Prantos, lamentos, gemidos... (Menção Especial Pinda - 2003)
ecos que vêm até nós...
são gritos dos excluídos
de que a dor é porta-voz!

Aquela amiga, a saudade,                     (Menção Especial em Pinda 2002)
ah, quantas vezes descarto,
pois, cheia de intimidade,
só quer dormir no meu quarto...

Embora dela me esquive,                                (Vencedora Pinda - 2002)
a saudade, tão ladina,
tem manhas de detetive
e me espreita em cada esquina...

Vencido... todo humilhado,                   (Menção Honrosa Pinda - 2002)
meu coração se destranca
e entregando-se à saudade,
desfralda a bandeira branca!

Quando a saudade aguilhoa                    (Menção Especial Niterói - 2002)
meu peito, a voz da razão
diz, baixinho: -- Vai... perdoa...
Mas a altivez grita: --Não!

Uma caixa de surpresas,
baú de contradições,                                (7º lugar em Nova Friburgo 2002)
meu coração tem certezas
cercadas de indecisões

Nossa antiga foto presa
na moldura sem verniz                            (9º lugar em Nova Friburgo 2002)
hoje é a única certeza
de que um dia eu fui feliz!

No meu Natal é rotina
deixar tudo no "capricho":             (Menção Honrosa Garibaldi/RS - 2002)
no peito faço faxina
e jogo as mágoas no lixo!

Numa visita diária
a um coração em carência,                              (Vencedora Pinda - 2001)                
a saudade solidária
tenta suprir tua ausência...

Quero agarrar o presente,
mantê-lo à força, ao meu lado...                (Menção Especial - Pinda 2000)
E ele se esvai... De repente,
presente já é passado!

A distância bem que tenta              (MH Bandeirantes 1999)
retardar minha chegada,
e parece que acrescenta
mais quilômetros na estrada...

Frio, cruel e arrogante,
O mal na discórdia aposta            (Menção Especial Pinda - 1998)
e o mundo beligerante
Está "como o diabo gosta".

O beijo da chuva fria
no chão, ressequido e ardente,
num milagre, propicia
o germinar da semente.
 

Teu prato esfria na mesa,
olho o relógio, me apresso;
na varanda a luz acesa
espera, em vão, teu regresso... 

Minhas mágoas disciplino
com a força da oração:
tenho um médico divino
que jamais deixa o plantão!

Na mais franca intimidade,
desta volúpia à mercê,
perdemos a identidade:
quem sou eu, quem é você?

HUMORÍSTICAS

A banda toca um dobrado
e a multidão se eletriza,
mas mantém o olhar colado          (8º lugar Nova Friburgo - 2011)
no “shortinho” da baliza !

 – Meu genro prêmios conquista         (Menção Especial Nova Friburgo - 2008)
em nossa Feira Anual.
- Ele é grande pecuarista?
Não... um perfeito animal!

 

 - Esta pimenta é de cheiro?     (Menção Especial Nova Friburgo - 2007)
Pergunta com azedume,
e o garçom fala ligeiro:
- Se não é... boto perfume!!!

 

--Eu era um burro, doutor,                   (Menção Honrosa Garibaldi/RS - 2002)
que pesadelo medonho!
E o médico, gozador:
-- Tens certeza que era um sonho?...

Aquele tomate ousado
diz à alface bem amada:                   (1°lugar em Humor - Magé 2006)
-- Nosso encontro está marcado
às seis... na mesma salada!

De assombração tenho medo,
da morte, então, quem não tem?          (M. Especial Ribeirão Preto - 2003) 
Vou te contar um segredo:
quando era vivo... eu, também!