Elíade Mont'alverne

     ELÍADE MONT'ALVERNE nasceu no Rio de Janeiro. Faleceu em Santos, em fevereiro de 1999.

Final de vida... o moinho              (co-vencedora em Niterói - 1980)
do destino, a se deter,
vai... parando... de mansinho!...             
- Não há mais o que moer!

A força às vezes se rende                           (10º lugar em Sete Lagoas - 1980)
diante da astúcia fina:
A visão do sol depende
dos caprichos da neblina...

Depois de um "amor-perfeito",
cultivo a "saudade", agora:                     (XIII Salão Campista de Trovas - 1983)
- não me parece direito
jogar a saudade fora!

Velho tempo, acalma o passo!          (co-vencedora em Niterói - 1985)
Pára um bocado, descansa!
Espera... enquanto eu refaço
minha carga de esperança!

Seu olhar, bruxo brejeiro,           (Menção Especial em Juiz de Fora - 1990)
tem meu voto inquisidor:
- condeno esse feiticeiro
ao fogo do meu amor.

Na lucidez que ainda resta,
vejo bem claro, a amargar,
que a mocidade é uma festa       (covencedora em Barra do Piraí - 1990)
onde já não posso entrar.

Se às vezes, rompendo a calma                    (Niterói 1993)
do espaço, há gritos demais,
há, mesmo retidos na alma ,
silêncios que gritam mais.

Mil gritos erram no espaço                         (Niterói 1993)
no desespero dos sós ...
mas depois chega o cansaço
e os ecos gritam por nós .

O amor, os sonhos que passam,
são meus, bem sei, não me iludo,                       (Niterói 1995)
mas tens nas mãos que me enlaçam
o domínio disso tudo.

Tragédia! Naufraga o barco
do nosso amor... e depois
fica o pranto, como um marco                       (Barra do Piraí - 1995) 
dos destroços de nós dois.