Eugênia Maria Rodrigues - Rio Novo/MG

    EUGÊNIA MARIA RODRIGUES,  
nascida em Rio Novo/MG, no dia 13 de outubro de 1946, filha de Carivaldo Rodrigues Vicente e Lady Cerqueira Rodrigues Vicente, extraordinária  poetisa falecida em setembro de 2003, é dessas pessoas que, ao partir, alguém precisaria levantar uma estátua para ela em sua cidade ou dar a um logradouro público o seu nome. Por anos e anos, sabe Deus com que esforços, tirando até de seus parcos vencimentos de professora primária aposentada, realizou inúmeros concursos de trovas em Rio Novo, durante os quais recebia poetas de vários estados brasileiros. O nome de Rio Novo foi levado para todos os quadrantes do país. No entanto, ao buscarmos na Internet, nada encontramos da Eugênia, o que nos motivou a escrever para a Câmara Municipal de Rio Novo, no sentido de reverter esse quadro.
 

ESPERA = primeiríssimo lugar em Nova Friburgo em 2003)
Eu te quero às escondidas,
e, se essa espera durar,
te esperarei quantas vidas
for necessário esperar!

 

Se um tanto de amor te resta,    (7º lugar Nova Friburgo – 2003)
meu amor, podes voltar,
pois vale a espera da festa
que os meus olhos querem dar!

 

(Campeã do Intersedes Nacional 2001)
Anjo de Deus, abre as asas!      
Há poucas “luzes” acesas:
o crime visita as casas
porque a fome ronda as mesas.

 

Esquece o orgulho, a vaidade!
Busque um mundo mais perfeito,   
(1º lugar Goianá/MG - 2000)
que a semente da bondade
pede espaço no seu peito.

 

Se a fome vem e anuncia
um dia a mais aos tristonhos,       (M.Honrosa Niterói 2000)
delírios de um bóia-fria
enchem marmitas de sonhos!

 

Num compasso sempre aflito,        (M.Honrosa Niterói 2000)
meu coração sonhador
teme que julguem delito
nossos delírios de amor!...

 

À espera dos teus regressos    (Vencedora Barra do Piraí – 1999)
e arraigada à fantasia,
beijo os teus lábios impressos
naquela taça vazia.

 

Porque a vida não tem fim,       (M. Honrosa Pinda 1997)
num gesto puro e bonito,
Luiz Otávio , num jardim,
planta trovas no Infinito.

 

Na vida, nossas estradas
não sejam caminhos vãos:     
(M. Honrosa Guaxupé - 1997)

caminhemos de mãos dadas
mas sem algemas nas mãos!

 

(considerada uma das cinco trovas mais criativas de 1996)

A vida monta e desmonta

meus castelos, tudo enfim,         (Vencedora Niterói – 1996)

e o “Reino do Faz-de-Conta”

vai dando conta de mim!

 

A injustiça e o mal reinantes      (M. Especial Niterói – 1996)

levam-me sempre a protestos

porque o Reino dos farsantes

cresce mais que o dos honestos!

 

Eu lanço aqui meus protestos     (M. Honrosa Niterói – 1994)

pelo mundo e suas falhas:

perfis de homens ‘honestos”

que escondem rostos canalhas!

 

Dia-a-dia o tempo avança!
Minha alma em seus descompassos    (Vencedora Valença/RJ – 1993)
é sempre a mesma criança
tentando os primeiros passos!...

 

Se o mundo me quer tristonho,    (14º lugar Friburgo – 1992)
à emoção peço guarida :
pego o alasão do meu sonho
e solto as rédeas da vida!...

 

Envelheci! Não faz mal,
porque meus sonhos revivo:    (M. Honrosa Barra do Piraí-1992)
ontem fui cartão postal,
hoje foto em negativo!...

 

Se, com os tristes, te importas,       (Venc. Rio Novo 1991)
se queres dias risonhos,
coração, abre as comportas
e inunda o mundo de sonhos!

  

Meu coração não tem jeito:
esquecendo os seus cansaços    
(M. Honrosa Rio Novo - 1991)

foge aos poucos do meu peito
e corre atrás dos teus passos!

 

Camuflando a dor no olhar,
vou vivendo assim, sozinho,       
(9º lugar Amparo/SP - 1991)

como a fonte a deslizar
sobre as pedras do caminho!

 

Fui, dentre tantas mulheres,                (Vencedora Valença/RJ - 1991)
a que mais te fez feliz,
e mentes que não me queres,
e eu minto que não te quis!

 

Embora este adeus me fira,            (M. Honrosa Valença - 1991)
dizendo que eu não te quis,
vou, de mentira em
mentira
,
sonhando que fui feliz!

 

Poeta, sonhe à vontade,
se ter seu Reino deseja:
Quem tem sonho é Majestade,   (co-vencedora Rio de Janeiro-1991)
por mais humilde que seja !

 

Sempre só e abandonado,   (Campeão do Intersedes Nacional - 1990)
sou, de modo angustiante,
um troféu empoeirado,
perdido em qualquer estante.

 

Destino, parece incrível,
minha carta apaixonada
pode ter letra legível
que entregas em porta errada!    (co-vencedora São Paulo – 1989)


Ouço, mãe, nos teus arranjos,
se estás teu filho a embalar,          (1º lugar em Natal/RN - 1986)
a serenata dos anjos,
fazendo um anjo sonhar...

 

Coração  amargurado,
não te quero ressentido:
o perdão para ser dado     
(Manhumirim/MG)

não precisa ser pedido!

 

Meu coração sofreu tanto,
no amor foi tão explorado,
que há um aviso em cada canto:
- GARIMPO DESATIVADO!

 

Rugas não são desenganos
pois não me causa desgosto     
(M. Especial Porto Alegre - 1987)

a viagem onde os anos
fazem turismo em meu rosto!

 

Meu desejo é que o destino    (Vencedora Juiz de Fora – 1987)
me afaste deste tumulto:
o sonho me faz menino
e a vida me quer adulto!

 

Na vida é bom que prossigas     (M. Honrosa Niterói – 1987)

crendo em novos amanhãs

porque há sempre mãos amigas

chamando as tuas de irmãs!   

 

Aceno - 1987   (1º lugar em Nova Friburgo)
Partiste sem um aceno
multiplicando os meus ais:
Não quis teu mundo pequeno
meu sonho grande demais!

 

Na vida firma teu passo,
na derrota não insistas:
quem dá adeus ao fracasso   
(M. Honrosa Nova Friburgo-1987)

acena a novas conquistas!

 

Amor, talvez eu consiga,       (7º lugar Nova Friburgo - 1986)
fingindo não te querer,
esquecer "nossa"
cantiga
,
se a saudade me esquecer!

Ouça, menina, um conselho:         (1º lugar em Fortaleza - 1986)
(você que o negro repele!)
o sangue é sempre
vermelho,
pouco importa a cor da pele!

 

Se lembro a infância querida,    (M. Honrosa Nova Friburgo - 1986)
uma ternura me invade,
e ouço a
cantiga
da vida
na vida desta saudade!

 

Lembro os brinquedos da infância   (16º lugar Nova Friburgo – 1985)
e uma ternura me invade:
tão perdidos na distância,
tão presentes na saudade...

 

Desfez-se nossa união!
Neste adeus inconsequente,    (M. Honrosa Porto Alegre-1985)
perdidos na solidão
somos metades... somente!

 

Os meus amigos contei:
um...três...dez...cem...até mais.    (M. Especial Bandeirantes – 1978)
Mas, lealdade encontrei
em dois somente: meus pais!

 

 Bendize a ESCOLA, criança,    (Vencedora Barra do Piraí – 1975)
pois ela, ao Bem, te conduz:
- É celeiro de esperança!
- É uma centelha de luz !


 

Em versos, vivo a cantar       (M. Honrosa Barra do Piraí – 1975)
o valor que a ESCOLA tem:
é força a nos apontar
o caminho para o Bem !

 

Ama a ESCOLA que te abriga      (M. Honrosa Barra do Piraí – 1975)
e que te ensina a viver !
Ela é como a fonte amiga:
- mata a sede do saber!