Ieda Lucimar - Nova Friburgo

     IEDA LUCIMAR MASTRANGELO CORRÊA: escritora, jornalista, teatróloga, Juíza de Direito. Foi presidente da UBT, seção de Nova Friburgo. Vários livros publicados.

Vida que sempre ensinais,      (Nova Friburgo, 1987)
deusa potente que sois,
fazei que o meu "nunca mais"
tenha o sabor de um "depois"!

Nas nossas vidas amantes      (Nova Friburgo, 1987)
a minha história se lê,
dividida toda em antes
ou em depois de você!

O sonho talvez fugisse
da Humanidade descrente,      (Nova Friburgo, 1987)
se um "depois" não existisse
na vida de tanta gente!

Meu peito é casa vazia,
onde a incerteza, covarde,      (Nova Friburgo, 1983)
bane a esperança do dia
achando sempre que é tarde...

Não meça nunca o tormento      (Nova Friburgo, 1981)
pelo clamor mais pungente:
- Meu bem... o pior lamento
morre no leito... Silente!

Outro cigarro... e a fumaça      (Nova Friburgo, 1980)
dançando em meu devaneio,
lembra a mágoa que não passa,
lembra você... que não veio!

No leito de amor tão farto,      (Nova Friburgo, 1978)
mesmo o dia mais cinzento
põe luzes dentro do quarto,
brilhando em cada momento.

Palmilhando os descaminhos,      (Nova Friburgo, 1975)
eu me cansei na viagem:
Mendigo de mil carinhos,
mil recusas na bagagem...

Nada adianta tua escusa!      (Nova Friburgo, 1975)
Cada não é novo ensejo:
- Vou, de recusa em recusa,
escalalando o teu desejo!

Teu desdém, naquele adeus,      (Nova Friburgo, 1975)
fez-me este ser que padece,
tão infeliz, que até Deus
recusou a minha prece!

Contam meus olhos vermelhos      (Nova Friburgo, 1975)
que sofro, à tua passagem...
São teus olhos dois espelhos
que recusam minha imagem!...

Toda mulher se concentre      (Nova Friburgo, 1973)
nesta glória desmedida...
de ter no altar do seu ventre
o amanhã de nova vida!

Nesta eterna sinfonia
de amanhãs, o grande mal     (Nova Friburgo, 1973)
é esperar, a cada dia,
o som do acorde final!...

O amanhã não tem direito
de truncar nossos caminhos...     (Nova Friburgo, 1973)
como pode o amor perfeito
medrar por entre os espinhos?...

Não peças perdão agora,
nem me fites de olhar triste:
- Regressa quem foi embora...
Tu, daqui, nunca partiste...

Volto à casa que é tão sua,
buscando amor em seus braços,
e até as pedras da rua
já reconhecem meus passos!