11 - CEM TROVAS DE ESPERANÇA

                    I JOGOS FLORAIS de POUSO ALEGRE
                           (extraído do site www.jgaraujo.com.br)

Introdução de Luiz Otávio

     Por ocasião do II Congresso Nacional de Trovadores, em setembro de 1960, na  cidade  de São Paulo, encontrei-me  com  o  velho  amigo  Jorge  Beltrão,  diretor da  Faculdade  de Direito do Sul de Minas e presidente da Arcádia de Pouso  Alegre. Naquela oportunidade  o referido  amigo,  que além de Juiz de Direito  e  professor, é  também, poeta e  trovador, gentilmente convidou-me, em  nome  da Faculdade de Direito, para fazer uma palestra sobre "A Justiça  e a Trova"  e,  em  nome  da  Arcádia,  para  ajudá-la  a  organizar  os I Jogos Florais  de  Pouso  Alegre.  Ponderei  que,  em  relação  ao  primeiro   convite - muito  honroso  para  mim -  teria antes de pensar bem, em face ao tema que me  era  proposto, e,  com  referência  ao  segundo  convite,  devido  a muitos  compromissos  assumidos  anteriormente,  sugeria  que  convidasse  outro trovador  que  era  também  seu  conhecido  e  trabalha num grande jornal carioca; - este, se aceitasse o convite, - poderia ser o responsável pelo concurso de trovas e eu estava pronto para cooperar. Posteriormente, aceitei a incumbência da palestra na Faculdade de Direito do Sul de Minas e fui à cidade de Pouso Alegre onde, carinhosamente recebido pronunciei algumas despretensiosas palavras sobre a Justiça e a Trova. E, devido à não aceitação do trovador que eu havia indicado para supervisionar o Concurso de Trovas dos I JOGOS FLORAIS DE POUSO ALEGRE, resolvi então aceitar esta outra honrosa incumbência. Conversei com Jorge Beltrão sobre alguns pontos do concurso, dos prêmios e festas, e, ao voltar para o Rio, comecei a trabalhar. Escolhemos o “tema” para o Concurso de trovas, que foi
“Esperança” e consegui que o vespertino “A NOITE” (do Rio de Janeiro) patrocinasse a iniciativa publicando as trovas selecionadas semanalmente.

O poeta e jornalista Lincoln de Souza foi o nosso “padrinho” na obtenção do apoio daquele jornal. A Comissão selecionadora de trovas era composta dos  poetas Augusta Campos, Baptista Nunes. Delmar Barrão, Helio C. Teixeira e Luiz Otávio. Para a Classificação Final do concurso esses nomes foram acrescidos dos seguintes escritores e poetas: Álvaro Moreyra, Helena Ferraz (Álvaro Armando), J. G. de Araujo Jorge, João Felício dos Santos, Murilo Araujo, Nilo Aparecida Pinto, Heitor Gurgel (pela “A Noite”), Waldemar Cavalcante, Lucílio Teixeira de Castro, Dinah Carvalho de Paula, do Rio; e de Pouso Alegre: Jorge Beltrão. Francisco Casceli, Maria Auxiliadora Meyer Pires, Geraldo Clemente Andrade, Lecyr Pereira da Silva e Inácio
Loiola Engelman.

     Semanalmente, eram selecionadas cinco trovas que vinham com um pseudônimo e sobrecarta para identificação, e, das cinqüenta semifinalistas foram escolhidas. - por um sistema de pontos - as dez primeiras e dez –  menções honrosas. O poeta português, radicado no Brasil, - José Maria Machado de Araujo, foi o grande vitorioso nos I Jogos Florais de Pouso Alegre, pois obteve o 1.°, 5.°, 11.°, 16.° e 19.° lugar. O trovador mineiro Colbert Rangel Coelho,
foi o que obteve o maior número de trovas semifinalistas: 13 quadras. O jovem trovador potiguar - Aparício Fernandes - foi o vice-campeão, e ainda obteve menção honrosa.

      Trovadores de várias cidades do Brasil foram classificados:
de Santos - Walter Waeny Júnior;                                                       
de Pouso Alegre: Alfredo de Castro e Geraldo Pimenta de Moraes;
de São Paulo: Orlando Brito;                                                                
de Campos: Denancy Melo Anomal;                                                    
de Fortaleza: Otacílio de Azevedo;                                                        
de Juiz de Fora: Dinarte Barbosa Armond;
                                           
e uma percentagem maior do Rio de Janeiro, o que é perfeitamente compreensível, por ter sido desta cidade, o jornal patrocinador, pela maior população e, também, porque, no momento, há um maior interesse por esse gênero aqui no Estado da Guanabara. Além dos já citados, moram no Rio de Janeiro: Maria José Barcelos Cerqueira, Archimimo Lapagesse, Lincoln de Souza, Edgard B. Cerqueira, Jorge Murad, Célia Cavalcanti, Oldemar Lima de Andrade, Frazão Teixeira e Zalkind Piatigorsky.

     Desejo esclarecer que as vinte primeiras trovas do presente livro estão dispostas pela ordem da classificação mas, as restantes, não obedecem ao mesmo critério. Foram aproveitadas no livro trovas que não tinham entrado em julgamento, por chegarem fora do prazo. Observo, ainda, que a escolha das oitenta quadras que completam o tomo foi feita apenas pelos dois organizadores da Coleção Trovadores Brasileiros, não cabendo, pois, a
responsabilidade aqueles componentes das Comissões Julgadoras.

     Como quase sempre acontece em Concursos literários, há os descontentes, os inconformados e até mesmo os complexados e levianos. Que se divirja do resultado que reflete a média de opinião de um conjunto de pessoas, é coisa compreensível pois, também, os votos individuais de cada membro da Comissão Julgadora divergem entre si. Assim, o prezado leitor, ou qualquer concorrente, tem plena liberdade de gostar mais da trova que foi colocada no 2.° lugar ou no 5.° ou em 20.° e, assim, achar que essa ou aquela quadra
- no seu modo de pensar - deveria ser a primeira colocada. O que não é justo, no entanto, o que demonstra leviandade, falta de ética e, às vezes, outros péssimos defeitos que não convém citar, é alguém - candidato ou não, levantar suspeitas contra a honestidade de uma Comissão formada de pessoas dignas, merecedoras de todo o respeito e que não têm o interesse subalterno de que esse ou aquele candidato seja o vencedor. Houve, depois de apresentada a classificação final do concurso de trovas dos I Jogos Florais de Pouso Alegre, uma acusação dessas, leviana e torpe. partida de um bajulador e complexado, e, agasalhada por um recalcado, nas páginas de um grande diário carioca. esse que agasalhou as infundadas e não comprovadas acusações, era justamente o elemento que eu indicara a Jorge
Beltrão para supervisionar o Concurso.

     Geralmente, essas desconfianças e acusações partem justamente dos mais medíocres e daqueles que seriam capazes de agir do modo pelo qual nos acusam de ter agido. A tola e
infundada acusação resumia-se apenas no seguinte: dos trovadores  colocados nos 20 primeiros lugares, a maioria pertence ao Grêmio Brasileiro de Trovadores. Ignorava, talvez, o acusador, que da Comissão final, formada de 21 membros, somente seis pertenciam ao referido Grêmio, que muitos de nós seis, pertencentes ao Grêmio votamos em trovas de autores que não pertencem ao nosso quadro de sócios. Cito, por exemplo, o meu
caso pessoal, pois votei para primeiro lugar numa trova (que obteve a terceira colocação) e que pertence a uma pessoa que não conhecia e ainda não conheço. Esta declaração não constitui segredo, pois tenho exposto, publicamente, os mapas de julgamento das Comissões que organizo. Qualquer pessoa - concorrente ou não - pode tomar conhecimento dos votos de todos os juízes, o que comprova a nossa intenção de agirmos às claras, com rigorosa imparcialidade e honestidade Que não precisamos - nós do Grêmio Brasileiro de Trovadores de ter elementos nossos nas Comissões  julgadoras para vencermos - é um fato facilmente comprovável.

     Nos II Jogos Florais de Friburgo, por exemplo, cuja Comissão Julgadora final era formada de 14 juízes, não tínhamos nenhum sócio da Guanabara e apenas, um de Friburgo. E conseguimos obter mais de 50% das colocações entre as 20 primeiras trovas colocadas. Num recente Concurso de trovas, na cidade de Santos, cuja Comissão não tinha nenhum elemento de nosso
Grêmio, obtivemos também mais de 50% das colocações. Não temos culpa se em nosso Quadro de sócios existam bons trovadores que gostam de concorrer aos concursos de Trovas e neles obtenham êxito. Os nossos acusadores sabem muito bem disso: de nossa honestidade e do valor do nosso Grêmio. O que pretendem é lançar a confusão, a desconfiança naqueles que, concorrendo com honestidade e ética, não sabem que - infelizmente - há esses elementos perniciosos que, não podendo elevar-se pelo seu valor próprio, procuram atirar pedras nos que, com lealdade e com merecimento, conseguem obter o que eles tanto invejam.

     Aproveitamos para agradecer a cooperação da Arcádia de Pouso Alegre, seu presidente - Dr. Jorge Beltrão e seus companheiros; ao vespertino "A Noite"; aos membros das Comissões Julgadoras e de Festejos; aos que ofereceram plaquetas e Medalhas como prêmios, na cidade de Pouso Alegre: Posto Chevrolet de João Valle Filho, Casa Andare, S. A. Fábrica de Produtos Alimentícios Vigor, Metalúrgica Mariola S. A., Sapataria Ideal, Pastifício Chiarini, Francisco Fernández & Cia., Casa Narciso, do Pastifício Confiança, Livraria Avenida. No Rio: às Editoras e Livrarias que ofertaram vários livros para prêmios: Liv. Guanabara, Liv. Francisco Alves, Casa Editora Vecchi, Livraria Freitas Bastos, Editora Pongetti, Livraria Briguiet, Livraria S. José. Aos poetas: Durval Mendonça, Lilinha Fernandes, Lincoln de Souza, Brasil dos Reis, Eno Teodoro Wanke, Mario Linhares, Heraldo Lisboa, que também ofereceram seus livros.

Desejamos fazer uma referência especial à inteligente e graciosa Srta. Maria Eunice Santos Duarte, que foi a Musa dos I Jogos Florais de Pouso Alegre.

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100 TROVAS  sobre a  “ESPERANÇA”
Dos I JOGOS FLORAIS de POUSO ALEGRE

1 .º lugar
Neste mundo que nos cansa
tanta maldade se vê,
que a gente tem esperança
mas já nem sabe de quê...
( José Maria Machado de Araujo - Rio) 

2.º lugar                                   3.º lugar
Pensando, na tarde calma,               Culpada de minha dor,           
logo me ocorre à lembrança               foi a esperança, Maria.           
     que a própria vida tem alma,               Leu nos  meus olhos - amor           
    e a alma da vida é a esperança!               em vez de ler simpatia.                       
               ( Aparício Fernandes - Rio)                     ( Maria José Barcellos Cerqueira Rio)        

4.º lugar                                  5.º lugar
N'alma, a esperança reflete               Transformaste num instante     
    uma risonha mentira,               o meu mundo pequenino...
pois é o que a vida promete               - Uma esperança é o bastante
em troca do que nos tira...               para mudar um destino!        
(Walther Waeny Junior - Santos -SP )                    (José Maria Machado de Araujo - Rio)            

6.º lugar                                  7.º lugar
A Esperança se revela               No porto dos meus anseios
  em cousa bem natural:              esperanças são navios,         
      um sapato na janela               que de manhã partem cheios
numa noite de Natal!               e à tarde voltam vazios...  
( Archimimo Lapagesse - Rio)                   ( Orlando Brito - São Paulo - SP)     

8.º lugar                                   9.º lugar
No verdor da mocidade,               Há muito mais esperança
quanta esperança entretive!               segundo o meu evangelho,      
  Agora tenho saudade               numa lágrima de criança
das esperanças que tive!               que num sorriso de velho.   
(Alfredo de Castro -Pouso Alegre MG )                    (Colbert Rangel Coelho - Rio )                     

10.º lugar 
Entre o meu pai - já velhinho
e o meu filho - uma criança,
vejo estender-se o caminho
por onde passa a esperança.
(Denancy Mello  Anomal- Campos Est. Rio)  

Menções Honrosas

 11.º lugar
Cabelos brancos... Idade
de enternecida aliança:
o alvorecer da saudade,
e o por-do-sol da esperança...
 (Orlando Brito - São Paulo - SP )

12.º lugar                                   13.º lugar
Podes ser rico e ser nobre,               "Perca a esperança", - disseste.
se a esperança não te assiste,               Cegamente, obedeci.                         
não vejo vida mais pobre,               e tu mesma me trouxeste           
nem vejo sorte mais triste!               a esperança que perdi.                  
(José Maria Machado de Araujo - Rio )                    ( Colbert Rangel Coelho - Rio)                              

14.º lugar                                   15.º lugar
Esperança - céu nublado               Mesmo sendo uma quimera      
no nordeste, os bois ao léu;               a Esperança anima e acalma         
 o sertanejo ajoelhado,               pois ela, enquanto se espera, 
de mãos postas para o céu...               enche de rosas nossa alma!...          
( Jorge Murad - Rio)                    (Lincoln de Souza - Rio )          

16.º lugar                                   17.º lugar
Enquanto as garras do mundo               Infância - um reino encantado         
vão devorando esperanças,               onde reside a esperança.             
Deus - num milagre fecundo,               ...E o tempo acaba o reinado,         
enche o mundo de crianças!               e a vida muda a criança...             
(José Maria Machado de Araujo - Rio)                    ( Aparício Fernandes - Rio)                                

18.º lugar                                   19.º lugar
A esperança é como um sopro               Ganhei a Felicidade                        
de vida, dado por Deus.               dividindo a minha herança:
é o dia, depois da noite,               - dei o Passado à Saudade,
é a volta, depois do adeus.               - dei o Futuro à Esperança!      
 ( Edgar Barcelos Cerqueira - Rio)                    ( José Maria Machado de Araujo - Rio)

20 .º lugar 
Esquecer? Fica a lembrança,
por mais que dela eu me queixe
e vou perdendo a esperança
de que a esperança me deixe...
( Walther Waeny Junior - Santos - SP)  

* * *    
Estas  oitentas trovas,  a  seguir,  escolhidas  entre  as  duas mil e quinhentas, enviadas
para   os   I  Jogos  Florais  de  Pouso Alegre,   não  estão   numeradas  por  ordem   de
classificação. Essa   escolha não  obedeceu  ao  critério  de  aproveitar  semi-finalistas
do concurso, não sendo pois de responsabilidade das Comissões do Rio e de Friburgo,
mas sim, exclusivamente, uma seleção feita por Luiz Otávio e J.G. de Araujo Jorge.

* * *    
  n.21
Podes perder mocidade,
amor, ventura, abastança,
nada perdes, em verdade,
se te ficar a esperança.
 ( Octacílio Azevedo - Ceará)

n.22                                   n.23
Que não seja a tua esmola,               Esperança - nordestino                 
vazia de coração;               numa cerca debruçado,
a esperança mais consola               contemplando, sol a pino,            
do que um pedaço de pão.               o verdejante roçado.                    
(Célia Cavalcante - Rio)                    ( Oldemar Andrade - Rio)               

n.24                                  n.25
é sina dos sonhadores             A dor de tua partida,     
ter esperança e cantar!               que não sai da lembrança,
- De que valem mil amores               já me levou mais que a vida:
sem esta ânsia de esperar?               levou-me toda esperança!      
(Aparício Fernandes - Rio )                    (Frazão Teixeira -Rio)               

n.26                                  n. 27
Esperança: o nosso ninho,               Esperança - chama acesa      
pobre, sim... mas com bonança.              no coração a brilhar.                    
  Eu e tu... Nosso filhinho...              quando ela morrer, a tristeza
Ah, meu Deus, quanta esperança!               vem tomar o seu lugar.                      
           (Colbert Rangel Coelho -Rio )                    (Dinarte Barbosa Armond - Juiz de Fora )

n.28                                    n.29
Esperança - bem que enleva               A fonte da minha vida                 
nossa vida, no presente;               - o meu  sonhar de criança -
- um raio de luz na treva               não ficou toda perdida...       
  do incerto amanhã da gente.               - Vive um pouco na Esperança...
(Geraldo Pimenta de Moraes - Pouso Alegre )                ( Zalkind Piatigorsky - Rio)                                        

n.30                                     n.31
Quando vai a minha filha,               Não perco a esperança. Trilho
fardadinha e de sacola,               o caminho da bonança.          
    na mão levando cartilha,               Quem tem, como tenho, um filho
vai minha esperança à escola!               sempre há de ter esperança.             
( Oldemar Andrade - Rio)                    (Colbert Rangel Coelho -Rio )    

n.32                                      n.33
Exausto e velho prossigo               Não se destrói, por um nada,
vindo de longa jornada,               a esperança de um menino.
levando ainda comigo               A esperança malograda     
uma esperança cansada...               pode mudar um destino.           
(José Maria Machado de Araujo - Rio )                    ( Edgar Barcelos Cerqueira - Rio)                    

n.34                                      n.35
Quem quiser ver a Esperança               De verde, toda vestida             
olha uma noiva no altar,                de esperança, tu povoas    
fite um rosto de criança,               o vácuo de minha vida      
repare uma mãe rezar!               somente de coisas boas.
     (Severino Uchoa - Aracajú )                    ( Edgar Barcelos Cerqueira - Rio)

n.36                                     n.37
Quando a ventura está morta,               Todos nós temos na vida,      
deixando a dor como herança,               quer seja agitada ou mansa,  
nossa alma se reconforta,               a doce, a terna guarida,  
buscando a luz da esperança!               onde se abriga a esperança!
        (Leonardo Henke - Paraná )                    ( Edna de Castro - Pouso Alegre)

n.38                                    n.39
Quando um bem está perdido               Não existe corda grossa,            
outro nos vem consolar -               não há torcida nem trança,
Esta esperança, querido,               tão forte e que tanto possa,
Deus não me pode negar.               quanto um fio de esperança.
(Maria Carmem Sauer Batista- Rio )                    (Edgar Barcelos Cerqueira - Rio )            

n.40                                    n.41
Trazendo consolo santo               Quanta vez em tristes rotas
às penas do mundo atroz,               tombei sem me ter queixado
Esperança é um acalanto               porque nas minhas derrotas
que Deus canta para nós...               tive a Esperança ao meu lado.
(Orlando Brito - São Paulo )                    (Agmar Murgel Dutra - Rio )         

n.42                                    n.43
Com mágoa de toda a sorte,               Com o verde da natureza
se a velhice nos alcança,                e o sorriso da criança
crendo que há vida na morte,               Deus coloriu a tristeza     
         temos na morte, Esperança.               pondo no mundo a esperança.
(João Batista de Azevedo - Pouso Alegre )                    ( Natal Machado - Brasília)                    

n.44                                   n.45
Não sei se foi por maldade,               Vive o pobre de esperança,
não sei se foi por vingança:               e nessa espera é feliz.         
        mataram a minha saudade...               Mais pobre é aquele que alcança
roubaram minha esperança...               na vida tudo o que quis...       
             (Anis Murad - Rio )                    ( Orlando Brito - São Paulo)

n.46                                    n.47
Mãe que traz uma criança               Tens em teus olhos traidores     
nas entranhas do seu ser,               promessa que não se alcança;
carrega a própria esperança               enquanto há quem venda amores,
no filho que vai nascer.                mercadejas a esperança !      
           ( Anis Murad - Rio)                   ( Edgar Barcelos Cerqueira - Rio )

n.48                                    n.49
Alô!... Quem fala?... Esperança?...               Esperança, triste fado             
- Um momento!... Vou chamar!...               de um coração descontente,
-Esperei... - pobre criança               é o futuro antecipado
que envelheceu a esperar!...               numa dúvida presente.  
                  ( Anis Murad - Rio)                    ( Natal Machado - Brasília)

n.50                                    n.51
Esperança - rasga o arado               A Esperança corre, voa,
       o sulco da sementeira...               mas deixa por onde passa,
  No casebre, pobre, honrado,               uma impressão suave e boa:
         uma Santa Padroeira...               de paz, de amor e de graça.
              ( Edgar Barcelos Cerqueira - Rio )                     (Manoelita Amorim Meyer - Pouso Alegre )

n.52                                    n.53
Esperança é aquela estrela               Há muita gente na vida
         de verde luz envolvida,               que a felicidade alcança,
          a cintilar, pura e bela,               não por ter sorte florida,
                no céu escuro da vida.               mas por viver de Esperança!
                 ( Lúcia Lobo Fadigas - Rio)                    ( Antonieta Borges Alves - São Paulo)
 
n.54                                    n.55
         Na vida tudo se alcança,               Cansado estou da esperança,
quando a Esperança se tem!...               cansado estou do meu ser!...
Porém se morre a Esperança,               Da própria vida que cansa,   
             a vida morre também.               vivendo assim - sem viver!...
(A..B.Lopes Ribeiro - B.Horizonte )                    ( Anis Murad - Rio)                           

n.56                                    n.57
A esquina daquela rua               Quem confia na Esperança
em que te esperei, querida,               de certo não considera               
    tem uma coisa que é tua:               que o maior bem que se alcança
   minha esperança perdida.               só vem quando não se espera!...
(Natal Machado - Brasília )                    ( Archimimo Lapagesse - Rio)

n.58                                    n.59
A esperança é voz do Além               Esperança - voam aves...      
  que nesta vida nos guia.               Galhos, cascas flutuando...
Sem este amparo ninguém               Colombo comanda as naves
    às mágoas sobrevivia.               cheias de nautas cantando.
(Ana Rolão Preto M. Abano - Angola )                    ( Adalberto Dutra de Resende - Paraná)  

n.60                                    n.61
No tédio de minha vida               Desde o tempo de criança
de emoções vazia e nua,               - de ingênua colegial -       
só me torna comovida               fiz de ti minha esperança
a Esperança de ser tua...               e só tenho esse fanal.           
( Vera Milward de Carvalho - Caxambu)                    ( Ariete Regina de Paula Fernandes - Rio)     

n.62                                    n.63
Quando minha alma sentida               Esperança - benfazeja         
nesta vida nada alcança,               visão de um doce porvir
     inda me resta na vida               - algo bom que se deseja
- graças a Deus ! - a esperança!               que pode vir ou não vir.               
       (Rodolfo Coelho Cavalcanti - Salvador )                    ( Geraldo Pimenta de Moraes _ Pouso Alegre)

n.64                                     n.65
Tendo a esperança consigo,               "Quem espera sempre alcança!..."
- minha razão é quem diz -               - Esperar por quem ?... Por quê?...
até o próprio mendigo               Se a derradeira esperança,    
é um desgraçado feliz.               morreu também com você!...
( Ariete Regina de Paula Fernandes - Rio)                    (Anis Murad - Rio )                                                       

n.66                                     n.67
Mistério que nos sustenta,               Ai, do pobre, sem carinhos,
quando a vida fere e cansa...               cuja dor se vê na face,            
- Quanto maior a tormenta,               se no meio dos espinhos,     
maior também a esperança.               a esperança não brilhasse...
     (Zalkind Piatigorsky - Rio )                    ( Virgilio Guerreiro - São Paulo)

n.68                                     n.69
Quando a minha trova lerdes,               A Esperança é a voz divina    
             tereis plena segurança,               que a alma da gente acalanta;
de que eu pus nuns olhos verdes,               nesta terra pequenina                
a minha eterna esperança.               nenhuma voz a suplanta.
(Antonieta Borges Alves - São Paulo )                    (Odete Donah - Belo Horizonte )        

n.70                                    n.71
O verbo "AMAR", conjugado,               Recolhi-me à paz da prece...      
tem dois tempos, assegurado:               E veio a consolação.                  
a saudade - que é o passado,               Nova esperança me aquece...
a esperança - que é o futuro...               Outras saudades virão...           
                      (Jorge Murad - Rio )                    ( Esther Carmem Sauer Baptista - Rio)

n.72                                     n.73
Onde a esperança?... Eu explico:              Nasceu a felicidade                        
    - Ela está no fiapinho               da mais sublime aliança:
que as aves levam no bico,               um pouquinho de saudade   
quando estão fazendo ninho!...               e um punhado de esperança     
(Archimimo Lapagesse - Rio )                    ( Irací do Nascimento e Silva )

n.74                                     n.75
Nasci pobre e, na pobreza,              Na vida prossigo a pé       
desconheci a abastança...               minha jornada não cansa:
Mas sempre tive a riqueza              de provisão - levo a Fé;     
      de possuir a esperança.               de lenitivo - a Esperança...
( Antonio Martins - Piranguçu)                    (João Vicente da Costa - Rio )

n.76                                     n.77
   A esperança é o quem-me-dera,               Por que é verdade a esperança?...    
o Deus-te-ouça, a oração;               Se todo o mundo soubesse...
une a vida ao que se espera,                 - É que, por mais que se espere, 
como um traço de união.               ela nunca amadurece...        
(Edgar Barcelos Cerqueira - Rio )                    ( Pe. Belchior D'Athayde - Bahia)        

n.78                                     n.79
Penso em ti. Mas a esperança,               Se eu perdesse, de repente,   
de ver-te minha, se trunca:               tudo o que a vida me deu,
- Meu sonho sempre te alcança,               tendo a Esperança, somente,    
mas eu não te alcanço nunca.               - bem pouco perdera eu!...    
(Cesídio Ambrogi - Taubaté )                    ( Waldemar Soares Carneiro)

n.80                                     n.81
Pelos caminhos da vida,               Adeus sonho, adeus quimera     
ora aflitiva, ora mansa,               que se busca e não se alcança.
guiou-me sempre a querida,               Prender ilusões - quem dera!           
a bendita luz da esperança.               Ao menos fica, Esperança!             
(Nelo Filipi - Mogi das Cruzes )                    ( Jorge de Faria Goes - Salvador)              

n.82                                     n.83
Por muito amar-te perdi                Quando contemplo à tardinha,
metade de minha vida;               vindo da escola, as crianças,
e agora perco, esperando,               sinto que o ocaso  alvorece        
a outra metade, querida...               nesse arrebol de esperanças.    
(Olímpio da Cruz S. Coutinho - Ubá )                    ( Maria Rosa Maciel - Minas)                             

n.84                                     n.85
Aguardo, espero com ânsia;               Agora, sei por que vives              
minha vida é esperar...               alegre, mesmo sofrendo;      
e contra toda a esperança               aprendi muito contigo:               
continuarei a te amar!...               de Esperança estou vivendo.
(Maria do Carmo Mendes -Resende Costa - MG )                    ( Cira Martins Guimarães - Sete Lagoas)                             

n.86                                     n.87
Na miragem da esperança               Quando a dor nos desespera,
que todo mundo procura,               a Esperança nos mantém     
é que a gente ainda alcança               engambelados, à espera           
          um farrapo de ventura!               de algo que, às vezes, não vem!
       (Felix Aires - Rio )                    ( Antonio Bastos Dias - Rio)

n.88                                      n.89
Ante a inclemência dos fados               Todo bem, toda alegria,                 
da vida em cada revés...              que neste mundo se alcança,
Consolo dos desgraçados!               são juros de economia               
- Esperança é o que tu és!...               guardado pela Esperança.            
(Honório Santana - Salvador )                    ( Severino Uchoa - Aracajú)                  

n.90                                      n.91
Minha esperança, você               Eu te olhei e me mostraste,
já está ficando velhinha.               na mão direita, a aliança.     
Já é vovó dos meus sonhos!               - Tu pensas que me afastaste,   
Mas sempre bem queridinha!               mas só me deste esperança...       
(M.Aparecida Meyer Pires Resende - BH )                    ( Heraldo Lisboa - Trajano de Moraes)               

n.92                                     n.93
Se a Esperança escasseasse,               Esperança e, simplesmente
      de que você viveria?               um sentimento perjuro:
- Se ela é a chama que o aquece               são mentiras no presente...        
dia e noite, noite e dia...               desenganos no futuro...
(Cira Martins Guimarães - Sete Lagoas )                    ( Lectícia Pires Rangel Coelho - Rio)       

n.94                                      n.95
          Numa era de baixesa,               "Sempre alcança, quem espera"
num mundo de podridão,               - é o que todo mundo diz -    
a esperança  é a tocha acesa               ai meu Deus, como eu quisera    
que trago no coração.               esperar e ser feliz!           
( Luiz Evandro Inocêncio - Rio)                    (Odete Donah - Belo Horizonte )       

n.96                                      n.97
Não é fácil conceberdes               Eu não possuo riqueza,
de que a esperança é capaz:               fui pobre desde criança!      
- mentirosa de olhos verdes,               Mas dentro desta pobreza  
promete e nem sempre faz...                sou rica... tenho Esperança !
(Bittencourt de Sá - Rio )                    ( Adalzira Bittencourt - Rio)

n.98                                      n.99
De flores tão enfeitada,               Das perdidas esperanças
loiros cabelos em trança               a pior foi a primeira;         
Neste esquife azul , deitada,               pois deixo-me as alianças       
vai toda a minha Esperança.               e levou-me a companheira.     
(Maria José Fortes Braga - Juiz de Fora )                    ( Natal Machado - Brasília )                           

n.100
Esperança, isto se chama
e a todo instante acontece:
uma carta... um telegrama...
um meigo olhar... uma prece...
(Mauro Barbosa Armond - Juiz de Fora )

                   Imagem removida.                
in
 Coleção “Trovadores Brasileiros”
Organização de Luiz Otávio e
J.G. de Araujo Jorge
Editora Vecchi – 1959