ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO, segundo ela mesma: "Nasci em São Paulo em 23 de dezembro de 1930. Meu pai se chamava Vicente Themudo Lessa Junior, e minha mãe Aleth Camargo Themudo Lessa. Estudei no Mackenzie, e depois me formei em piano, que sempre estudei, e fiz a Escola de Jornalismo Casper Líbero. Lecionei pouco tempo no conservatorio, aula de harmonia. Deixei de escrever durante uns vinte anos, porque gostava mais da música. Enfim, me dei melhor escrevendo, até que conheci a UBT, se bem que achei que não daria, porque eu só fazia poesia livre. Mas, tudo deu certo."
NOTA DO SITE = Deu certo, e como! As trovas, abaixo, falam por si!
(notem que a autora, com exceção das reticências, não usa pontuação ao final das trovas..)
Em momentos exaltados (2º lugar em Nova Friburgo - 2011)
sem poder falar e agir,
o silencio dá recados
que poucos sabem ouvir
Nas armadilhas da vida (M. Especial: 14º lugar, Nova Friburgo - 2011)
às vezes, o amor mais lindo,
dá seu recado, e em seguida,
manda um outro, desmentindo
As mentiras bem montadas (M. Honrosa: 9º lugar Nova Friburgo - 2010)
que me dizes com prazer,
são algemas desgastadas
que eu teimo em não desprender
Se dissesses, na partida,
fica... me escuta... Por mim, (Venc. BH 2004)
mesmo com alma ferida,
eu teria dito sim
O que eu fiz de mais errado
nos meus momentos instáveis, ("Desabafo' - M.Honrosa Amparo 2000)
foi não ter desabafado
tantas mágoas reparáveis...
No quarto, vazio agora,
nosso velho cobertor
cobre as mentiras que outrora ( Venc. Niterói 1999)
foram delírios de amor...
Meus pequenos descendentes, (Venc. Clube Português sP 1999)
podendo ajudar, ajudo.
Protejo e rego as sementes,
que o berço é berço de tudo
Brigas de amor têm segredos,
e eu juro que me comovo
ouvindo os nós dos teus dedos (Venc. Niterói 1997)
batendo à porta de novo...
Nas nossas vidas truncadas,
juntos, sem sonhos nem crença, (M. Honrosa Guaxupé 1997)
mãos dadas, ou separadas,
já não fazem diferença...
Para o poeta, é verdade,
os temas não são problema... (7º lugar Nova Friburgo - 1995)
o amor, o sonho e a saudade
cabem sempre em qualquer tema
Tiro, escondo, torno a pô-lo (Conc. SP 1994)
na carteira, e ninguém vê
que esse retrato é um consolo
que eu guardo, não sei por quê...
Uma ficou sobre a mesa:
a dos sós... nem nome tinha... (co-vencedora em Rio Novo/MG - 1994)
E eu descobri, com tristeza,
que essa medalha era a minha!
Depois de encher nosso quarto (Venc. Elos Clube SP 1992)
desse gozo em que se esmera,
você parte, e eu me reparto
nos delírios de outra espera.
Vai o rei para o combate, (1º lugar Concurso Nacional Intersedes 1988)
cercado de proteção
e, às vezes, o xeque-mate
é dado por um peão.
Quando um grande amor se afasta
deixa uma nota escondida
na canção que o vento arrasta
nas folhas secas da vida
Letras feias, mal impressas,
e o descuido peculiar
de quem, convidando às pressas,
sabe que eu não vou faltar...
Se essa estrada que foi nossa
dividiu-se, não destruas
nenhum atalho que possa
juntar outra vez, as duas...
Noites frias, inclementes,
sopro a vela, penso em ti,
e durmo nas cinzas quentes
do amor que eu nunca esqueci
Brigamos,mas a saudade,
inconformada, ergue a chama
nos abajures de jade
que guardavam nossa cama
O jardim, feito em meandros
é o teu refúgio e o lugar
onde meus olhos malandros
não cansam de te espreitar
Fui lembrar nosso namoro,
e pelo jardim, os gnomos
juntaram-se a mim no coro
das lembranças do que fomos
Não podendo compreendê-las,
apaguei as fantasias,
sem saber que eram estrelas
nas minhas noites vazias
Meu destino é um desatento
marinheiro em fantasias,
baixa as velas quando há vento,
e a solta nas calmarias
O amor tem alguns caminhos
bem surpreendentes, por certo,
teima em juntar dois sozinhos
mas deixa um terceiro perto...
Quase inverno... sem escolhas
eu vejo o outono passar
levando as últimas folhas
que teimam em me abraçar
Meu sonho é ilusão ligeira
que achando a fresta perdida,
faz a dança da poeira
nos raios de sol da vida...
Tua sombra é um sonho triste
num grotão sem claridade
onde uma fonte resiste
molhando o chão de saudade
Meus sonhos em revoada
foram-se embora, e eu me sinto
andorinha desgarrada
no meu verão quase extinto
Num sorriso, e sem aviso,
eu te espero, e quem me dera
desta vez o meu sorriso
continuasse além da espera...
Fim de festa, e o beijo dado
com tanto amor, tanta classe,
já pertencia ao passado
antes que a luz se apagasse
Achas estranho, eu suponho,
não te abraçar, mas me assombra
não ver nas sombras do sonho
nem sombra da tua sombra...
Por enquanto, eu te proponho,
antes de tudo acabado,
sentir se é verdade ou sonho
que nos prende lado a lado
Uma ficou sobre a mesa,
a dos sós, nem nome tinha...
e eu descobri com tristeza
que essa medalha era minha...
Entre nós não há mais nada,
mas ante a prova de fogo,
saudade é carta marcada
que acaba ganhando o jogo
Caminhando sem alento,
num jogo de vai não vai,
eu me sinto folha ao vento
que não se importa onde cai
Brigas de amor, passageiros
momentos de exaltação,
que deixaam dois travesseiros
aconchegando o perdão
Indiferente partiste,
sem adeus, nem emoção,
sem remorso, e o que é mais triste,
nem sentiste o meu perdão
Vens de volta, tão suave,
vem, procura a mesma porta,
se o tempo entortou a chave,
o coração desentorta
Meus lábios emudeceram
e os teus olhos com meiguice,
mansamente se envolveram
nas palavras que eu não disse
Quando eu chego, e estás ausente,
te espero, rendendo culto
a uma penumbra indulgente
que geometriza o teu vulto
Deixei teu retrato exposto
sob a luz, bem junto ao leito,
e a saudade do teu rosto
fez espelho do meu peito
As horas em nossos mundos
são tão poucas e tão belas,
que o ponteiro dos segundos
vive correndo atrás delas
Nas folhas dos meus cadernos
versos de amor dizem tudo:
no estilo são tão modernos
quão velhos no conteúdo
Partiste, e em meu grande anseio
continuo a procurar
a mensagem que não veio
e a que eu não pude mandar
Embora me desaponte,
a vida, de vez em quando,
faz com que além do horizonte
exista alguém me esperando
Guardei teu beijo, e ao guardá-lo,
guardei também a impressão
de ter vivido o intervalo
entre a espera e a solidão
O amor em suas veredas
deixa a razão em fiapos:
começa rasganddo sedas,
e acaba juntando os trapos
Revivendo meus espinhos
fiz descoberta assombrosa,
nunca vieram sozinhos,
trouxeram sempre uma rosa
vivi tantos temporais,
uns reais, outros à toa,
que hoje quando dão sinais,
eu vejo apenas garoa
Nas lembranças que eu retenho
uma especial sobrevoa,
e esse perfil que eu desenho
traz sempre a mesma pessoa
Se encontras caminhos falhos
na busca do amor de alguém,
o coração tem atalhos
que nenhum mapa contém
Nas leis com que nos afagam
a confusão é tamanha,
que todos sabem que pagam
mas ninguém sabe quem ganha
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HUMORÍSTICAS
Irmão gêmeo, desligado,
só viu que errou de pijama, (M. Honrosa em Curitiba - 2010)
quando acordou, assustado,
com a cunhada na cama.
Mulher, o que é que te faz (co-vencedora em Sete Lagoas - 2007)
ir cozinhar no vizinho?
– É que lá tem fogo a gás,
sobe a chama rapidinho...
A dentadura escorrega,
mas depois de muito estudo, (co-vencedora UBT SP - 2006)
agora, em vez de corega,
ele passa cola-tudo.
No jantar, foi fim de papo
quando a esnobe tão segura (co-vencedora UBT SP - 2006)
foi atrás do guardanapo
que levou-lhe a dentadura.
Preciso de um tratamento,
um remédio que me ajude (co-vencedora UBT SP - 2005)
a não sofrer com o aumento
do meu plano de saúde.
Vai o trambiqueiro à igreja (8º lugar em Noa Friburgo - 1997)
e reza, benzendo os crentes:
Que a boa fé sempre esteja
ao lado dos meus clientes...
A festa já estava brega
quando a ilustre convidada, (Menção Especial em Ribeirão Preto - 1994)
gingando a saia de prega,
escorrega e cai sentada!
Não quis te assustar, de fato, (Menção Especial S.Paulo 1991)
nem causar esse desmaio.
Vi o frango inteiro em teu prato,
então gritei: "Papagaio"!!!
"Há uma loura acompanhando
seu marido o dia inteiro..." (3º lugar Nova Friburgo 1989)
- Pois vai acabar cansando...
O meu marido é carteiro!
Gastou no terno e gravata
todo o dinheiro que tinha.
Que frustração, pois a gata
só queria a camisinha
Pergunta em sã criancice
quando a visita aparece:
com que bicho o papai disse
que essa mulher se parece?
Quantos anos dá pra mim?
diz vaidosa, e com desdém,
o galã responde assim:
já não chegam os que tem?
Ante os preços, toma um porre,
e a quem lhe diz que isso é um erro,
responde que só não morre
por não ter grana pro enterro