ARGEMIRA FERNANDES MARCONDES
filha de José Ramos Marcondes e Madalena Fernandes de Faria, nasceu em Natividade da Serra, que é torrão natal também de Cesídio Ambrogi, num dia 15 de dezembro. Pessoa extremamente humilde e introvertida, mal pode imaginar, quem a vê, o senso de humor brejeiro de que é dotada. Trovadora mais premiada de Taubaté nas últimas décadas. Ocupa a cadeira nº 30 da Academia Taubateana de Letras.
Sufocando o que eu sentia, (Venc. Pindamonhangaba 2015)
temeroso eu nada fiz,
fui covarde e a covardia
me impediu de ser feliz.
Vivo feliz minha vida
num lar pobre, mas decente. (Venc. Taubaté 2015)
Em minha família unida
sinto Deus sempre presente.
Disfarço a minha tristeza,
assim como os meus fracassos, (Menção Esp. Pindamonhangaba 2012)
pois tenho a plena certeza
de tua volta aos meus braços.
Teu retrato pendurado
na parede à minha frente, (1º lugar I Concurso “Falando de Trova 2011)
me faz voltar ao passado (Tema “Saudade”)
sem que eu saia do presente.
Talvez, pela minha crença,
meu Senhor me deu a graça, (6º lugar Caicó/RN – 2009)
de sentir sua presença
na brisa mansa que passa.
Perde a paz o raciocínio,
não consegue se conter,
quem se abandona ao domínio (Venc. Pindamonhangaba 2008)
da sedução do poder.
Por ganância muitos negam (Menção Honrosa Pindamonhangaba 2008)
seu lado bom, verdadeiro
e sem caráter se entregam
à sedução do dinheiro.
Os descansos nas estradas, (Venc. Taubaté 2008)
do café o doce cheiro,
o luar nas madrugadas,
são lembranças de um tropeiro.
Hoje eu quase me acabei
de tristeza e de ansiedade. (Maranguape 2008)
Por pouco não me afoguei
ao mergulhar na saudade.
O homem, pelo poder,
perde o rumo, sai da linha,
não percebe ou não quer ver (Menção Esp. Pindamonhangaba 2007)
que para as Trevas caminha.
Por tantas mágoas, vencida, (Menção Honrosa Pindamonhangaba 2005)
com meu coração vazio,
me sinto pedra perdida
no fundo leito de um rio.
Passando por tantas crises, (2° lugar Colégio João Btª. Mattos 2005)
vencendo tristeza e dor,
ainda somos felizes
em nosso ninho de amor.
Sem alegria no rosto,
mas para espantar o pranto,
tento esquecer meu desgosto (2° lugar Pouso Alegre 2003)
cantando, triste, mas canto.
Chuva amiga, seja breve,
pedir-lhe angustiada, eu venho, (M. Especial Porto Alegre 2003)
o meu barraco não leve
pois ele é tudo o que eu tenho.
A certeza que há em mim,
que me alegra e consolida (M. Especial Pirapetinga 2003)
é que a morte não é o fim
mas o começo da vida.
Para não se ver omissa,
com tantos injustiçados
é que a estátua da Justiça
tem os seus olhos vendados.
À minha sogra querida, (Vencedora em Jambeiro – 2002)
meu carinho e gratidão:
foi ela que deu a vida
a quem dei meu coração.
Temendo a desilusão,
fugi da felicidade
e agora, em meu coração, (Menção Esp. Pindamonhangaba 2002)
não encontro nem saudade.
Aos poucos vão se acalmando (Venc. Pindamonhangaba 2001)
minha tristeza e ansiedade,
e o tempo vai transformando
a tua ausência em saudade.
A mentira é uma afronta, (Venc. Pindamonhangaba 1999)
começa pequena, leve...
Quando a gente se dá conta
já virou bola de neve.
No falar, sou indeciso
mas isso não é ruim
porque sempre que preciso (Menção Honrosa Pindamonhangaba 1997)
a trova fala por mim.
Se da mesa me levanto
com a fome saciada,
peço perdão por ter tanto,
quantos tantos não têm nada.
Mesmo que a fé nos conforte
nesta vida de agonia,
é preciso um ombro forte
para a cruz do dia-a-dia.
Em teus braços recupero
a minha serenidade;
és refúgio quando quero
fugir da realidade.
“Sou perigosa e impulsiva”
aviso, assim, o ladrão
que vive na expectativa
de roubar meu coração!
HUMORÍSTICAS:
Na idade estou afundado
e o peso eu sinto no lombo, (4º lugar Ribeirão Preto - 2012)
por mais que eu tenha cuidado
cada tropeço é um tombo.
Meu sogro me deixa tonta, (3º lugar Ribeirão Preto - 2011)
sua conversa me esgota,
cem por cento do que conta,
noventa e nove é lorota.
Enganei, não me arrependo, (M. Honrosa Pindamonhangaba 2011)
pois venci, hoje ele é meu.
Que ninguém fique sabendo
mas minha astúcia valeu.
Num concurso em Madureira, (2º lugar Maranguape - 2010)
ele foi participar,
mas falou tanta besteira
que a Rádio saiu do ar.
Sempre criticando alguém (Maranguape 2008)
essa cabecinha oca,
parece até que ela tem
a língua maior que a boca.
Ela me faz de tamanco,
sua beleza me pasma,
só que o meu saldo no banco (Vencedora Curitiba 2006)
está virando fantasma.
Nem todo dia se come,
é a miséria das misérias, (Menção Especial Magé 2005)
mas enquanto eu tenho fome,
o meu fogão tira férias.
O bebum saiu do bar
num tremendo fogaréu (Menção Especial Clube Pinheiros SP 2004)
e no xadrez foi parar
por exibir seu ‘Troféu”!
Levando um coice da mula, (Vencedora Bandeirantes 2004)
minha sogra se mandou.
A mulinha nem calcula
o galho que me quebrou!
Os assaltantes, em três,
fugiram, vendo o espantalho. (Menção Honrosa Bandeirantes 2004)
Foi essa a primeira vez
que a sogra quebrou meu galho!
Quando chove é aquele drama,
minha casa é uma peneira, (Menção Especial Porto Alegre, 2003)
durmo debaixo da cama
para fugir da goteira.
Meu amor, muito contente, (Venc. Taubaté 2003 - humorística)
deu-me a notícia na cama:
“mamãe vem morar co’a gente!”.
Desabei. Sentiu o drama?
Minha madrasta é maluca,
só meu pai é que não saca (Menção Especial Pouso Alegre 2001)
que ela está ruim da cuca,
de louca já chega a vaca.
Esse seu jeito boboca
faz o clima ficar "russo",
assim você me provoca,
não suspiro, mas soluço...
A minha pressão subiu
e eu fiquei até corada,
quando meu bem descobriu
a minha agenda lotada!
Fazendo cooper no asfalto
e dando uma escorregada,
a sogra caiu no salto,
então, caí na risada.
Toda manhã, no portão,
aguardo a sua passagem;
pra não chamar atenção,
finjo curtir a paisagem.