Celso Brant, o Homem, o Poeta e o Prosador

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(texto de José Fabiano, mineirim de Uberaba)

Celso Brant – O Homem, o Poeta e o Prosador

 

O HOMEM

     Nasceu em Diamantina, onde iniciou o curso primário, terminando-o no Grupo Escolar D. Pedro II, em Belo Horizonte. Fez o curso secundário no Colégio Arnaldo e o superior na Faculdade de Direito da UFMG, onde foi professor. Foi secretário particular do Governador Clóvis Salgado e seu chefe de gabinete no Ministério da Educação.

     Ministro da Educação no Governo de Juscelino Kubitscheck, foi eleito Deputado Federal, em 1956 e 1960, sendo cassado pela Ditadura Militar em 1964, pelo Ato Institucional nº 1.

     Em 1989, candidatou-se para a Presidência da República pelo PMN, partido por ele fundado. Foi Secretário do Trabalho, da Assistência Social, da Criança e do Adolescente, de Minas Gerais durante o Governo de Itamar Franco. Liderou o movimento "A Nova Inconfidência", além de escrever semanalmente para vários jornais de todo o Brasil.

Falaceu em Belo Horizonte, no dia 24 de abril de 2004.

Fonte: http://www.celsobrant.pro.br/01-vida.htm

 

Suas obras:

Musicógrafo, poeta e contista, além de jurista publicou os livros: “Poesia Ameríndia”, “Fatores genéticos da literatura”, “A arte e a vida”, “A arte e a religião”, “A saudade em outras terras”, “A música na Inglaterra”, “Teoria Geral do Serviço Público”, “ Bach, o quinto evangelista”, “Canção do trabalho obscuro”, “O Estado moderno e o direito internacional”, O bicho-de-pé”, “O conceito da cultura”, “A mobilização Nacional”, “Terceiro mundo, terceiro caminho, terceiro milênio”, “Teologia da Libertação versus Teologia da Submissão”, “Quem tem medo da moratória?”, “Projeto Tiradentes”, “A Nova Inconfidência volumes I e II”,”A Guerra do Golfo Pérsico e o futuro do petróleo no mundo”.

Informação extraída e adaptada da página do MNI - Movimento Nova Inconfidência - http://www.novainconfidencia.com.br

 

Mais obras:

A REVOLUÇÃO BRASILEIRA - Editora da Mobilização Nacional - Celso Brant - 1985 - Livro: 06BrHis0139 - Celso Brant rompeu a "lei do silêncio" imposta a Tiradentes pela Coroa portuguesa, pelos ingleses que se lhe seguiram na dominação e pelos americanos que substituíram os antecessores a partir de 1930. Uma análise da história de grandes homens que pretenderam emancipar o Brasil no decorrer destes dois séculos de silêncio que imobilizaram o Povo e negaram-lhe o direito de ser o protagonista de sua própria História.

Fonte: http://www.livrariasebo.com.br/scripts/catalogo.asp?ItemMenu=BrHis

 

O POETA

 

     Do seu livro de poesia CANÇÃO DO TRABALHO OBSCURO, publicado pela EDITORA ACAIACA, de Belo Horizonte, em 1955:

 

     A poesia é a arte de dizer com as palavras mais do que as palavras querem dizer.

 

 

HARÉM

 

As mulheres,

como as flores,

são mais belas

em buquê.

 

 

TU QUISESTE O MAR

 

Tu quiseste o mar,

e eu aqui o trago,

neste revolutear de ondas

que transformou minh’alma

num arquipélago batido pela

 

A FILOSOFIA

 

A filosofia

é apresentação do homem

a si mesmo.

 

                                                                           fúria do oceano.

 

O ARTISTA

 

O artista é um homem

para o qual o sol

do último dia da criação

ainda não atingiu o ocaso.

 

 

Tu desejaste o céu,

e eu to entrego

neste punhado de estrelas

que arranquei do firmamento

e que haverá de iluminar o teu

         destino.

 

A ARTE

 

A arte está para a vida

como o sonho

está para o sono.

 

 

 

A MULHER

 

A mulher

foi a única lembrança

que o homem trouxe

do Paraíso.

 

Tu, por fim, me pediste o meu

         coração,

e apenas ele, que sempre foi

         teu

eu não te posso dar,

porque é maior que o céu

e mais infinito que o mar.

 

PRAZER E DOR

 

O melhor prazer

é o que é servido

na taça da dor.

 

 

O ARTISTA

 

O artista

é um seresteiro

que acorda

a alma adormecida

das coisas.

 

 

O DESTINO

 

O destino é um livro

que só o Tempo sabe ler.

Diante dele nos inclinamos

como tímidas crianças,

olhamos, espantados,

as suas gravuras,

e adormecemos profundamente...

 

O GÊNIO

 

O gênio

é um atalho

no caminho da História.

 

 

                                                              O PROSADOR

 

                                                                 O mistério

 

     Em essência, tudo é mistério. O que às vezes, nos parece claro e evidente, não é no fundo, senão um mistério que ainda não conseguimos alcançar. Mistério é a música, cuja mensagem de beleza apenas sentimos, sem poder compreender. Mistério é a poesia, em que as palavras significam muito mais do que querem dizer. Mistério é a vida, cuja natureza nos escapa. E mistério é a morte, diante da qual nos permanecemos calados e imóveis, como uma criança vencida pelo terror.

 

     A nossa própria existência é um mistério. Ignoramos por que razão aqui estamos e o que viemos fazer neste mundo. Nada sabemos de nós mesmos, exceto que somos um quase nada na infinita grandeza do universo. A consciência, que nos foi dada não sabemos também porque, em nada nos esclarece e apenas nos enche a alma de uma admiração imensa diante do maravilhoso espetáculo da harmonia cósmica. E se o nosso passado é mistério para nós, mistério também é o futuro que se estende à nossa frente: seria a morte o ponto final da nossa caminhada ou é apenas uma porta através da qual atingiremos um novo mundo? E que significa esse anseio de felicidade que existe em nós se não somos senão pobres crianças abandonadas em um país estranho, sem mãe e sem guia? Como poderíamos encontrar a paz e a tranqüilidade se de todos os lados nos rondam a fome, o infortúnio e a morte? E por que será que temos tanto horror à morte se no fim, ela nos tomará nos seus braços, acalmará os nossos sofrimentos e nos fará dormir um sono sereno e sem sobressalto?

 

    Tudo ignoramos do mundo e trazemos, dentro de nós mesmos, um mistério impenetrável. Que somos, de onde viemos e aonde iremos? Diante destas questões apenas o silêncio é digno. Tudo o que dissermos, não serão senão simples palavras.

 

     Intimamente temos consciência da nossa impotência e sabemos que ninguém nos poderá esclarecer coisa alguma, que a verdade é inatingível, e que no último dia da nossa vida, seremos tão ignorantes quanto na hora do nosso nascimento, pois, no fundo, tudo continuará, eternamente a ser mistério para nós.

 

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JOSÉ FABIANO reside na Barroca, Belo Horizonte. Texto postado em 28.01.2010.