Meu sonho de piá desperto,
nas cinzas tardes de outono,
era laçar, campo aberto,
os ventos chucros, sem dono!...
Calma, meu amigo, calma,
nem tudo é assolação;
às vezes, faz bem à alma,
um pouco de solidão...
Tomo a cruz do meu destino
que me cabe, por missão,
sem deixar o desatino
sobrepujar-me a razão!...
Porto Alegre me sorri,
vestida de multicores...
Não sou natural daqui,
mas tenho aqui meus amores...
Sopra, ó vento, as nuvens rasas,
pelo verde pampa em flor,
transportando em tuas asas
meus sonhos de trovador.
Eu deixo este amor desfeito
e busco novos caminhos,
levando sonhos no peito
e a esperança dos sozinhos!...
Eis a vida! Eis os caminhos...
Na missão de precursores,
o sábio evita os espinhos
e o tolo... pisa nas flores!...
Na minha visão de crítico,
sem fazer conceito novo,
nasce sempre o mau político
da ignorância do povo!
Bebo uisque, vinho, rum,
bebo até cachaça pura.
Não bebo por ser bebum,
mas por gostar da tontura!
Na "madruga" o patrãozinho
vai ao quarto da empregada,
bate à porta e diz baixinho:
- "É o fantasma camarada..."
Da Tribuna, manda o aviso:
- Não roubo por ser ladrão,
tampouco porque preciso,
mas por coceira na mão!
Do bom caminho, 'seu" padre, (Vencedora em Porto Alegre - 2005)
só me desvio um pouquinho,
pois as curvas da comadre
são "trechos" de mau caminho!