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(texto de José Fabiano, mineirim de Uberaba)
O Livro de Ouro da Poesia Universal
30 Séculos de Poesia do Século IX a.C. Até o Século XX
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Seleção, prefácio e notas de:
Ary de Mesquita
Coleção
UNIVERSIDADE
DE BOLSO
EDIOURO
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(1) Musset
“Alfred de Musset, poeta escritor francês, nascido em Paris aos 11 de novembro de 1810, morreu na mesma cidade a 1º de maio de 1857.
Alfred de Musset foi, dos românticos franceses, um dos que mais sofreram a influência dos poetas estrangeiros, e o único a cantar exclusivamente o amor, sob todas as formas e condições. O seu maior mérito está na sinceridade com que narra as próprias emoções, e na profundidade da análise dos sentimentos dolorosos. Algumas das suas produções, como as quatro elegias das Noites, cuja ressonância foi tal que, por muito tempo, se considerou uma obra elegíaca na medida em que ela se aproximava destas, a Carta a Lamartini, À Malibran, contam-se entre as mais belas poesias líricas de todas as literaturas.
Tristeza
(Tradução de Guilherme de Almeida)
Eu perdi minha vida e o alento,
E os amigos, e a intrepidez,
E até mesmo aquela altivez
Que me fez crer no meu talento.
Vi na verdade, certa vez,
A amiga do meu pensamento;
Mas, ao senti-la, num momento
O seu encanto se desfez.
Entretanto, ela é eterna, e aqueles
Que a desprezaram – pobres deles!
Ignoraram tudo talvez.
Por ela Deus se manifesta.
O único bem que ainda me resta
É ter chorado uma ou outra vez.”
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(2) Campoamor
“Ramon de Campoamor, poeta, filósofo e político espanhol, nasceu na vila de Navia, nas Astúrias, a 24 de setembro de 1817, e morreu em Madrid aos 11 de fevereiro de 1901.
Campoamor, apesar da enorme popularidade que gozou, não deixou discípulos, se excetuarmos alguns epígonos de pouca importância.
As Loucas por Amor
(Tradução de Ary de Mesquita)
Eu te amarei, ó Vênus, se quiseres
Que te ame muito tempo e com cordura.
E respondeu-me a deusa com ternura:
Prefiro, como todas as mulheres,
Que me ames pouco tempo e com loucura.”
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Quadras
dos Cantares
(Tradução de Raul Proença)
Causas-me tanto pesar,
Que cheguei a compreender
Que muito me deve amar
Quem tanto me faz sofrer
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Absorto em ti, nesse enleio,
Só no teu amor eu cri,
Mas agora em nada creio
Desde que não creio em ti.
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O mesmo amor elas têm
Do que é morte, a quem as ama:
Vem – se ninguém as chama,
Se alguém as chama não vêm.
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Não te tenho que pagar,
Nem me ficas a dever;
Se eu te ensinei a amar,
Tu me ensinaste a esquecer.
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Quando passas ao meu lado,
Não me olhas, envergonhada,
Não te lembras de mim nada,
Ou te lembras demasiado?
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Louca por mim te afiguras,
Mas escuta os que te advertem
Que não fazes mais loucuras
Que aquelas que te divertem.
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Outrora, no meu desejo,
Mesmo sem olhar te via;
Passou o tempo...e, hoje em dia,
Mesmo a olhar-te não te vejo.
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Que me perdoe o Eterno,
Mas não sei qual é maior,
Se aquela dor do inferno,
Se este inferno de dor.
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Pensando que hei de morrer
A tal desventura chego
Que como um morto me entrego
À alegria de viver.
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Mesmo contente, se vê
Que uma pena em mim se esconde,
Que a sinto não sei bem onde,
E nasce de não sei quê.
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lll = JOSÉ FABIANO é um Big Brother residente em BH, de alma pura e coração voltado para o verbo "amar".