LUIZ DE CARVALHO RABELO nasceu em Natal a 04 de março de 1921, filho de João Batista Ferreira Rabelo e Hercília de Carvalho Rabelo. Fundador e 1º presidente da ATRN - Academia de Trovas do Rio Grande do Norte, é um dos nomes mais proeminentes da literatura de seu Estado, ao lado de Luiz da Câmara Cascudo e outros. No dia 15/04/1980 foi eleito "Príncipe dos Trovadores Potiguares". Suas obras: Meditações - Caicó/RN, 1944; Último Canto - natal/RN, 1950; Rumos - Natal/RN 1953; Caminho dos Mortos - Natal/RN, 1961; Trovas que a Vida me Deu - Natal/RN, 1968; Os Símbolos Inúteis - Natal/RN, 1970; Troval Potiguar - Natal/RN, 1970; Antologia Poética - Natal/RN, 1982.
Faleceu em Natal, no dia 29 de novembro de 1996.
O mártir da Galiléia
esta verdade traduz:
não morre nunca uma idéia,
mesmo pregada na cruz!
Que este consolo recolhas
da existência consumida:
- saudades são verdes folhas
nos secos ramos da vida...
Isto é próprio das mulheres,
não tem quase nem talvez:
– Nem dizes que não me queres,
nem me queres de uma vez...
Jangada, por que navegas?
Ó alma, por que sonhais?
- Perguntas tolas e cegas
que já fiz, não faço mais.
Tem sentido alto e profundo
este provérbio que diz
que não é pobre no mundo,
quem, sendo pobre, é feliz.
Quando a palavra não pode
traduzir a dor da gente,
então a lágrima acode
e diz tudo quanto sente...
Mesmo sem ver-te, Jesus,
minha fé em ti persiste:
- O cego não vê a luz
mas sabe que a luz existe...
Da vida na caminhada,
se o bem fizeres, irmão,
as pedras da tua estrada
em rosas se tornarão...
Tenho a minha alma viúva,
tenho a minha alma molhada,
que a saudade é como a chuva
caindo em terra encharcada...
Tuas mãos... Eram dois lírios,
dois sonhos da mocidade.
- Partiste! E hoje são dois círios
num castiçal de saudade...
Meu doce fim antevejo
nesta glorificação:
- Crucificado em teu beijo,
hei de morrer de paixão...
Da saudade a cor exata,
eu digo com precisão:
- Tem a cor da serenata,
quando geme o violão...
Todo tempo tem seu tempo,
que ao tempo certo convida.
Há tempo de perder tempo,
tempo de ganhar a vida...
Um doce acorde celeste
em nossas almas acordas.
- Violão do meu Nordeste,
quem te pôs alma nas cordas?!...
Velhice... Sombra... Neblinas...
E a certeza deste fado:
- que a vida é um dobrar de esquinas (covencedora em Barra do Piraí - 1990)
pelas ruas do passado...
Velhice - ninho vazio
de um pássaro que voou. (covencedora em Barra do Piraí - 1990)
Um leito seco de rio
onde nem lama ficou...
HUMOR
Do Cornélio, aqui ao lado, (Menção Especial em Resende/RJ - 1985)
o viver é bem inglório:
até no nome o coitado
deixa ver o que é notório!...