Trovas Populares Brasileiras
Quem quiser tomar amores,
Há de ser co’a cozinheira,
Que ela tem os beiços grossos
De lamber a frigideira.
Rsrsrs...
O amor tem vista curta
E vê tudo de feição:
Diz que é pálido o mulato,
Diz que é moreno o carvão.
Rsrsrs...
A Bahia é terra boa,
Como outra mais não há.
Eu gosto dela de longe,
Eu aqui e ela lá...
Rsrsrs...
Lá vai a lua saindo
Por detrás da pimenteira...
Já me dói o céu da boca
De beijar moça solteira.
Rsrsrs...
Caboclo não vai p’ra o céu
Nem que seja rezador.
Quem tem o cabelo duro
Espeta o Nosso Senhor...
Rsrsrs...
Ceará é terra boa,
Mas não é terra p’ra mim.
É que a terra só é boa,
Mas é p’ra gente ruim.
Rsrsrs...
Até menino pequeno
Se consegue desmamar:
Coração acostumado
Não pode deixar de amar.
Rsrsrs...
Nem tudo que ronca é porco,
Nem tudo que berra é bode,
Nem tudo que luz é ouro,
Nem tudo falar se pode.
Rsrsrs...
Não tenho medo de homem
Nem do ronco que ele tem:
O besouro também ronca,
Vai-se-ver, não é ninguém.
Rsrsrs...
Quem ama homem casado
Tem paciência de Jó:
Faz cama, desmancha cama,
Sempre vem a dormir só.
Rsrsrs...
Para amar e possuir,
É preciso não ter medo:
Custei a me resolver,
Fiquei chuchando no dedo...
Rsrsrs...
Você quando tem presunto,
Não convida p’ra jantar.
Mas quando tem seu defunto,
Me chama p’ra carregar.
Rsrsrs...
Não é por andar com livros
Que a gente fica doutor;
As traças vivem com eles.
Devem sabê-los de-cor.
Rsrsrs...
Quem quiser ter vida longa,
Fuja sempre que puder
De médico, boticário,
Melão, pepino e mulher.
Rsrsrs...
Quando vires mulher magra,
Não tem mais que perguntar:
Se é casada, é ciumenta,
Se é solteira, quer casar.
Rsrsrs...
Se me casar, ponho em casa
Tranqueira e chave de broca...
Com mulher não há fiança,
Cobra se faz da minhoca.
Rsrsrs...
Três coisas velhas são boas:
Pote, sapato e café;
Três eu gosto bem fresquinhas,
Água, paçoca e mulher.
Rsrsrs...
Pancada dada de jeito
Mata sim, sem discussão.
Que farás tu, meu benzinho,
Tu que és um pancadão.
Rsrsrs...
Quem vier a Pernambuco
Traga contas p’ra rezar
Pernambuco é purgatório,
Onde as almas vêm penar.
Rsrsrs...
Não tenho medo de ti,
Nem da faca mais pontuda;
Tenho medo, quando vejo
Perna grossa cabeluda.
Rsrsrs...
Não quero mais fazer roça
Que a sorte vem contra mim:
Planto cana, nasce alpiste.
Planto arroz, nasce capim.
Rsrsrs...
Uma coisa me admira
E me produz confusão:
É ver o vapor correr
Sem unha, sem pé, nem mão.
Rsrsrs...
Eu plantei um pé de couve,
E nasceu um de quiabo:
As moças são para os moços,
As velhas, para o diabo.
(Do “Dicionário Humorístico”, de Folco Masucci)