http://www.falandodetrova.com.br/minhabiblioteca
(texto de José Fabiano, mineirim de Uberaba)
CONTROPA (Confraria dos Trovadores Patetas)
Com a desencarnação, em 24/02/2010, de Aloísio Alves da Costa, como o Ouverney registra em ETERNO ENQUANTO DURA..., conforme abaixo, lembrei-me de carta recebida de Vasques Filho, em 25/09/85, e fui aos meus arquivos.
Tendo encontrado a carta referida, veio-me o desejo de transcrevê-la na parte em que o Vasques trata da CONTROPA, cuja leitura esclarecerá o que ainda houver de confuso na mente do leitor: qual a relação do Aloísio com a Confraria?
Prossiga na leitura, e tudo se esclarecerá.
ETERNO ENQUANTO DURA...
Na tua ausência, ao meu lado
em cima da nossa mesa,
o candelabro apagado
mantém a saudade acesa.
Teimei no amor... e errei tanto
na teimosia de amar,
que eu mesmo não sei mais quanto
errei tentando acertar!...
Pelos motivo da guerra
e pela falta de pão,
não culpo quem fez a terra,
mas quem fez a divisão.
Ao se pesar, a Constança,
que é gorda e não pesa pouco,
comenta sobre a balança:
- Esse ponteiro está louco!...
Quando a noiva viu a cama
que a esperava pra dormir,
mandou sustar o proclama
e desistiu do faquir!...
Na tumba da falecida,
o esposo ciumento, à porta,
murmura: - Volta, querida.
E ela responde: - Nem morta!
Quem compõe trovas assim não deveria morrer, certo? Errado! Contristado, o mundo da Trova recebeu, na tarde de 24 de fevereiro de 2010, a chocante notícia da partida de um dos grandes poetas/trovadores deste país, o “Magnífico” Aloísio Alves da Costa. Nascido a 20 de Novembro de 1935 em Umari/CE, filho de Vicente Alves da Costa e Vicência Alves Aranha, que, por muito tempo, residiu em Nova Friburgo.
Retornando para seu estado de origem, fixou residência em Fortaleza, onde veio a falecer, tendo seu corpo trasladado para Umari. Estava enfermo há aproximadamente dez anos. Lembro-me que, em 2001, já em uma cadeira de rodas, fez questão que o levassem aos 42ºs Jogos Florais de Nova Friburgo, reduto, quiçá, de suas maiores glórias literárias. Na “Noite dos Magníficos”, cada confrade declamou uma trova de sua lavra, diante de seus atentos olhos azuis, enquanto a emoção rompia as barragens do peito. Parecia que ele estava se despedindo do “Templo da Trova”. E estava mesmo..Foi a última vez que seu corpo, fragilizado, aventurou-se a voar tão longe.
Deus eternize entre as aves
o “Rouxinol Nordestino” destino,
e seus gorjeios suaves
rejam o Coral Divino!
http://www.falandodetrova.com.br/mag_aloisioalvesdacosta
José Ouverney
(o seu portal de trovas na Internet)
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"Sou Trovador"
(a sua comunidade de trovas no Orkut)
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Fortaleza, 22 de setembro de 1985
Estimado amigo Fabiano
Saúde e Paz!
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Quanto à CONTROPA (Confraria dos Trovadores Patetas), como você leu do Prefácio de “Cantigas de Três Patetas”, a sociedade fundada pelos três amigos (eu, Aloísio – que está aqui, em Fortaleza presentemente, e pelo falecido César Torraca), criando o Quadro dos Patetas Honorários, tem estatutos e tudo mais próprio de uma sociedade civil, pois foi organizado por mim (que sou Juiz de Direito aposentado) e aprovado por todos os três (César ainda vivia), e será extinta com a morte do último de nós três, porque somos insubstituíveis, condição pedida por César antes de morrer, modificando os estatutos nesse dispositivos, acho que desejando se preservasse sua memória, com o que nós dois outros concordamos de pronto (já sabíamos que ele não duraria muito).
Criamos o Quadro de Patetas Honorários para escolher os companheiros que cometam “patetadas”, e que mereçam destaque por elas.
Chamamos patetadas às mancadas, cincadas, erros, equívocos, cometidos INVOLUNTARIAMENTE e que CAUSEM RISO GERAL, como por exemplo,
tomar o ônibus errado (César Torraca);
pedir um samba em casa onde só toca tango (eu);
esquecer a maleta na estação rodoviária, depois de chegar no hotel (Aloísio) – isto tudo em Porto Alegre.
Esperar a manhã toda de um sábado pela abertura de um Banco para trocar um cheque (Aloísio, em N. Fruburgo).
Receber convite para um casamento para entregar a um companheiro e esquecer de entregá-lo, entregando-o depois do casamento celebrado e ainda esquecer-se de, ele próprio, telegrafar cumprimentando os noivos e pais dos noivos (Venturelli – Pateta Honorário nº VII). Etc, etc.
Tais fatos, chegando ao meu conhecimento, ou ao companheiro do outro Pateta titular – o Aloísio – um de nós dois fazemos a proposta e aguardamos a aprovação do outro para a comunicação ao futuro companheiro, que receberá o competente Diploma na primeira oportunidade, ou seja, nas festas de encerramento de concursos ou Jogos Florais, em público, com todas as honras, relatando-se o fato que originou o ingresso do Pateta na Confraria.
Essa entrega de diploma é feita por ocasião do almoço ou jantar tradicional dos trovadores, no encerramento dos festejos. Tudo vai inscrito em livro próprio, inclusive as patetadas posteriores cometidas pelos patetas dos quadros. Eu já cometi não sei quantas, como Aloísio e os demais honorários...
Bem, vou ficando por aqui. Deixo-lhe meu fraternal e cordial abraço, com a minha estima.
Vasques Filho
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Tenho em mãos o livro “Cantigas de Três Patetas”, excelente, e leio que eram, até 1983, Patetas Honorários, os seguintes trovadores:
I – Izo Goldman – SP
II – Waldir Neves – RJ
III – Luiz Pizzotti Frazão – RJ
IV – Célia Guimarães Santana – MG
V – Eugênia Maria Rodrigues - MG
Eu sugeriria, se ainda fosse possível, a inclusão do nome de Wanda de Paula Mourthé, a nossa Wandinha, daqui, de Belo Horizonte. Se fosse necessária justificação, ninguém melhor do que o Edmar Japiassú para fazê-la...
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A CONTROPA se extinguiu em 24/02/2010... Que descanse em paz!
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NOTA = Texto postado em 26.02.2010 por José Fabiano, o maior editor de livros de trovas no Brasil. Agora, como colunista, ele prestigia o site Falando de Trova, com a gostosa seção: "PASSEANDO POR MINHA BIBLIOTECA"