ALMIRA GUARACY REBÊLO nasceu em Passos/MG, no dia 06 de janeiro. Aposentada pelo Ministério da Saúde. Domina o verso e a prosa com a mesma facilidade. Publicou "Cortina Rendilhada" (poesia) em 1994 e "Todo Sentimento" (trovas e glosas) em 2001. Uma das grandes trovadoras mineiras. Radicada em Belo Horizonte.
Os aplausos me arrebatam!
Mas perdem toda valia
quando meus olhos constatam
tua poltrona vazia...
Sonhando ver sua imagem (M. Honrosa Niterói 2008)
na varanda, uma outra vez,
recomponho uma paisagem
que, sem você, se desfez...
De nada vale o poder
de aprisionar-te em meus braços (Venc. Bandeirantes 1998)
se, no fundo de teu ser,
anseias por outros laços ...
Busco-te em horas incertas,
minha angústia se avoluma...
Tantas janelas abertas
e eu não te vejo em nenhuma!
Neste encontro inesperado,
vamos brindar a nós dois. (Clube Português-1996)
Primeiro, o beijo guardado...
O vinho eu peço depois!
Vai, pelos céus, meu balão...
E eu sinto, ao vê-lo em subida, (Menção Honrosa em Rio Novo/MG - 1997)
que escapou de minha mão,
como o amor, de minha vida!
"Na tristeza e na alegria"
é o que se jura no altar.
Eu jurei, e não fingia;
tu só fingiste jurar!
Conta-me o que te angustia!
Tira a máscara da face!
Meu coração te ouviria
se teu coração falasse...
Navego em noite estrelada,
sulcando as ondas, sem vê-las;
meu corpo está na jangada,
minha alma está nas estrelas!
Sou de sonhos tecelã
e, nessa trama me esmero,
urdindo, a cada manhã,
a ilusão com que te espero.
Meu sonho transpõe fronteiras,
vai além do azul do espaço.
Soberbo, vence barreiras,
seguindo o rumo que eu traço.
O meu receio é que a vida
me negue o amor com que sonho,
pois é sonhando, atrevida,
que meus anseios transponho.
Nem toda espera é sofrida
quando se tem na lembrança
uma promessa de vida
para alentar a esperança.
Minha alma não mais se alenta
com cartas que me endereças,
pois o amor não se alimenta
só de juras e promessas.
Não desgastes, noutros leitos,
o ardor dos abraços teus,
pois teus braços foram feitos (Nova Friburgo 2004)
para refúgio dos meus.
Para alguém cuja ansiedade
é causa de insegurança,
qualquer gesto de amizade
é mensagem de esperança.
Caminhando nas calçadas,
extravasando a emoção,
atravessei madrugadas
na trilha da solidão.
Não receio, do meu fado,
mais penas ou desventuras,
pois já tive, no passado,
o meu quinhão de amarguras.
TROVAS DE BOM HUMOR:
Como alegre aposentado, (Menção Especial em Bandeirantes - 1990)
meu futuro eu já previra:
de manhã, papo furado...
de tarde, contar mentira...
O maquinista "chifrado"
nunca flagrava ninguém,
pois o amante era alertado (premiada em Belo Horizonte - 1990)
pelo apito de seu trem!
Vai para a cama cansada
e o marido vai também;
e ela resmunga, enfarada: (premiada em Belo Horizonte - 1990)
"Vê se desgruda, seu trem!"