Antonio Juraci Siqueira
nasceu em 28 de Outubro de 1948 em Cajary, município de Afuá no Pará, onde, ainda menino, descobriu a literatura através dos folhetos de cordel. Aos 16 anos mudou-se para Macapá (AP) onde casou-se, prestou serviço militar e concluiu os estudos de segundo grau. Em 1976 mudou-se para Belém. É formado em Filosofia pela Universidade Federal do Pará, integra várias entidades literárias e culturais e atua como professor de Filosofia, oficineiro de literatura, performista e contador de histórias.É um dos mais ativos poetas do Norte/Nordeste.
Num mundo violento onde
morre o peão pelo rei,
quanta injustiça se esconde
sob a máscara da Lei!
(1º lugar 1999 Intersedes Nacional)
Racistas, intransigentes,
olhai o exemplo da mão:
cinco dedos diferentes (M. Especial Pinda 1998)
na mais perfeita união!
Em noites frias, sem lua,
quando meus versos componho,
eu cubro a verdade nua (Vencedora Pinda 1999)
com meu casaco de sonho.
Nessa estrada em que trafego
nem sempre flores conquisto
pois sei que em terra de cego
quem tem um olho... é malvisto!
Com certeza alguém fará
protestos aos versos meus
só porque afirmo: — Quem dá
aos pobres e empresta, adeus!...
Evita os tortos caminhos,
que o céu não vem por milagre;
o tempo apura os bons vinhos,
e, os maus, transforma em vinagre.
Viver fiado em quimera
é coisa que não convém
porque de onde não se espera...
de lá mesmo é que não vem!
Semeia sonhos, resiste,
planta amor pelos caminhos,
que a travessia mais triste
é a que fazemos sozinhos.
Que lição de amor profundo (Venc. Niterói 1985)
aos homens legou Jesus,
trocando os sonhos do mundo
por três cravos e uma cruz!
Sonho um mundo sem arenas, (Maranguape 2008)
mais justo, mais solidário,
onde a paz não seja, apenas,
três letras no dicionário.
Vou carregando meu fardo
sem praguejar nos caminhos
pois sou feito a flor do cardo
que desabrocha entre espinhos...
HUMORÍSTICAS
Eu flagro, de vez em quando, (Maranguape 2008)
meu vizinho e a Maristela;
ontem mesmo o topei dando
um beijo na boca dela!
O canibal, sem alento,
tentando a fome aplacar,
no dia do casamento
comeu a noiva... no altar!
A vivência me sugere
modificar o verbete
porque quem com ferro fere,
na certa não tem cacete.
Entre os chatos eu aponto
um que a todos aporrinha
ao dizer: - "Eu nem te conto!..."
E conta a vida inteirinha!...