Antonio Roberto Fernandes

            Antônio Roberto Fernandes nasceu na cidade de São Fidélis, no dia 31 de maio de 1945. Médico, escritor, poeta, figura de proa da literatura em Campos dos Goytacazes, onde fixou domicílio. Foi presidente da UBT nos dois municípios. Desencantou em 20.11.2008.

Sou feliz! Não vivo ao lado
das estrelas na amplidão,
mas posso ter um punhado
de vaga-lumes na mão.

Na bicicleta da vida
pedalei tanto, meu Deus,
mas no melhor da descida
furaram-se os dois pneus!...

Mamãe!... Não há quem exprima
uma palavra mais bela,
pois mesmo não tendo rima
a vida rima com ela! 

Xepeiro, de olhos tristonhos,
à noite, exausto e sozinho,
cato no chão dos meus sonhos
a xepa do teu carinho.

Minha amada não me deixa
fazer as trovas direito:
com ela não tenho tempo,
sem ela não tenho jeito!

Meus sonhos são comparados
com as chuvas de verão:
depois de tão bem formados,
precipitam-se no chão...

Você diz que não é fria
e eu acho graça porque
até o sol se resfria
quando olha para você...

Sempre quando estou pensando
- até parece um castigo -
vem a tristeza chegando,
querendo pensar comigo.

Fazer trovas eu preciso,
pelo menos um milhão...
Mas onde está seu sorriso,
que me traz a inspiração?

Oh! blusinha, se soubesses
meu grande desejo mudo
de ser o proprietário
do teu belo conteúdo...

Se no palco, a três por quatro,
reina a farsa e a pacotilha,
o nosso maior teatro
é o do Congresso, em Brasília.

– Deixa que a ponte eu dou jeito!
– Mas rio aqui nóis num tem...
– Não tem, mas se eu for eleito,
eu faço o rio também!