Reinaldo Moreira de Aguiar - Natal

REINALDO MOREIRA DE AGUIAR nasceu em Natal, a 07 de outubro de 1921, filho de Raimundo de Aguiar e Maria Luisa de Aguiar. Formou-se pela Faculdade de Direito de Alagoas, turma de 1960. Residiu e trabalhou em Fortaleza por muitos anos, retornando em 1981 para Natal. Cerca de trinta livros publicados. Seu nome é uma referência poética no Rio Grande do Norte. O poeta mudou de dimensão dia no 10 de maio de 2010.

Minha cidade é tão linda!
Não há de certo outra igual.
-- Ostenta beleza infinda
no próprio nome: NATAL!

 

Pessoas, casos, andanças, (Niterói 1995)
lances de vários matizes...
é garimpando lembranças
que tenho as horas felizes.

 

A lágrima, na verdade,
por seu poder infinito,
traduz com fidelidade
o que não pode ser dito…

 

No esplendor da lua cheia,

vejo, no meu delirar,

a saudade que passeia

no verde dorso do mar!

 

Em branda calma e sozinho,

sou bem feliz em mirar

a aurora vir de mansinho

colorindo o imenso mar...

 

Se, às vezes, alguma treva

a minha estrada domina,

a Trova surge e me enleva,

e tudo então se ilumina.

 

Os males do mundo encaro,

e pela vida me arrisco,

tendo sempre o forte amparo

na oração de São Francisco.

 

Escuto o acalanto antigo

com tão pura nitidez,

que às vezes penso comigo:

estou na infância outra vez!

 

Com primoroso carinho,

usando formosa teia,

as nuvens fazem caminho

por onde a lua passeia.

 

Onda de espuma enfeitada,

que nos encanta e deleita,

vem de longe e tão cansada,

que sobre a areia se deita...

 

Após longa caminhada

de perigos e cansaços,

encontrei doce pousada

na maciez dos teus braços.

 

Mágoas... E para esquecê-las,

assim sempre faço e fiz:

olho, ansioso, as estrelas,

sou novamente feliz!

 

Sinto-me bem satisfeito,

quando, em horas sossegadas,

vejo no cais do meu peito

as saudades ancoradas.

 

Quem atinge longa idade

cumpre cruel penitência:

-levar a cruz da saudade

até o fim da existência.

 

O meu peito é velho cais,

onde o barco da saudade

descarrega sempre mais

lembranças da mocidade.