SEBASTIÃO SOARES nasceu a 15 de novembro de 1918 em Pau-dos-Ferros/RN. Poeta, advogado, epigramista, por longo tempo editou o jornal "A Trombeta". Pertenceu à Academia de Trovas do Rio Grande do Norte e à UBT de Natal. Por uma notável coincidência, residindo em Natal, morava na Rua dos Caicós. Como se sabe, os dois grandes centros da Trova no RN são Natal e Caicó. Tinha que ser trovador!
Relembro o velho solar,
o gado, a seca sem nome,
e o vaqueiro a murmurar
o monólogo da fome!
O destino, nos seus lances,
fez o que jamais pensei:
trouxe-me vários romances
mas levou o que eu sonhei...
A voz perdeu todo som,
a estrela também a luz
quando a Rosa de Sarom
despetalou-se na Cruz.
Ó Guaiba! irmão nas mágoas,
também na luta renhida:
- Tu contra as marés das águas.
- Eu contra as marés da vida.
Deus fez na formosa Aldeia
deste rincão potiguar
uma Redinha de areia
pra maré se balançar.
Eu sei de uma negra cruz,
de tão negra não tem nome:
essa que o pobre conduz (2º lugar em Sete Lagoas, 1986)
pelo calvário da fome.
Um violão bobo e vadio
que não respeita os tristonhos,
fez do meu quarto vazio
um quarto cheio de sonhos.