Lá no céu, nuvens brejeiras
fofocando no horizonte,
lembram moças palradeiras,
lavando roupa na fonte!
Hipócrita, a Humanidade
prega sempre o amor e a paz,
mas condenou a "Verdade"
em lugar de Barrabás.
No horizonte de minha alma, (co-vencedora em Rio Novo/MG - 1988)
com alegria, diviso
a aurora risonha e calma
que se esboça num sorriso!
Não bata assim, coração!
Cuidado!... Jamais me assuste,
pois uma nova ilusão
pode ser um novo embuste.
Torna-se bela mansão
na roça, um rancho de palha
quando o amor, em profusão,
faz pão de qualquer migalha.
Braços divinos, discretos,
pousados sobre uma cruz
são os gestos mais concretos,
que transformam vida em luz.
Em sufrágio da ilusão
que floriu os dias meus,
na capela do perdão
assisto à missa do adeus.
Acreditei no fascínio
de um grande galanteador
e, perdendo o autodomínio,
me entreguei ao seu amor.
O vagão iluminado,
no velho trem da esperança,
transporta um tempo passado,
presente em minha lembrança.