Concurso Municipal de Juiz de Fora - 1966

CURIOSIDADE: recebemos, no dia 12 de agosto de 2015, uma interessante e prazerosa correspondência, a título de contribuição, de uma pessoa que é nada menos do que o campeoníssimo brasileiro de Xadrez, o
Grande Mestre Brasileiro e Mestre Internacional de Xadrez Herman Claudius van Riemsdijk.  
O site "Falando de Trova" e os trovadores agradecem.
 

 

"Bom dia,
 
Encontrei nos meus arquivos e achei que poderia ser de interesse para a comunidade:
 
Concurso de Trovas
 
XXXIII CAMPEONATO BRASILEIRO DE XADREZ
Torneio Zonal
Juiz de Fora, 1966
 
Do boletim da competição:
...
Trovas – Sucesso espetacular, em todos os sentidos, resultou o Concurso de Trovas. Cerca de duas centenas de trovas inspiradas no tema Xadrez foram remetidas ao Clube. Muito trabalho teve a Comissão Julgadora designada pela NUME (Núcleo Mineiro de Escritores): Professores Wilson Beraldo, Emilio Giacomim, e Maria do Céu Corrêa Mendes, para selecionar entre tantas trovas de qualidade, a trova vencedora. Eis o resultado final:

 

 

CONCURSO  MUNICIPAL  DE  JUIZ  DE  FORA - 1966

1º lugar 
Xeque, tu dizes à vida
e julgas, homem, ser forte;
mas, no final da partida,
‘Xeque-Mate’ – diz a morte.
Hegel Pontes
 
2º lugar 
Sobre nós, mãos invisíveis
de um Enxadrista Profundo,
fazem jogadas incríveis,
no imenso xadrez do Mundo...
Hegel Pontes
 
3º lugar 
Suporto com altivez
os reveses da partida;
- somos peças de xadrez
no tabuleiro da Vida.
Roberto Medeiros
 
4º lugar 
O sucesso no xadrez
é similar ao da vida,
sempre influi o que se fez
no começo da partida.
Sinval E. da Cruz
 
5º lugar 
Enxadrista, não reclame
se a rainha conquistei...
Preveni: ‘Gardez la dame’,
bancaste o bobo do Rei.
Roberto Medeiros
 
6º lugar 
No xadrez, jogo profundo,
respondo lance por lance,
mas, em seus lances, o Mundo
nunca me deu igual chance.
Roberto Medeiros
 
7º lugar 
Quando levo xeque-mate
meu pesar não é profundo,
o que de fato me abate
é levar cheque sem fundo.
Sinval E. da Cruz
 
8º lugar 
Chantagem de amor, eu sei,
o seu aviso continha:
‘se deres xeque ao meu Rei,
perderás tua Rainha’.
Sinval E. da Cruz
 
9º lugar 
Que se ganha na partida
se a morte nunca dá chance?
Ganha-se o tempo de vida
que transcorre em cada lance.
José Carlos de Lery Guimarães
 
10º lugar 
Um elegante arremate
passa a ser o do parceiro,
que prevendo o xeque-mate,
tomba o Rei no tabuleiro.
Dulcídio de Barros Moreira Sobrinho
 
11º lugar 
Ao fitá-la, eu desejei,
como enxadrista atrevido,
fazer jogadas de Rei,
no xadrez de seu vestido.
Hegel Pontes
 
12º lugar 
O peão na oitava linha
não sabe bem o que quer:
alegre de ser Rainha,
ou triste de ser mulher!
Oswaldo Mascarenhas
 
13º lugar 
O xadrez repete a vida,
em sucessivas lições:
quando a nobreza é atingida,
sacrificam-se os peões.
Sinval E. da Cruz
 
14º lugar 
A Torre, disse-me o Bretas;
é ‘Castelo’ para o ‘Franco’;
assim, quem joga co’as pretas
é contra o ‘Castelo’ Branco.
Wagner Pereira Werneck
 
15º lugar 
É fato mais que evidente
o que notei certa vez:
jogo que mais prende a gente
é justamente o xadrez...
Hegel Pontes
 
16º lugar 
Não desdenhes a pecinha
que no jogo é o peão;
posso prender-te, ó Rainha,
no xadrez do coração
Lauro Cataldi
 
17º lugar 
Nos deslizes de quem ama,
quando o jogo estava empate,
quis conquistar uma dama
e levei um xeque-mate...
Hegel Pontes
 
18º lugar 
As guerras do pensamento,
travadas nos tabuleiros,
têm peças como instrumento
de dois cérebros guerreiros.
Dulcídio de Barros Moreira Sobrinho
 
19º lugar 
Um jogador de xadrez
que à morte foi condenado,
viu pela primeira vez
no ‘xadrez’ o sol quadrado.
João Gonzo
 
20º lugar 
Senti que até no xadrez
ri melhor, quem ri depois...
Eu cantei um ‘mate em três’
e levei um ‘mate em dois’!
Roberto Medeiros
 

Atenciosamente,
 
Herman Claudius van Riemsdijk
São Paulo"