Joaquim Carlos - Nova Friburgo

     JOAQUIM CARLOS MOREIRA DA COSTA: trovador talentoso de Nova Friburgo, nascido em 24 de setembro de 1953, foi um importante nome da Trova brasileira. Despontou por volta do ano 2.000, tendo amealhado um significativo número de troféus até a morte colhê-lo precocemente.
     OBS: Joaquim Carlos faleceu em Nova Friburgo no dia 04.10.2019

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Nunca deixe água empoçada,
cria larvas, deste jeito...
Quando há dengue na jogada,
qualquer mosquito é suspeito!!!

Quem, por loucura, começa
com drogas a se envolver,
ou envelhece depressa,
ou nem chega a envelhecer!!!

Que todo homem tenha a graça
de viver sem preconceito,
pois não tem credo nem raça                        
o amor que temos no peito!

 

Se esta louca nostalgia
não temesse outros fracassos,
eu juro que arriscaria
cair de novo em teus braços!

Estamos em pleno outono,
mas seu perfume, deveras,
me faz pensar que sou dono
de todas as primaveras!

A vaidade, quando aflora,
leva trevas alma adentro...
Quem muito brilha por fora
apaga as luzes por dentro...

Na poeira espessa e fria
meu olhar, triste, divaga...
Se a estrada levou-te um dia,
talvez em outro te traga!...

Com a saudade eu reparto
minhas noites de abandono:
mal apago a luz do quarto,
ela vem tirar meu sono...

Nas tuas mãos fui brinquedo
que descartaste, meu bem,
mas vou dizer-te um segredo:
brinquei contigo também!!!

Envolvida na amargura,                 (2º lugar "Local" - Nova Friburgo 2005)
revelaste em teu apelo
mais posse do que ternura;
mais ciúme do que zelo!!!

Tatuei no peito a imagem             (1º lugar "Local" - Nova Friburgo 2004)
da mulher que eu tanto quis...
Foi um erro: a tatuagem
hoje em dia é cicatriz!

Chorar, por que?... Foste embora!
E contigo as emoções!...
A indiferença é a senhora                    (M. Honrosa Friburgo 2001)
das grandes desilusões!

Ante a pedra o tolo volta;
o fraco espera sozinho;
o valente se revolta
e o sábio limpa o caminho!

Que Deus esteja contigo
e possas, de coração,
chamar teu IRMÃO de AMIGO
e teu AMIGO de IRMÃO!!!!...

Duas musas... E eu as faço
reféns de modos diversos:
A mulher - prendo em meus braços.
A Lua - prendo em meus versos!!!

Teu olhar de "cão sem dono"
tem um jeitinho pidão
que invade o meu abandono
e toma o meu coração!!!

A saudade vem à tona
ao ver que estás na janela,
e a coragem me abandona
quando mais preciso dela!

Foi depois que tu partiste
que eu comprei um cavquinho...
Meu canto ficou tão triste
que até parece chorinho...

Não sabe o tempo no estio,
quando a seca em tudo avança,
que em minha alma corre um rio
que eu batizei de "Esperança"!!

No cinema da memória
a saudade sempre traz
reprises da nossa história
que nunca sai de cartaz!!
 
De um grande amor já vivido
tenho uma foto guardada,
mas descubro, entristecido,
que é velha a foto... mais nada!!
 
Jogam-me pedras, aos montes,
os invejosos... sem dó!
Mas eu asfalto horizontes
ao transformá-las em pó!!
 
Não procures me enredar
com teus ciúmes e dramas...
Eu sou um velho tear
cansado das tuas tramas!!
 
Palco de muitos Autores,
a vida é sempre uma estréia,
aonde nós somos atores
e ao mesmo tempo platéia!...
 
Quando o espelho, por maldade,
diz sem disfarces quem sou,
vejo os entalhes da idade
que a vida, em mim, cinzelou!!
 
Quatro vezes me deixaste;
três vezes dei meu perdão;
duas vezes tu voltaste;
uma vez te disse: Não!
 
Foste embora... e o meu violão,
que jaz num canto, retrata
que morreu de solidão
quem já te fez serenata!!
 
Eu te avisto!... És a miragem
da paixão que me alucina!...
Fecho os olhos!... Tua imagem
já não me sai da retina!!
 
Disseram-me que eu teria
grande fortuna... e você!
Mas que tola profecia:
ter fortuna?... Para quê?!?!
 
Não sabe o tempo no estio,
quando a seca em tudo avança,
que em minha alma corre um rio
que eu batizei de “Esperança”!!!
 
Protegei, meu São Francisco,
o nosso irmão-trovador,
que as palavras, num rabisco,
transforma em versos de amor!!

Vejo a criança brincando
- a pipa é o brinquedo dela -
e minha alma divagando
brinca de brincar com ela!!

 

     ALGUMAS  DE  HUMOR

- Corre lá, seu Joaquim...                       (M. Especial Porto Alegre - 2003)
Vê se a goteira acabou!
E o luso grita pra mim:
- Parou!... Não parou!... Parou!...

Safado como ninguém,
o guri reage assim:
quando o padre diz “Amém...”    (Pedro Leopoldo  2003)
ele completa: “doim!”

Um carpinteiro, que o hospício        (Friburgo 2003)
dentro dos muros encerra,
gasta escova e dentifrício
limpando os dentes... da serra!

 Zezinho, seja específico
e me diga o que é molécula...          (Garibaldi  2002)
E ele, com “ar” científico:
- É uma guria “sapécula”!!!

Eu vou te ensinar um truque      (Menção Especial em Magé - 2000)
pra pegar o amante dela:
na porta faça um batuque
e corra para a janela.

Com a mãe, a filha e a granja,
tudo vai de "vento em popa":
a boa velha dá canja...
a filha, boa, "dá sopa"!!

Eu já dei muita boiada
para evitar confusão...
Hoje, na crise instalada,
por um bife... eu sento a mão!!