José Nogueira da Costa - Itajubá

JOSÉ NOGUEIRA DA COSTA
nasceu em Piranguçu, município de Itajubá/MG, a 24 de janeiro de 1929, filho de Benedito José Nogueira e Maria José da Costa. Obras publicadas:  "Sucintas Meditações" - trovas, 1958; "Para Meu Amor" - poemas, sonetos e trovas, 1963; "A Menor Poesia" - minísticos, 1963.  Trovador bastante premiado, era funcionário dos Correios.

 

Forasteiro!  Experimente
visitar Itajubá!
Sua presença somente
satisfação nos dará.

Uma curta, outra comprida...     (Menção Honrosa em Pouso Alegre - 1981)
Por ela se vai e vem...
Que bom se a rua da vida
tivesse volta também!

Jamais esqueça, meu filho,       (1º lugar Pindamonhangaba 1967 - "Rio")
do rio a grande lição:
quando mais rude o seu trilho,
mais bela a sua canção!

Na morte faz jus à endecha,      (3º lugar Pindamonhangaba 1967 - "Serra")
no céu merece acolhida,
quem galga sem queda ou queixa
as serras da própria vida.

Não há mentira cruenta
nem há mentira sem brilho
quando a mãe é quem a inventa
para a ventura do filho.

Foi escritor excelente,
jurista de alta valia.
Falando de Rui, a gente
fala da própria Bahia.

Ontem- importante moço
de gozo e fama à procura.
Hoje – simples monte de osso
no olvido da sepultura.

Jamais chorei meu fadário,
jamais larguei minha cruz.
Sei que indo para o calvário
estou na trilha da luz.

Ela possui tal encanto,
que quando na igreja entrou,
em vez de beijar o santo,
foi o santo que a beijou.

Este mundo é interessante!
Eu conheço muita gente
que não tem mente brilhante
mas mente brilhantemente.

A boca e os olhos da gente
são no sentir desiguais:
nossa boca, às vezes, mente
mas nossos olhos jamais.

Tu me deixaste, é verdade,
mas solidão não conheço,
pois eu e a tua saudade
temos o mesmo endereço.

Beija-flor, não me suplantas,
por mais beijos que tu deres:
- Beijas as flores das plantas,
eu beijo a flor das mulheres!

Cometeu um erro, quando
lia a minha mão, porque
não disse, cigana, que ando
louco de amor por você.

Sempre que ela por mim passa,
este pesar me consome:
- Pobre Maria da Graça!
Tem graça apenas no nome.

A mão de Deus, impoluta,
em tudo se acha presente:
o vento derruba a fruta
mas não destrói a semente!

Jóias de excelsa valia,
teus seios morenos hão
de ser guardados, um dia,
no escrínio da minha mão.

Findo o fogo, da lareira
restam cinzas no interior.
Amor - humana fogueira.
Saudade - cinzas do amor.

A morte vil, prematura,
ceifou meu maior amigo.
Ó meu pai, com que ternura
você brincava comigo!

O coração de quem ama
é misterioso e profundo:
Tem o calor de uma chama
e a imensidade de um mundo!

Veja você se me explica
o que é justiça. - Pois não!
É aquilo que crucifica
um justo, e solta um ladrão...

Com os progessos humanos,
eu, francamente, não brinco.
- Éramos dois, há três anos;
agora, já somos cinco...

À saudade dei o braço,
do sonho me fiz amigo,
pois, graças a eles, passo
dias e noites contigo.

Neste mundo em que eu habito
posso três céus divisar:
- o céu, propriamente dito,
mais os dois de teu olhar.

Quando a Deus elevo preces,
desde o começo lhe imploro
que eu te ame como mereces,
que me ames como te adoro.

És meu sol, minha existência,
meu amor, minha raínha,
meu mundo, minha ciência,
minha musa e... não és minha.

Quando a solidão enfara,
ele, o rei dos esmoleres,
finge-se cego só para
passar a mão nas mulheres.