Leila Ribeiro Ferreira

       LEILA RIBEIRO FERREIRA 
nasceu em Araras/SP no ano de 1908. Era radicada em Belo Horizonte.

Meus olhos eu vou doar...
Depois, nas sombras do além,
que alegria vai me dar
ser luz nos olhos de alguém!

Vejo o céu azul profundo.           (Menção Honrosa em Rio Novo/MG - 1990)
Nuvens em sua leveza...
Senhor, os olhos do Mundo
merecem tanta beleza?

"Esta é a casa de brinquedos".     (5º lugar Nova Friburgo - 1985)
A mãe se apressa... Por quê?
Ele sabe. Torce os dedos:
- Para, mãe! Só quero vê!...

Não importa papel, cor,
nem fraseados também:         (8º lugar Nova Friburgo - 1984)
a maior carta de amor
dizia somente: "Vem!..."

Levantou-se, foi saindo,
olhou-me: "Espera eu voltar..."      (15º lugar Nova Friburgo - 1984)
Sei bem que estava mentindo,
mas não deixo de esperar.

Cena de rua, não rara,
que confrange o coração:       (Vencedora Rio de Janeiro, 1983-Tema Livre)
a seda virando a cara
ao trapo que estende a mão!

Toda a beleza da vida,
todo o encanto dela, vem            (9º lugar em Nova Friburgo, 1960-Amor)
de a gente saber, querida,
que é toda a vida de alguém.

Estudando a humana lida,         (Menção em Nova Friburgo, 1961)
cheguei a esta verdade:
todos os rios da vida
vão dar no mar da Saudade.

Vendo aquele homenzarrão
falar com voz tão fininha,
só penso num tubarão
que engolisse uma flautinha...

Não queira sempre saber
da vida toda a verdade,
pois a ilusão pode ser,
às vezes, felicidade.

Nunca peças nada à vida,
aceita bem o que vem,
pois sempre a coisa pedida
é a que menos nos convém.

A crer em vida anterior
você me obriga, querida,
pois acho que tanto amor
não cabe numa só vida.