Luiz Dutra Borges - Natal

Que a mão do homem não tisne
com seu desarranjo anárquico,
o lago onde nada o cisne
com porte nobiliárquico!!!

P’ra esquecer a ingratidão
que à noite me fez sofrer,
plantei uns pés de perdão
no vale do amanhecer!!!

Que ironia tem a rima
na ponte que o rio cobre:
O  carro do rico em cima,
em baixo, a casa do pobre!!!

Tristeza no peito eu sinto,
em ver que a mãe terra come,
o próprio filho faminto,
que a mesma matou de fome.

Das luzes da mocidade,
que deram luz à ilusão,
sobrou sombra de saudade,
dando sombra à solidão...