Magníficos Trovadores - ARLINDO TADEU HAGEN

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  ARLINDO TADEU HAGEN nasceu em Juiz de Fora-MG, em 01 de agosto de 1964, filho de Arlindo Hagen e Isaura Pinto Hagen. Profissionalmente é Engenheiro Civil, formado pela UFJF e atua no ramo da construção civil.
       Importante dirigente da UBT. Tornou-se Magnífico Trovador nos Jogos Florais de Nova Friburgo, no âmbito "Lírico/Filosófico".  Um dos mais inspirados poetas/trovadores do Brasil.

TROVAS LÍRICAS, FILOSÓFICAS E AFINS

01
Garimpeiro, pelos vãos
dos teus dedos que envelhecem,                                     (Niterói 1995)
muda a riqueza de mãos
para mãos que não merecem!...

02
Trata o amor com fantasia
para fazê-lo viver;
o amor que perde a magia
tem muito pouco a perder!...

03
Recordo o velho sobrado...
meus pais... a infância inocente...
e as essências do passado
vão perfumando o presente!...

04
Num constante caminhar,
a minha vida consiste
na procura de um lugar
que nem mesmo sei se existe!

05
Senti, no suave cheiro
que o vento me trouxe agora,
que o vento passou primeiro
pela rua onde ela mora!

06
Se alguns sofrem se sozinhos
e outros sofrem por amar,
dilema é ter dois caminhos
e nenhum para trilhar

07
Vens... não vens... e na incerteza
do dilema que me cansa,
a minha vida está presa
neste fio de esperança!

08
Eras corda enfraquecida...
e eu era uma corda só...
Fez-se o nó... e a mão da vida
jamais desfez este nó!

09
Eu te imploro, por favor,
não insistas neste adeus.      (2º lugar em Nova Friburgo - 1984)
Se não for por meu amor,
fica pelo amor de Deus!

10
Respeita as dores e anseios
na igualdade que proclamas
e vê que os dramas alheios
são dos outros... mas são dramas!

11
Em dupla transformação,
a dois milagres assisto:
o trigo em forma de pão...
e o pão em forma de Cristo.

12
Por magia, o sonho lindo,
que me segue ao fim da estrada,
é um pombo alegre fugindo
de uma cartola surrada!

13
Cansei de crer tolamente
nos meus sonhos de menino.
Nem sempre o que agrada a gente
também agrada ao Destino!

14
Por mais que a vida dê volta,
nosso carinho perdura...
que a mão do tempo não solta
as mãos dadas com ternura!

15
É nossa união perfeita
magia para os ateus:
se este amor for "coisa feita",
foi coisa feita por Deus!

16
Ser seu amigo é um valor
que para mim não compensa,
para quem deseja o amor,
a amizade é quase ofensa!.

17
Como negar evidências
sobre um Ser especial
se, na essência das essências,
Deus é sempre essencial!?...

18
Lembrando o amor que a iludia
minha alma, feliz, revive...
Eu sei que foi fantasia
porém foi tudo que eu tive!

19
Se a vida é mera passagem
por este plano somente,
o preço desta viagem
é a própria vida da gente.

20
Meu coração tem lutado
na guerra contra a razão:
soldado, à força alistado
no exército da paixão!

21
Numa batalha incontida
eu luto a ver se domino,
na imensa arena da vida,
os touros do meu destino!

22
Para mudar a visão
de quem não muda as retinas,
Deus, em sábia decisão,
encheu as ruas de esquinas!

23
Indecisos, nossos dias
vivem dilemas sem fim,
revezando as fantasias
de pierrô e de arlequim...

24
Sou gota d'água a cismar
num dilema-desafio,
entre a ventura do mar
e a segurança do rio.

25
Pobre horizonte pequeno
de quem crê, sem ver mais nada,
que uma rosa com sereno                             (1º lugar Pouso Alegre 1997)
é só uma rosa molhada!...

26
Maria é um resto somente
no cais, largada ao desdém...
ontem - mar de tanta gente...
hoje - porto de ninguém!...

27
Mil conquistas... sonhos vãos
que passaram como a bruma...
Eu apertei tantas mãos
e não segurei nenhuma!...

28
A casa quase vazia
mostra ao ator, numa trama,
que outro drama se inicia
quando ele encerra o seu drama

29
Olho o perfil da cascata
e tenho a impressão estranha
de ver um manto de prata
sobre as costas da montanha!

30
As leis do sangue são vãs
pois sinto, nas horas calmas,          (IRMÃO - co-vencedora no Rio de Janeiro - 1984)
nossas almas tão irmãs...
e não há sangue nas almas...

31
As ruas são labirintos
onde eu noto, em profusão,
milhões de dramas distintos
vagando na multidão!

32
Do trigo da meninice
e do pão da mocidade
só restaram na velhice,
as migalhas da saudade!

33
Minha alma reflete o tema
de um passarinho fujão,
vivendo o eterno dilema
entre a fome e o alçapão.

34
Por ver a nossa ansiedade
ao ter de nos separar,
o dilema da saudade
é saber com quem ficar.

35
Violando os frágeis abrigos,
a chuva lembra uma espada
cortando os sonhos mendigos
no meio da madrugada.

36
Dos meus tempos de criança,
quase tudo se acabou;
restam restos de esperança
da esperança que restou!...

37
A minha roça eu troquei
pelas luzes da cidade.
Nesse dia eu comecei
meu plantio de saudade!

38
Naquele "não" que, confusa,
tu disseste sem me olhar,
vi tão pouco de recusa
que eu me recuso a aceitar!

39
Enfrento a dor com firmeza                             (Venc. Niterói 2002)
e conservo, em minha fé,
a altivez da vela acesa
que se desmancha de pé!

40
Nas ditaduras ferozes,
mais que o crime de matar,
violência é roubar das vozes
a coragem de gritar!

41
Sou, no final da existência,                                        (Niterói 2004)
em meu cansaço grisalho,
folha seca na iminência
de desprender-se do galho!

42
Perder-te sem ter pedido            (co-vencedora Rio de Janeiro - 1994)
pelo menos um perdão,
foi um penalti perdido
num jogo de decisão!

43
Eu não troco as ilusões
pelos caminhos mais certos;
meu sonho de abrir portões
despreza os portões abertos!

44
Se a oração foge da mente
no instante da dor pior,
solta um murmúrio somente:
Deus sabe as preces de cor!

45
Uma caneta... uns cartões...
e os mineiros de hoje em dia,                          (M. Especial Niterói 1995)
vão garimpando ilusões
num balcão de loteria!

46
Minha alma desiludida
se cansou de garimpar,
tentando arrancar da vida                                  (Niterói 1995)
mais do que a vida quis dar!

47
Prefira sempre, meu filho,
a luta em vez da preguiça,
porque conquistas sem brilho
fazem brilhar a injustiça!

48
Um vazio... uma lacuna
mantém minha alma oprimida:
tentando fazer fortuna,
não fiz mais nada na vida!

49
Despedida... e, por consolo,
deste encontro derradeiro,                               (Nova Friburgo 1992)
só me resta o orgulho tolo
de ter dito adeus primeiro!

50
Para manter a mensagem                                          (Friburgo 1999)
daquele adeus, na partida,
eu gastei toda a coragem
que eu juntei durante a vida!

51
Minha razão combalida                                            (Friburgo 2000)
não consegue mais se impor:
perdi o pulso da vida 
seguindo impulsos de amor!

52
No seu profundo saber                                                       (SP 2000)
Deus nos deu, de forma amiga,
duas mãos para estender
ao final de cada briga!

53
Não escondo a cicatriz                                               (Barra do Piraí 1999)
nem disfarço o meu desgosto:
- fantasia de feliz
não combina com meu rosto!

54
Sou mineiro... E das entranhas                (Vencedora Manhumirim 2004)
trago o dom de ressurgir...
Quem vive junto às montanhas
sabe descer e subir!

55
A apatia não alcança                                         (Venc. Pinda 2008)
e o tédio não intimida
quem sabe encher de esperança
cada vazio da vida!

56
Se eu demorei na viagem                          (Nova Friburgo 1992)
que de volta percorri,
é que o orgulho é a bagagem
mais pesada que eu já vi !
57
O silêncio se mantém
n obrigação de ocultar
os gritos dos que não têm                              (M. Honrosa RJ 1986)
coragem para gritar.
58
Se o teatro é vocação,
no palco deve-se entrar
com a mesma devoção
de quem põe os pés no altar!
59
Creio que este Deus que é Pai,      (Venc.  Museu Pe. Anchieta/SP 1996)
que é luz de todas as luzes,
vez por outra se distrai
no peso de algumas cruzes!
60

 Perdoa, Pai, a oração,
se eu te peço em demasia              (Vencedora em Niterói - 1985)
mas preciso, além do pão,
do sonho de cada dia.
61
Fruto de antiga união,                 (Menção Honrosa em Porto Alegre - 1985)
esta saudade que abrigo
é um prêmio-consolação
que tem gosto de castigo!
62
A força desta união
se esconde em nosso passado:       (Menção Honrosa em Porto Alegre - 1985)
no meu – sobrava um perdão;
no teu – faltava um pecado.
63

Voltaste... e eu tive afinal              (co-vencedora em Pouso Alegre - 2007)
a sensação prazerosa
de um sol brilhando ao final
de longa tarde chuvosa.

64
O amor que eu julgava infindo          (Menção Honrosa UBT SP - 1990)
de um triste fim se aproxima...
Que pena! Um verso tão lindo,
e eu não encontrei a rima!...
65
Existe tanta união
entre os teus sonhos e os meus,          (co-vencedora no Rio de Janeiro - 1984)
que só não és meu irmão
por um descuido de Deus!
66
Descubro, marco após marco       (co-vencedora no Elos Clube de São Paulo - 1990)
que eu finco em meu rumo torto,
que a felicidade é um barco
e eu pensei que fosse um porto!
67
Numa imagem que alucina,
o remorso me mostrou
teu perdão dobrando a esquina        (co-vencedora em Niterói - 1989)
que o meu pecado dobrou!

68
No instante em que ela voltou,        (Menção Honrosa em Niterói - 1989)
pondo fim à solidão,
o meu erro se jogou
nos braços do seu perdão!
69
Nos rituais da poesia,
em sublime comunhão,          (Menção Honrosa em Niterói - 1986)
molho o pão da fantasia
no vinho da inspiração!
70
A ventura lembra bem
estes balões de São João:      (co-vencedora em Rio Novo/MG - 1997)
só têm a graça que tem,
longe do alcance da mão!
71

Voltas pedindo perdão
e, entre surpreso e feliz,           (5º lugar em Magé - 1998)
vivo a estranha sensação
de um réu que passa a juiz.
72
Nas mãos da tua inconstância,      (3º lugar em Nova Friburgo - 1984)
o meu amor, sem querer,
foi carta sem importância
que tu rasgaste sem ler!...
73
Tiradentes é a verdade
na qual todos devem crer.
Quem morre por liberdade
não deveria morrer!
74
Num mau-humor quase eterno,
há quem, no viver sombrio,
faz da vida um grande inverno...
Depois reclama do frio!
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ALGUMAS HUMORÍSTICAS

01
Meu sogro cheio de medo,
tenta a peruca esconder
e o que ele guarda em segredo
"tô" careca de saber !

02
Diz o burro: - Não dá pé,
minha paquera travessa!
Não sei fazer cafuné
numa "mula sem cabeça"!!!

03
No forró, lá no escurinho,
ante tanta iniqüidade,
foi que meu primo Santinho
perdeu sua "santidade". .

04
Minha sogra é uma desgraça:
magricela e jururu;
a coroa é mais sem graça
que rodízio de chuchu!

05
- Casamento é mesmo o fim!                (co-vencedora em Peruíbe - 1998)
diz ela, no seu enfado,
- Quem suspirava por mim
agora ronca ao meu lado!...

06
No verão ela anuncia
que o nudismo é a sensação
e o que só o marido via,
agora todos verão!

07
Ante a clonagem, desmaia
o cientista pouco esperto:
fez a sogra de cobaia
e a experiência deu certo!

08
Na rede, pela manhã,
sonhei com a loura incomum.
Na melhor hora do tchan,
a rede arrebenta e ... tchun!

09
Bate à porta... e a desconfiança
põe o Salim na agonia:
tem mais medo de cobrança
do que gato de água fria!

10
Enganador é o Ramiro,
que finge como ninguém,
e só de "último suspiro"
ele já deu mais de cem!...

11
Minha charmosa vizinha
afirma que borda e pinta,
mas não fala com que linha
nem explica com que tinta...

12
“O féretro já passou.”
Vovô, que não ouve bem,         (4º lugar em Magé/RJ  2000)
caduco, perguntou:
“Passou o féretro em quem?!...”
13
- Quero um suspiro. - Anuncia          (co-vencedora em Peruíbe - 1998)
em frente ao balcão o Rui;
e o luso da padaria,
bem distraído, diz: - Ui!...
14
Chegar mais cedo é proeza            (Menção Especial em Pouso Alegre - 2008)
que assusta muito marido,
pois quem chega de surpresa
costuma ser surpreendido!
15
O caçador fanfarrão,                   (co-vencedora Rio de Janeiro - 1994)
a cada estória que diz,
por mania ou precaução,
mede a ponta do nariz!
16
Em Minas o povo inteiro                (Menção Honrosa em Sete Lagoas - 2000)
diz UAI por onde vai;
até o cachorro mineiro
late assim: UAI, UAI!...
17

A favela é lá no alto
e muito farta contudo.
Farta esgoto, farta asfalto,
farta luz e... farta tudo!
18

Quando, em papos desconexos,
meu avô ouviu falar
da tal da "guerra dos sexos",
foi correndo se alistar!
19 
Lá no armário, o Ricardão,
sentindo a tosse o aflingir,
põe em dúvida a questão
do "tossir or not tossir"!
20
Por um engano semântico
deu-se mal Seu Manoel
que pensou que "TRANSAtlântico"
fosse um navio-bordel! 
21 
Lá no armário, o Ricardão,      (Menção Honrosa UBT Rio de Janeiro - 1990)
sentindo a tosse o afligir,
põe em dúvida a questão
do "tossir or not tossir"!