Magnífico Trovador... Fake???

     Entre abril e maio a conversa frequente entre trovadores são os Jogos Florais de Nova Friburgo. Foi o evento que deu início à gloriosa era dos concursos de trova por todo o País, cuja primeira versão, sob a idealização e coordenação de Luiz Otávio e J. G. de Araújo Jorge, ocorreu no ano de 1960. Sem falhar uma única edição, este ano vivenciamos a realização de nº 54.

     Também é comum, entre os trovadores, falar-se sobre a honraria instituída pelo próprio Luiz Otávio em Nova Friburgo, – refiro-me ao título de “Magnífico Trovador” – que é disputado acirradamente em dois gêneros: o lírico/filosófico e o humorístico. Para conquistá-lo no gênero lírico/filosófico é necessário, por três anos consecutivos, classificar uma trova entre as “dez mais”. Já o gênero humorístico é ainda mais complexo: é preciso, pelos mesmos três anos consecutivos, classificar uma composição entre as “cinco mais”.

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     E são poucos a conseguir esse feito. Entre os líricos/filosóficos temos 16 poetas vivos: Almerinda Liporage, Antonio Carlos Teixeira Pinto, Arlindo Tadeu Hagen, Carolina Ramos, Edmar Japiassú Maia, Edna Valente Ferracini, Izo Goldman, José Ouverney, José Tavares de Lima, Luna Fernandes, Maria Nascimento S. Carvalho, Marilúcia Rezende, Octávio Venturelli, Pedro Mello, Pedro Ornellas e Sérgio Ferreira da Silva. E na categoria Humor são apenas 7: Antonio Carlos Teixeira Pinto, Campos Sales, Edmar Japiassú Maia, José Tavares de Lima, Pedro Ornellas, Sérgio Ferreira da Silva e Therezinha Dieguez Brisolla.. A maioria absoluta, ao atingir esse nobre degrau, já detém, entre seus próceres, uma imensa parcela de reconhecimento. E todos passam a ter “cadeira cativa” nos festejos de todos os anos na belíssima cidade serrana que sedia anualmente o evento.

     A luta para alcançar tão ambicionado objetivo é titânica. E alvo de intensas comemorações, quando bem sucedida. Agora passarei do elemento real para o fantasioso. Não só fantasioso, como eu diria que até inimaginável. Mas eu me atrevo a imaginá-lo. É o seguinte:

     Sonhei, um dia, que houvera enviado para Nova Friburgo três trovas em nome de minha esposa e, coincidentemente, uma delas acabou obtendo uma bela classificação entre as trovas líricas. No ano seguinte, entusiasmado com a brincadeira que dera certo, repeti a iniciativa e, – por sorte ou não – ela voltou a classificar-se. Pensei, então: como eu não tenho o título de “Magnífico” (no sonho eu realmente não o possuía) e minha esposa, agora, está na iminência de consegui-lo, por que não tentar a cartada decisiva? Posso perfeitamente lograr a conquista por vias indiretas. Ocorre que – azar ou sorte – antes que pudesse tentar a proeza pela terceira vez, um insistente pernilongo (que poderia até ser a incorporação de algum magnífico trovador já falecido) picou-me com vontade, e com tanta fúria, que acordei, sem, obviamente, consumar o insidioso intento.

     Ainda bem, pois, mesmo em se tratando de um sonho (ou pesadelo?), uma incursão vitoriosa nesse sentido poderia implicar no comprometimento e na valorização do importante título. Teríamos, pela primeira vez na história da Trova e dos Jogos Florais de Nova Friburgo, um Magnífico Trovador “Fake”!

     Bem, agora retomemos o fio da realidade. Chega de imaginar o inimaginável. Até porque tenho absoluta certeza de que ninguém seria capaz de engendrar e executar um plano tão diabólico, em se tratando de uma saudável competição literária entre irmãos de sonhos. Afinal, que loucura seria tudo isso,não acham?

     Pronto. Já acordei. Deus me livre, hein! De vez em quando a gente tem cada pesadelo que não convém nem ficar lembrando depois. Muito menos publicá-lo em portais e redes sociais!…
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texto de José Ouverney, publicado em 23.04.2013