Manita - Niterói

          MARIA CONCEIÇÃO PIRES DE MELO (MANITA) nasceu em 1922 em Niterói. Professora e artista plástica. Publicou livros como: "Retalhos de Minha Vida"-poemas e "Degraus do Sonho"-trovas. Faleceu na mesma Niterói, em 22 de junho de 2011, deixando ainda mais pobre a Trova brasileira.

Com teu calor, vem e aquece
meu triste corpo vazio...
Vem, meu amor, que anoitece,
e estou tremendo de frio.

Tiradentes, firmes passos,         (co-vencedora em Niterói - 1972)
vai para a morte, com fé:
o corpo, rola aos pedaços,
os sonhos ficam de pé!...

Partilhaste, às escondidas,
de um amor, só de nós dois,      (Menção Especial  Niterói, 2000)
sabendo que em nossas vidas
não haveria o “depois”...

Pelo que eu busco e não tenho,
pelo que eu tive e não quis,           (Vencedora em Niterói, 1997)
fecho os olhos e me empenho
em sonhar que sou feliz...

Por que tanta indiferença,
calculada, presumida,
se eu sei que sou a presença      (3º lugar Conc. "Adelmar Tavares"-RJ, 1988)
mais presente em sua vida?!

Do crepúsculo à alvorada,           (3º lugar em Maricá - 1983)
entre gorjeios dispersos,
o canto da passarada
é rima para os meus versos!

Amor de outono é profundo,
calado, intenso, tranquilo;
e não há forças no mundo
que consigam destruí-lo!

Quantas almas irmanadas
por sentimentos iguais,
têm que viver separadas
por convenções sociais!

Quando era pequenina,
brincava de esconde-esconde;
os meus sonhos de menina
a vida escondeu - mas onde?

Despedida... o adeus rolando
de nossas mãos, devagar;
e as nossas almas chorando,
sem se poder separar!

Tu sofreste de tal jeito...
Não sofri menos, bem vês...
Um sonho de amor, desfeito,
fere dois de cada vez.

Meu pensamento vagueia
num mar de angústia sem fim;
a tua ausência semeia
tristeza, dentro de mim.

Saudade - ausência dorida
nas cordas de um violão;
- a canção de minha vida
na vida de uma canção.