MÉTRICA - texto de A. A. de Assis

 MÉTRICA

A. A. de Assis

            “Bela alma a do poeta”.
 
            Quantos sons você conta aí?...  Suponhamos que sete: Be-la-al-maa-do-po-e-ta.  Mas por certo haverá quem conte seis, ou mesmo cinco,
dependendo do ouvido de cada um. Dá-se isso por obra do bendito hiato, o inimigo número um da métrica. Parece que para a maioria dos poetas brasileiros o verso fica mais agradável quando se respeitam os hiatos, porém outros acham mais natural fundir as vogais.
 
            E como é que se resolve isso?  Sabe-se lá...  O maior drama é nos concursos. Você não sabe se conta poe-ta ou po-e-ta. O jeito é torcer para que os julgadores acatem o sotaque de cada autor. Em regra, não se derruba nenhuma trova em razão desse problema; entretanto, mesmo assim, o concorrente fica de pé atrás, pelo medo de quebrar o cujo...
 
            A tendência, como foi dito, é pronunciar po-e-ta, vi-a-gem, a-in-da, a-al-ma, a-ho-ra, o-ho-mem, o-ou-ro, po-ei-ra, su-a, to-a-da, etc.  Mas... e se você não concordar?  Tudo bem. Você continuará escrevendo seus versos do modo que mais lhe agrade, e pronto. Afinal de contas, quem manda no texto é o autor. Se bem que alguns, por via das dúvidas, têm feito o seguinte: se, por exemplo, mandam a trova para um concurso no Rio de Janeiro, contam fri-io, em dois sons: se o concurso é em São Paulo, contam friu, num som apenas.  Outros, mais cuidadosos ainda, procuram de toda forma evitar hiatos. Resolve?
 
            Bem... Pelo menos pode livrar a trova do risco de perder pontos por não soar bem no ouvido do julgador. São ossos que o poeta encontra em seu