Ruth Farah Nacif Lutterback nasceu (e sempre viveu) em Cantagalo no dia 11 de abril de 1932. Pertencente a ilustre família da cidade, teve uma vida intensa e realizadora. Também como dirigente da UBT (União Brasileira de Trovadores), organizou vários certames nacionais de trovas, sendo o último em 2016, quando já se encontrava adoentada. Pessoa extremamente carismática, aposentou-se como professora da rede estadual. Deixou o Plano Terreno em 21 de fevereiro de 2017.
Mulher de rara beleza
não deve, jamais, pintar-se,
pois obra da natureza
não necessita disfarce.
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Atingindo o apogeu,
é verdade bem sabida: (Academia Pedralva 2011)
Noel Rosa não morreu:
-mudou o estilo de vida...
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Euclides em “Os Sertões”,
mostrou a realidade:
Canudos sob opressões (Cantagalo 2009)
de fraterna crueldade...
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Fraternidade no lar
prova a presença do amor, (Concurso Virtual 2009)
dando exemplo singular
de família de valor.
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Num arbítrio de questão, (Concurso Virtual 2009)
é amigo de verdade
quem, de fato, dá razão
usando sinceridade.
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Concedido por esmola (Concurso Virtual 2009)
o perdão não traz fiança.
Dificilmente consola
tendo sabor de vingança...
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Meu amor pelo Brasil
somente Deus o comprova. (M. Honrosa Taubaté 2008)
Mostrá-lo? Nem de perfil,
pois não cabe numa trova...
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O belo na juventude
traz orgulho, por costume. (S. Fcº. Itabapoana 2007)
Mas beleza sem virtude
é uma rosa sem perfume...
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Ante o terror das queimadas (Taubaté 2005)
na floresta, com carinho,
as árvores abraçadas
tentam proteger os ninhos.
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Oprimido na gaiola,
lamentando a escravidão, (Taubaté 2004)
o sabiá cantarola
para o algoz sem coração.
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Vencendo o mar e as procelas, (M. Honrosa Taubaté 2000)
veio Cabral, confiante,
nas mais rudes caravelas,
tomar posse de um “gigante”!
Ó Deus-Pai, todo bondade,
cessai a guerra voraz
fazendo da humanidade
celeiro de amor e paz.
A verdadeira amizade
aconselha o que convém,
deixando a comodidade
que a tudo só diz: _Amém!
Num arbítrio de questão
é amigo de verdade
quem, de fato, dá razão
usando a sinceridade.
Penetrando, lentamente,
na choupana esburacada,
banha a cabocla dolente
tênue raio da alvorada.
Se alguém lhe fizer um mal,
mesmo sem justa razão,
pessoalmente ou virtual,
abrace-o, de coração...
Ante às agruras da vida,
não se entregue facilmente.
Após batalha vencida,
o “sol” brilha novamente.
A necessidade faz
do cidadão um artista.
Na “corda bamba” é capaz
de ser um equilibrista..
A bonança desejada,
além da paz mundial,
é ver a fome zerada
com justiça social.
Vi, em sonho, a Mãe do Céu
ostentando alvissareira,
na cabeça, em vez do véu,
a Bandeira Brasileira!
Bem te vi, após cantares
de manhã no meu jardim,
vai alegrar outros ares,
mas não te esqueças de mim.
Cidadania é saber
manter a honra constante,
ser sincero no dever
e servir ao semelhante.
“Sorrir é o melhor remédio”
- é receita garantida.
Não respire o próprio tédio;
abra a cortina da vida!
Uma praça sem coreto,
mesmo pintada em painel,
é não ter rima em soneto
ou a pedra num anel.
A cidade que conserva
o coreto do jardim,
seu patrimônio preserva
uma riqueza sem fim.
Fim de solo ressequido,
cai a chuva no sertão.
O caboclo agradecido
louva a Deus em oração
Desejando que o meu seio
se realce num decote,
me disfarço num maneio
e desprendo o laçarote.
Se na vida tudo passa,
da diferença me esgueiro.
Não importa a cor ou raça
quando o amor é verdadeiro.
Quando amor, de tão sublime,
conduz ao êxtase, a dois,
o delírio que os redime
devolve a calma, depois...
Educação garantida
“vem do berço” _ o próprio lar
(melhor escola da vida).
Não há quem possa negar..
Dependendo do elogio
e a maneira de dizê-lo,
feito bomba sem pavio,
causa dor de cotovelo...
Ao publicar “Os Sertões”
Euclides ficou na história.
Vive em nossos corações,
- é de Cantagalo a glória!
Na minha Escola de samba
o enredo, por tradição,
são trovas de gente bamba
alegrando a multidão.
“A fé remove montanha”
cita um adágio eloqüente.
Crendo, o lavrador amanha
e lhe confia a semente...
Ser vicentino é um exemplo
de real fraternidade:
faz do coração um templo
ao amor e à caridade. .
Portadora de elegância
e esmerada equilibrista,
a garça exibe arrogância
na tela do grande artista.
O Deus Pai, todo bondade,
manda Hipócrates,de Cós,
medicar a humanidade
pensando, talvez, em nós!
Bem merecida homenagem
é recebida por quem,
com muito esforço e coragem
salvou a vida de alguém.
Já condenado, Jesus,
após grande humilhação,
ruma à vitória na cruz
certo da ressurreição.
Não lhe dou o meu perdão
porque, mais que insensatez
é achar que ainda tem razão
depois do que você fez...
Idade não é velhice
_ a experiência nos prova:
trovadores, com meiguice,
fazem da vida uma trova...
Não se deve macular
a inocência da criança
proibindo-a de sonhar
por maldade ou por vingança.
Se acaso a justiça humana
cai nas mãos de algum canalha,
pensa que a todos engana,
mas a divina não falha!...!
As lágrimas cristalinas
são fantasias matreiras,
rompendo espessas neblinas
de uma ilusão passageira.
O Dia do Livro tem
calendário ilimitado,
pois sendo amigo, ele vêm
em qualquer dia chamado.
Casamento, na verdade,
se não for bom para os dois,
põe em risco a liberdade
e o mais triste vem depois.
Sob a luz das lamparinas,
ante um governo covarde,
a decisão vem de Minas:
“Liberdade, mesmo tarde!
Quando um poeta falece,
junto à Lua vai ficar
mergulhado em doce prece,
eternamente a sonhar.
Surgindo meiga, serena
e por muitos esperada,
tão formosa, a Lua Plena
em serenata é cantada.
Espelhando-se no Mar,
que ardentemente a deseja,
a Lua apaga o luar
para que o Sol não a veja....
A “muralha” mais temida
é o desprezo que se tem
desgastando a nossa vida
pelos caprichos de alguém.
Mãe é palavra que encerra
amor total, sem limite,
não havendo aqui na terra
outro termo que a imite.
É por Deus abençoada
a mãe que um filho gerou.
Porém não menos louvada
aquela que o adotou.
Toda mãe, por natureza,
dá aos filhos proteção,
garantindo-lhes defesa
sem fazer predileção.
Jesus, Rei da Humanidade,
à sua era e à vindoura,
deu exemplo de humildade
nascendo na manjedoura.
Penetrando, lentamente,
na choupana esburacada,
banha o caboclo dolente
o clarão da madrugada.
Havendo a chuva descido
fininha, qual branco véu,
o caboclo agradecido
rudes mãos eleva ao céu.
Um título de nobreza
garante reputação.
Entanto, é maior riqueza
ser nobre de coração.
Desejando muitos anos
de existência bem vivida,
esquivo-me dos enganos
surfando as “ondas” da vida...
Perdoe compadecido
qual o sândalo, coitado,
que deixa, embora ferido,
seu perfume no machado...
Um prêmio logo esquecido
não passa de uma vitória,
enquanto um bem merecido
tem doce sabor de glória.
O mais intenso luar
e os raios que o sol descerra
jamais poderão beijar
as profundezas da terra.
É crime fazer queimadas
_a Terra corre perigo:
vidas são ameaçadas
de morte ou de desabrigo....
Salário Mínimo faz
do cidadão um artista,
na “corda bamba” capaz
de ser um equilibrista.
Ao contrário do lamento
que uma lágrima alivia,
um magoado sentimento
só o amor perdoaria.
Confirmando a aliança
de sonho e realidade,
o Sol é o pai da Esperança
e a Lua, mãe da Saudade...
Celebrando seus amores,
há casais que, em ritual,
armam tapetes de flores
para o leito nupcial.
Qual a brisa calmamente
ou ligeira ventania,
passa o tempo, indiferente,
dia e noite... noite e dia...
O vento, por peraltice,
leva folhas pelo espaço.
Que bom se um dia o sentisse
levando as preces que faço..
Idade não é velhice
_a poesia nos comprova
quando idosos, com meiguice,
fazem da vida uma trova.
É mais amigo quem fala
a dura e cruel VERDADE
do que um outro que se cala
por mera comodidade.
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HUMORÍSTICAS:
Estando muito “apertado”, (Magé 2008)
não notei e porta errada..
Paguei um mico danado
aos gritos da mulherada.
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Tive um trabalho danado (Bandeirantes/PR 2008)
com a vaca, hoje cedinho:
não deu leite empacotado
nem quis sentar no banquinho...
Num velório bem tranquilo, (premiada UBT RJ - 2012)
feito à luz de um lampião,
assustei-me num cochilo
e caí sobre o caixão!...
Enquanto a BANDA tocava
numa praia de nudista,
a galera apreciava
o “perfil” de cada artista!
No velório do Tião,
por causa de uma topada,
caí dentro do caixão.
Só ele não deu RISADA...
Triste, o galo carijó
teve grande decepção:
pensando ser dele só,
saiu do OVO um “carvão”!
Eu faço um PÉ de moleque,
de tão bom, não vejo igual.
Mas, por causa de um pileque,
troquei o açúcar por sal...
No enterro do Geraldão
joguei flores no defunto.
Dando um TROPEÇO no chão,
por bem pouco não fui junto...
O GALO foi defender
sua honra na cozinha:
depois de tanto cozer...
vira caldo de galinha?!!!