ÉLEN NOVAIS FELIX, renomada autora nascida em Barra do Piraí no dia 03 de outubro de 1946. Cultora de trovas sociais, principalmente voltadas à infância desprotegida. Falecida em Niterói, onde residia, no dia 23 de fevereiro de 2015.
01) Anoitece... aumenta o frio... (São Paulo2014)
e para os guris sem nome,
surge um novo desafio:
dormir ao lado da fome!
02) Na rua, o guri sem nome
que, da miséria, é refém,
sempre encontra o medo e a fome (Curitiba-2012)
mas a justiça não vem.
03) Um pão nas horas de fome
e um teto nas noites frias,
para as crianças sem nome (Curitiba 2006
são apenas utopias.
04) Para a criança sem nome, (Santos - 2005)
a calçada, à luz da lua,
é o cativeiro da fome
na liberdade da rua!
05) No beco onde a fome atua
e o vício impera, sem medo, (Pinda - 2011)
qualquer criança de rua
perde a inocência mais cedo!
06) No olhar de qualquer criança (Niterói - 2000)
residente na favela,
sempre existe uma esperança
partilhada à luz de vela.
07) O frio invade a palhoça
e da face do espantalho, (MH Camboriú 2008)
que vigia a minha roça
descem lágrimas de orvalho.
08) Na mesma rua onde os nobres (M.H. em Niterói - 2005)
desfilam pompa e capricho,
se encontram crianças pobres
entre montanhas de lixo.
09) Viver na rua é proeza
que um pivete aprende cedo, (M. Especial BH 2002)
pois nas trevas da pobreza
a fome é maior que o medo.
10) Pobre guri que, na rua,
faz seu tristonho pernoite,
mastigando a fome crua
no prato escuro da noite. (M. Honrosa Intersedes - 2001)
11) No morro, quanta criança (Vencedora Belo Horizonte 2001)
vive feliz, sem cautela;
Deus também planta esperança
na miséria da favela.
12) Quanta miséria contida
no olhar tímido e tristonho (MH Niterói 1999)
de uma criança perdida
entre farrapos de sonho...
Quanto mais cresce a ambição (Venc. Belo Horizonte 2001)
sem cautela, em mãos de ateus,
mais vejo o mundo sem pão
e a humanidade sem Deus.
Em nossa humilde morada
se há pouco pão sobre a mesa,
a ternura partilhada
compensa qualquer pobreza.
Quando a miséria se expressa (Niterói 1999)
em mão tímida que implora,
qualquer pão se faz promessa
que enxuga um olhar que chora...