Magníficos Trovadores - IZO GOLDMAN

 

  IZO GOLDMAN, filho de Alberto e Esperança e nascido em Porto Alegre em 06 de novembro de 1932, entrou para a Trova em 1972, levado por Magdalena Léa, em Niterói. Em 1976 transferiu-se para a capital paulista, onde reativou a Seção da UBT/SP e criou o tradicional "Boletim Informativo".  "Magnífico Trovador" por Nova Friburgo, "Notável Trovador" por Pouso Alegre, também já foi presidente estadual da UBT São Paulo, e Secretário da UBT Nacional, entre outros cargos. Lançou em 2008 o livro "Trovas de quem ama a Trova", cujo título, por si, é o cartão de apresentação do autor.
Amado por uns, odiado por outros, seu estilo contundente é inconfundível, em defesa daquela que foi sua maior paixão na vida: a TROVA!
Falecido em São Paulo, aos 12 de julho de 2013, após longa enfermidade.

 

TROVAS LÍRICO/FILOSÓFICAS

01
Meu conflito e meu fracasso
é que as trovas que componho
têm sempre os versos que eu faço,
e nunca os versos que eu sonho...
02
Esta vida é uma contenda,          (1º lugar Maricá/RJ  1983)
é um eterno desafio.
Vem o sonho – faz a renda;
vem a vida – puxa o fio.
03
A vida pôs, por maldade,
tanta distância entre nós,
que, quando eu canto, é a saudade
que faz a segunda voz...
04
A esperança é uma resposta
com malícia de mulher:
-- Sabendo o que a gente gosta,
promete o que a gente quer...
05
Para mantê-los me empenho,        (Menção Honrosa UBT Rio de Janeiro - 1980)
porque penso sempre assim:
tendo os amigos que tenho,
eu nem preciso de mim!
06
Quando os caprichos passados
vão seguindo à nossa frente,
colocam fardos pesados
sobre o futuro da gente...
07
Em minhas noites vazias,
eu faço, das madrugadas,
as eternas travessias
de viagens sem chegadas...
08
Tu partiste e é tão intensa
esta dor dentro de mim,
que chega a ser uma ofensa
saudade doer assim!...
09
É a tua ausência que aumenta
a intensidade do drama
que a saudade representa
no palco de nossa cama!...
10
Tu partiste e, na vidraça,
a chuva chora também,
por um ontem que não passa
e, um amanhã... que não vem...
11
Quando tu dizes que és minha,
teu reino sofre um agravo:
- como pode uma Rainha
pertencer ao seu escravo?!...
12
Ele trouxe ao seu rebanho
muito amor e muita luz.
Barqueiro de um barco estranho
Talhado em forma de cruz!
13
Neste mundo que se exprime
através de mãos armadas,
chega a parecer que é crime
a gente andar de mãos dadas!!!
14
Que a imprensa sempre confirme
esta verdade sagrada:
- Sua pena Quando é firme,
é mais forte do que a espada!
15
Chuva e sol, tela encantada,
onde o maior dos pintores
pinta a curva caprichada
de um arco de sete cores!
16
A mais grave das ofensas
quase sempre tem raízes
quando dizes o que pensas
ou não pensas no que dizes.
17
Trago minhas mãos manchadas
de sangue, pelos espinhos
das mil rosas perfumadas
que espalhei nos teus caminhos...
18
Esperando, apaixonado,
antes que a Lua desponte,
o Sol pinta de dourado
as paredes do horizonte!!!
19
Na beleza dos seus versos
Luiz Otávio comprova
que cabem mil universos
nos quatro versos da trova.
20
São Francisco fez do nada
sua fortuna: a Oração,
uma batina surrada,
e os três nós do coração!!!
21
Estrada que imita a vida,
velho rio de água turva,
quanta esperança perdida
vais deixando em cada curva...
22
Eu e tu, duas metades
que a vida vai separando...
Eu e tu, duas saudades
na saudade se encontrando...
23
O poeta é um sonhador
que, num verso, entrega ao mundo,
a eternidade do amor,
na volúpia de um segundo...
24
No drama de uma seresta,
nossa vida retratada:
- eu sou violão em festa,
e tu, janela fechada...
25
"Volta!", eu peço, em voz bem alta!
Antes que a minha ansiedade
faça com que o "sentir falta"
passe a chamar- se... "saudade"...
26
Esta força desmedida
das cascatas faz que eu pense
que, às vezes, também na vida,
é caindo que se vence!!!
27
A saudade me consome
e as angústias são pesadas,                                (Vencedora Niterói 1993)
quando eu murmuro teu nome
e o vento... dá gargalhadas...
28
Na jangada a vela panda                                    (Vencedora Niterói 1993)
parece um ouvido atento ,
à espera de prece branda
que há no murmúrio do vento.
29
Partir é quase morrer...                     (M. Honrosa Elos Clube SP 1992)
É deixar na despedida
um pouco do próprio ser
e muito da própria vida...
30
Teu "Adeus" eu não censuro,     ( Concurso Intersedes1994)
censuro é um erro fatal:
meu amor não fez "Seguro"
que pague a "perda total"...
31
Na velhice, as incertezas,          (Vencedora em Bandeirantes - 1990)
para ocupar os espaços,
vão empilhando tristezas
e acumulando cansaços...
32
Na imensa feira da vida,
as barracas da ironia:
a das culpas - concorrida!...      (6º lugar Três Rios/RJ, 1976)
a dos remorsos - vazia...
33
Contradição bem marcada,
que teima em nos separar:
- Meu amor toca a alvorada,       (7º lugar Pouso Alegre, 1995)
e o teu não quer acordar...
34
Jogam “xadrez” as nações,
e, no “jogo” em que se empenham,     (M. Honrosa  RJ, 1983)
sacrificam os “peões”,
para que os reis se mantenham.
35
És um arbusto florido...
Eu sou o vento que passa,                          (ME Niterói 1999)
e, num delírio atrevido,
te despe e depois... te abraça...
36
No viver o que mais cansa              (4º lugar em Pouso Alegre - 1999)
são estas andanças vãs,
correndo atrás da esperança
e perseguindo amanhãs.
37
Sem esquinas ... sem saídas ...     (2º lugar em Pouso Alegre - 2000)
muitas vidas são assim ...
Ruas retas e compridas,
e um grande portão no fim ...
38
Tentei... Lutei... Mas não pude
deixar de crescer e, agora,
desejo as boldas de gude
que em criança, joguei fora...
39 - TERNURA
A Coroa... A Cruz... Os Cravos...                (Jacarezinho/PR - 1993)
Por que deixaste, Senhor,
pagarmos com tais agravos
a ternura de um AMOR?!...
40 - JESUS
A Coroa... A Cruz... Os Cravos...     (XX Encontro de Trovadores, Petrólis - 2001)
Por que deixaste, Senhor,
pagarmos com tais agravos
tanta fé e tanto AMOR?!...
41 - CARTA
Vou queimando lentamente
tuas cartas, na ansiedade
de quem tenta, inutilmente,
queimar a própria saudade.
42
Ele trouxe ao seu rebanho
muito amor e muita luz.
Barqueiro de um barco estranho,     (5º lugar I Conc. Nac. Trovas da Bahia - 1976)
talhado em forma de cruz!
43
Chegando além do horizonte,             (Menção Honrosa em BH - 1997)
a vida é estrada comprida;
no fim da vida, uma ponte:
no fim da ponte, outra vida... 
44 
Enquanto eu tirava espinhos
das rosas que te ofertava,
deixavas nos meus caminhos           (Menção Especial em Fortaleza - 1976)
os espinhos que eu tirava...
45
Quem morreu naquela Cruz        (co-vencedora em Niterói - 1974)
foi o Corpo, nada mais.
Ninguém apaga uma Luz,
crucificando ideais!
46
Que todo mundo, ao julgar,         (Menção Especial em Pouso Alegre/MG - 1978)
recorde a imagem serena
d'Aquele que soube achar
virtudes em Madalena!...
47
Negrinho do Pastoreio,                  (1º lugar em Ribeirão Preto - 1975)
já não creio mais em ti,
pois foi saudade que veio,
em vez do amor que pedi!
48
Estrada que imita a vida,            (1º lugar Intersedes Nacional - 1986)
velho rio de água turva,
quanta esperança perdida
vais deixando em cada curva...
49
Nenhum de nós é culpado            (co-vencedora no Rio de Janeiro - 1979)
se o Destino faz trapaça,
cobrando preço dobrado
por sonhos que são de graça...
50
No livro de nossa vida,
por culpa do teu ciúme,                (Menção Honrosa no Rio de Janeiro - 1979)
a estória foi dividida
e eu fiquei noutro volume...
51
Saudade, imagem barroca,
que eu trago dentro do peito,       (3º lugar em Santos - 1976)
tem a cor da tua boca,
tem o jeito do teu jeito...
52
De braços desabraçados,
somos duas ilhas... somos        (4º lugar em Santos - 1980)
dois pedaços separados
do continente que fomos...
53
Roleta da vida, espelho
dos enganos que eu cometo;     (co-vencedora em São Jerônimo da Serra - 1994)
ponho as fichas no vermelho
e o Destino grita: "Preto"!!!
54
Porque o destino é barqueiro     (Menção Honrosa UBT Rio de Janeiro - 1980)
que cobra caro a passagem,
os sonhos dos sem dinheiro
não podem seguir viagem.
55
A vida passa depressa...
Tão depressa que, ao passar,     (Menção Especial UBT Rio de Janeiro - 1980)
nem bem faz uma promessa,
já se apressa em não pagar...
56  
Neste andejar vagabundo
sou pedra de ribanceira,
a rolar, correndo o mundo,
com saudade da pedreira...
 

TROVAS HUMORÍSTICAS

01
Da vaidade ela se exime,
é gorda mas não se importa.
Em vez de fazer regime,
mandou aumentar a porta!
02
Malandro não se mascara
nem mesmo num jogo à toa:
- em três lances pede "cara",
mas... no "quarto"... quer coroa...
03
Quando pergunta o burrinho,
diz a mula, envergonhada:
p "Tu nasceste, meu filhinho,
por causa de uma... burrada!..."
04
Na briga que o meu cabelo
e a careca estão travando,
lamento ter dizê-lo,
a careca está ganhando...
05
É tão magro que de frente,
parece que está de lado,
e de lado, simplesmente,
nem pode ser avistado...
06
Cara cheia... Perna bamba,
ele mesmo se conforta,
olha a rua e diz: - "Caramba!"
Nunca vi rua mais torta!..."
07
Quando abraço mulher feia
que não seja minha amiga,
ou estou de "cara cheia"
ou separa... porque é briga...
08
Explicava, minha amiga,
os muitos filhos que tem:
- "De dia o marido briga,
de noite... fica de bem..."
09
Ficou rico o Zé Maria
na seca do Juazeiro,
vendendo "fotografia
de chuva"... por "dois cruzeiro"...
10
Vendo alguém varrer o chão,
ele deita de comprido
e dá logo a explicação:
"Quero ser... doido varrido..."
11
A galinha está... chocada...
e o galo velho, uma bala,
porque existe na ninhada
um pinto verde... que fala!!!
12
"Casamento... - alguém já disse -
é chegar à encruzilhada
onde acaba a criancice
e começa a criançada..."
13
Todo "barbeiro" sustenta
que a batida foi assim:
- Veio um poste a mais de oitenta,
na contra-mão, contra mim!...
14
No paraquedas, fechado,
uma etiqueta dizia:
- "Se falhar ao ser usado,
reclame. Tem garantia..."
15
Se ao telefone um amigo
me pede "algum" emprestado,
eu disfarço a voz e digo:
- Senhorrr ligarrr enganado!...
16
Tenho medo de mulher
com marido, e mesmo sem...       (co-vencedora UBT Rio de Janeiro - 1979)
- da solteira, porque quer...
- da casada, porque tem...
17
O parafuso anda cheio,
pois tem o corpo enrolado,
cabeça partida ao meio
e vive sendo apertado...
18
Ao ouvido do negrinho,
diz a negrinha "espoleta":
-- Se formos para o escurinho,
a coisa vai ficar... preta...
19
No seu discurso que cansa,
o candidato ao Congresso
me lembra que "a inguinorança"
é que "astravanca o pogresso"...
20
A mini saia amarela
da professora, eu bendigo...
pois, em frente à mesa dela
é que eu fiquei de castigo!...
21
"Causa mortis" de um otário:
alergia ou resfriado.
Espirrou dentro do armário,
e o marido estava armado!
22
Sai do museu, braço dado
com sua sogra, o Sinfrônio;
e o guarda grita, alarmado:
"Tão roubando o patrimônio!"
23
"Conserto carros e pinto",
e, na oficina, que aperto!
Só velhinhos no recinto,
querendo fazer... conserto!...
24
Toda a razão do alarido
é que ela viu a pontinha
do quiabo do marido
na panela da vizinha!!!
25
Diz o Zezinho, zangado,
do zero que recebeu:
-- Não acho que escreva errado,
se escrevo, o "pobrema" é meu!...
26
O pai da moça, que é mau,
chega em casa e acaba o "baile"...
É que o Zé, "cara-de-pau",
tava namorando em... "braile"!!!
27
Ao ver um vulto suspeito,
o ciumento não poupa:
dá dois tiros bem no peito
do espelho do guarda-roupa...
28
Ela não sabe o que faça --
do marido e do fogão:
- num, o carvão faz fumaça...
e no outro, falta o... "carvão"...
29
A noiva esconde a... "cintura"...
com as dobras do vestido;
e, na igreja, alguém murmura:
-- Casório... pré concebido...
30
Ao galo meio inibido,
diz a pata sem recato:
-- Não tenha medo, querido,
meu marido é mesmo um... pato!!!
31
"Vem aí um furacão!!!,
avisa a rádio, -- Cuidado!!!"
E o genro, por precaução,
põe a sogra... no telhado!!!
32
Tomou Viagra... Fracasso...
Foi cobrar de quem vendeu:
-- E agora, como é que eu faço???
-- Enterra! Que já morreu!!!
33
Diz ela, sem esperança:
-- Toda noite eu armo o... "bote",
mas, quando tento a... "cobrança",
meu marido... dá o calote!
34
A noiva, por ironia,
na mala só vai levar
a camisola-do-dia,
que à noite... nem vai usar...
35
Se a gente fosse dar crédito
ao que diz a maioria,
só de !autor de livro inédito"
tinha uns mil na Academia!...
36
Pulando do nono andar,                  (M. Honrosa-8º lugar Nova Friburgo 1989)
o otimista diz a alguém
que, no quarto, o vê passar:
-- Até agora... tudo bem!!!
37
Diz a vagalume ordeira
ao vagalume estouvado:
-- Não me sentes na cadeira
que me queimas o estofado!...
38
A cozinha da maloca
é tão baixinha e apertada,
que, na panela, a pipoca,
não pula... fica sentada!!!
39
"Vai", "Aperta", "Assim", "Cuidado"...
Ela geme... Ele se cala...
Não há nada mais gozado
que um casal... fazendo a mala!
40
A mulher do carvoeiro
diz que o marido é uma... "graça".
pois faz fogo o dia inteiro
mas, de noite, é só fumaça...
41
Foi bem no peito a pedrada!!!
E o Manoel não gostou!!!
Vira pra trás, voz zangada,
e pergunta: "Quem jogou?..."
42
Pergunta o pai bigodudo,
com a voz meio engasgada:
-- Quem foi que pôs cola-tudo
no pote da marmelada?...
43
Grita o ajudante "fiel"
ao pintor, lá na calçada:
-- Se segura no pincel
que eu vou precisar da escada!
44
Não melindre os portugueses!
Conte as piadas assim:
-- Era uma vez dois chineses...
Manoel e Joaquim...
45
Minha sogra está doente,
e o diabo apavorado!
Se ela morre de repente,
ele está desempregado!...
46
Saias curtas ou compridas,
realmente não importa:
as casas não são medidas
pelo tamanho da porta...
47
O genro, com voz macia,
chama a sogra de... "Charada..."
pensando: -- Quem sabe um dia,
alguém "mata" a desgraçada!...
48
"Pratos rápidos", dizia,
lá no boteco o cartaz;
e quando o prato saía,
o freguês corria atrás!!!
49
Vai haver muito freguês
no dia em que alguém disser:
-”Pague duas, leve três!!!”
e, o “produto”, for... mulher...
50
Bom gosto de português                    (co-vencedora no Clube Pinheiros - 1992)
na sinuca se reflete;
toda vez que é sua vez,
ele vai na... bola sete! 
51
Pergunta o pai bigodudo,
com a voz meio engasgada:             (co-vencedora em Juiz de Fora - 1983)
- Quem foi que pôs cola-tudo
no pote de marmelada?... 
52 
Vai bem o namoro, até
que o pai dela chega, e então,       (4º lugar em Ribeirão Preto - 1996)
o garotão dá no
e a moça fica... na mão...
53
Minha sogra está doente     (Menção Honrosa em Santos Dumont/MG - 1976)
e o diabo, apavorado:
- se ela morre de repente,
ele está desempregado!...

54-A

Vida de pobre é engraçada,     (co-vencedora em São P)aulo - 2003)
ou é dura e divertida:
enquanto dança lambada,
leva “lambadas” da vida...

54-B

Vida de pobre é gozada!         (4º lugar em Sete Lagoas/MG - 1990)
É dura, mas divertida
Enquanto dança lambada,
leva "lambadas"da vida!
55
Se a saudade fosse pão,
eu simplesmente poria
na porta do coração
esta placa:  "Padaria"!