A quintessência poética do meteoro trovador - postada em 20.08.2008 -

A quintessência poética do meteoro trovador
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       Edna Valente Ferracini nasceu em Marília, região da Alta Paulista, mas há bastante tempo reside na zona norte da capital paulistana, onde foi professora até sua recente aposentadoria.

       Assim como os meteoros surgem repentinamente, ela também surgiu na Trova de repente. Apareceu na UBT – Seção São Paulo através de Renata Paccola e, em pouquíssimo tempo, ascendeu a uma posição que a torna digna de atenção.

       Poetisa de rara sensibilidade, Edna se entusiasmou pela Trova e, “contagiada” pelo nosso “vírus”, tornou-se uma trovadora de notável expressão.

       Com pouquíssimo tempo de UBT, Edna emplacou sua primeira classificação nos mais cobiçados Jogos Florais: Nova Friburgo. O ano foi 2004, tema “Refúgio”. Edna alcançou a 1ª. Menção Especial com esta delicada imagem:

Refúgio que não consola,
mas engana de verdade,
é beber uma viola
degustando uma saudade!

       Pronto! Estava dado o “grid” de largada. No ano seguinte, 2005, tema “MOTIVO”, Edna alcança o 4º. lugar, com uma trova de lirismo suave mas penetrante:

O motivo é tão perfeito...
Meia-lua... o céu em festa...
que o sonho sonha no leito
da rede que a lua empresta!

       E, em 2006, lá estava Edna novamente sendo premiada em Nova Friburgo, no tema “FRONTEIRA”, desta feita com um 3º. lugar, com uma trova em que Edna confirma sua veia lírica, ao mesmo tempo filosófica, desta vez com uma trova arrebatada:

Confinei meu sonho ousado
nas fronteiras que tracei,
mas o sonho revoltado
tornou-se um fora-da-lei!

       Silenciosamente lá estava ela, na embocadura para se tornar “Magnífica Trovadora”. Chegaria ela a esta condição? E chegou 2007, tema “MENSAGEM”, no qual Edna obtém o 5º. lugar e se consagra Magnífica Trovadora em Lirismo nos Jogos Florais de Nova Friburgo, mais uma vez com uma trova em que consegue um bonito efeito expressivo, um amálgama de lirismo e filosofia:

A mensagem dos meus lábios
em resposta à sua ofensa
tem o silêncio dos sábios,
que outra resposta dispensa!

       Lá estava o meteoro trovador, Edna Valente Ferracini, sagrando-se Magnífica Trovadora em Nova Friburgo. Despertou admiração, surpresa, mas – infelizmente – também despertou sentimentos mesquinhos de alguns que duvidavam de seu talento e que não admitiam uma nova trovadora alcançar tão elevado posto. Alguns atribuíram à sorte... como se fosse possível alguém ser Magnífico Trovador por sorte...

       E, silenciosamente, Edna Valente Ferracini respondeu à altura tais comentários despeitados. Em seu primeiro ano como Magnífica, ela emplaca seu conjunto de trovas, tema “SEMBLANTE”, em 2º. lugar, mostrando realmente a que veio: para brilhar e firmar sua posição como uma das melhores trovadoras do país. Eis aqui o conjunto, inegavelmente belo, com trovas muito bonitas, impecáveis e merecedoras de todos os nossos encômios:

Criei um muro entre a gente,
pensando em me defender...
Mas teu semblante, insistente,
pula o muro e vem me ver!...

O teu semblante lembrado
entre um luar e uma rede,
hoje é sonho emoldurado
que eu pendurei na parede!

Quem só cuida do semblante
e se furta ao bom conselho,
mostra na alma agonizante
o que não mostra ao espelho.

Quero beijar-te... e, distante,
grafo estes beijos à mão.
Se não tenho o teu semblante,
que viva a imaginação!

Tento agarrar teu semblante
na ilusão de ser verdade.
Mas percebo neste instante
que foi troça da saudade...

       Não há como não notarmos o vocabulário rico, as belas imagens, impregnadas de originalidade. Digno de nota, inclusive, é que Edna tem um talento raro: em pouco tempo de trova, não só alcançou uma posição privilegiada, como é capaz de expressar-se em trovas filosóficas que, geralmente, só poetas de muita vivência são capazes de exprimir. Ela é igualmente competente tanto em trovas líricas como em filosóficas.

       Fazemos votos de que a quintessência poética do meteoro trovador continue a brilhar no céu da UBT, legando para nós miniaturas da poesia que amamos e que vale a pena ser amada: a TROVA!
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Texto do Prof. Pedro Mello