XIX Jogos Florais Porto Alegre - 2007

XVIII JOGOS FLORAIS DE PORTO ALEGRE
(Comissão Julgadora dos temas “Nau” e “Mastro” = Flávio Roberto Stefani, Cláudio Derli Silveira, Carmen Pio, Doralice Gomes da Rosa, Marisa Vieira Olivaes , Marlê Beatriz Araújo e Severino Silveira de Sousa..

ÂMBITO NACIONAL - TEMA “NAU”

VENCEDORES: (por ordem alfabética)

O destino, comparando
a vida aos mares medonhos,
é nau pirata roubando
a nossa carga de sonhos!
ARLINDO TADEU HAGEN – BH

Nau forte não teme as vagas
que o mar poderoso alteia
e enfrenta o mar de outras plagas
quando, a singrar, devaneia...
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO – RJ

Fui dos mares... mas a vida,
me levando a mocidade,
fez de mim nau esquecida
no estaleiro da saudade...
MARINA BRUNA – SP

Nau que bem pouco aparenta,
sem requintes de navio,
quando enfrenta uma tormenta
se iguala... no desafio!
NEIDE ROCHA PORTUGAL – Bandeirantes

No mar revolto da vida,
mesmo sem ter o roteiro,
sei que não sou nau perdida
porque Deus é o timoneiro.
THEREZINHA DIEGUES BRISOLLA – SP

 

MENÇÕES HONROSAS

Não conheço tempestade
que me leve de vencida
pois nau que é nau de verdade
não teme as ondas da vida!
ARLINDO TADEU HAGEN

Sou nau que no mar avança,
sem rumo, sem direção.
Nas velas, levo a esperança...
Nos mastros, meu coração...
ALMIRA GUARACY REBELLO – BH

O que faz com que eu reviva
são as mágoas que transponho;
sou nau que mesmo à deriva
encontra o porto do sonho!
CLENIR NEVES RIBEIRO – Nova Friburgo

Somos duas caravelas,
duas naus do mesmo porte,
navegando em paralelas
– eu ao Sul, você... ao Norte.
EDNA VALENTE FERRACINI – SP

Nau perdida, mesmo errante,
não se curva aos vendavais:
- Quem tem um bom navegante
nem precisa achar o cais!
NEIDE ROCHA PORTUGAL

 

MENÇÕES ESPECIAIS

Nau à vela, navegando,
lembra uma imagem assim:
um alvo lenço acenando
num horizonte sem fim.
ABÍLIO KAC – RJ

O sol, da aurora ao poente,
no intenso fulgor que agrega,
feito nau incandescente,
num mar de nuvens navega...
EDMAR JAPIASSÚ MAIA – RJ

São meus sonhos, sem aprumo,
por tormentas e emoções,
naus que perderam o rumo
no mar das desilusões!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA

Em noite de tempestade,
no revolto mar da vida,
a minh’alma, de saudade,
transformou-se em nau perdida.
JOSÉ GILBERTO GASPAR – São Bernardo do Campo

Viver sem sonhos, presumo,
é ter a ilusão perdida,
parecendo nau sem rumo,
a vagar no mar da vida!
JOSÉ VITOR DE PAIVA – Pouso Alegre

Nau encalhada em rochedo
põe o marujo a rezar.
- Não é da morte o seu medo...
O medo é de não voltar!
Neide Rocha Portugal

Naus sem rumo são meus sonhos
que, nos mares do destino,
enfrentam tufões medonhos
por tesouros que imagino...
SÉRGIO BERNARDO – Nova Friburgo

Sou nau em mares bravios,
que, tendo por leme a fé,
enfrenta até desafios
de singrar contra a maré.
WANDA DE PAULA MOURTHÈ - BH

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TEMA “MASTRO” = (Humorísticas)

VENCEDORES (por ordem alfabética)

“Deixo seu mastro novinho”,
leu no anúncio do jornal.
Foi ao local, o velhinho:
- Era estaleiro naval!...
ALBA HELENA CORRÊA – Niterói

Diz o Zeca, num gemido:
- Com que saudades me lembro!
Hoje, pra mim, mastro erguido
só no Sete de Setembro...
HÉRON PATRÍCIO – SP

- Casei-me, sim, com o Castro,
que... podia ser meu tio...
Mas... pelo “naipe” do mastro
é que se compra o navio!
JAIME PINA DA SILVEIRA – SP

Sogra no barco: piada,
com a velha não me encaixo;
no mastro vai amarrada
e de cabeça pra baixo...
JOSÉ GUARANY RODRIGUES – Pindamonhangaba

Na jangada envelhecida,
o velhinho bem que tenta
conservar a vela erguida,
mas o mastro não agüenta!...
SÉRGIO BERNARDO – Nova Friburgo

 

MENÇÕES HONROSAS

Virou baderna o quartel,
descobriram pelo rastro,
que tem até coronel
escorregando no mastro!
AILTO RODRIGUES – Nova Friburgo

É velha a minha canoa,
já tentei vendê-la até.
Eu sei que a madeira é boa
mas o mastro... já não é...
DJALDA WINTER SANTOS – RJ

Depois de olhar bem, diz ela,
escondendo um riso, a custo:
não dá... Minha caravela
pede um mastro mais robusto!
JOSÉ TAVARES DE LIMA – Juiz de Fora

Meu barco – velho e sem lastro –
não sobe nem mansos rios!...
- Murcha a vela... entorta o mastro...
(E eu, na rede... “a ver navios”...)
MARIA MADALENA FERREIRA – Magé

Cansado, o Zé nem suspeita
que a mulher esconde o rastro,
e enquanto dorme, ela ajeita
a bandeira em outro mastro!

PAULO BELÓRIO FAIER - Nova Friburgo
 

MENÇÕES ESPECIAIS

Ah, velho mastro caído,
que triste é vê-lo no chão...
Faz tempo, não o vejo erguido
na popa da embarcação!...
ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS – Maringá

Ante o barco, sente a bela,
irresistível encanto...
É, porém, bem mais que a vela,
o mastro que a empolga tanto!
ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS

Passa a Escola... e, ao fim da zoeira,
o mestre-sala, em seu rastro,
flagrou a porta-bandeira
dando um trato em outro mastro!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA

- Homem ao mar... na tormenta,
Joaquim o mastro largou:
- Ordem é ordem, comenta...
- fez continência... e saltou!
ÉLBEA PRISCILA DE SOUZA E SILVA – Caçapava

Enfrentou o mar bravio
levando a mulher do Castro,
e provou que seu navio
é o melhor que tem, de mastro...
MARGARIDA TANINI – Juiz de Fora

Porta-bandeira chorando:
_ Às vezes, dói, mas não falo...
vivo o mastro segurando...
Na mão já tenho até calo!
THEREZINHA ZANONI FERREIRA - RJ

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ÂMBITO ESTADUAL (apenas para o Rio Grande do Sul)
(Comissão Julgadora dos temas “Cais” e “Marujo” = Antonio Augusto de Assis, Ademar Macedo, Edmar Japiassú Maia, Domitilla Borges Beltrame, João Costa, Maria Lúcia Daloce, Sérgio Bernardo e Thereza Costa Val.)

TEMA: “CAIS” VENCEDORES (por ordem alfabética)

Singrei mares de agonia,
lutei contra vendavais,
para achar a calmaria
que só encontro em teu cais.
LISETE JOHNSON – POA

De esperas fiz meu passado...
e compondo a vida assim,
tornei-me um barco ancorado
no cais do porto de mim...
MARISA VIEIRA OLIVAES – POA

No barco do amor, um dia,
sonhei navegar... quem dera...
- O barco era uma utopia
preso ao cais de uma quimera!...
MARISA VIEIRA OLIVAES

Quando o mar da vida, escuro,
sufoca a esperança viva,
Deus é sempre o cais seguro
para quem vive à deriva.
MILTON S. SOUSA – POA

Sem temor e sem ressábios
hoje enfrento o mar fremente,
para no cais dos teus lábios
aportar meu beijo ardente.
WILMA MELLO CAVALHEIRO – Pelotas

 

MENÇÕES HONROSAS

Imitando o meu lamento
por quem não me preza mais,
ouço a voz triste do vento
na plataforma do cais!...
CLÁUDIO DERLI SILVEIRA – POA

Amores, contei nos dedos,
desilusões, contei mais,
só não contei os segredos
que deixei junto a este cais.
DORALICE GOMES DA ROSA – POA

Ao cais da ilusão parti
em busca de um sonho a mais;
no vazio eu percebi
nada haver... além do cais...
MARISA VIEIRA OLIVAES

O farol do amor é o marco
que orienta a alma perdida:
Cristo é o cais que acolhe o barco
que vaga no mar da vida.
MILTON SOUZA

O velho cais destruído
pelo mar aterrador
ficou muito parecido
com nosso sonho de amor...
MILTON SOUZA

 

MENÇÕES ESPECIAIS

Sou irmão dos vendavais,
dos mares que naveguei,
deixando de cais em cais
amores... que conquistei!
CLÁUDIO DERLI SILVEIRA

Sendo forte, sendo inquieta,
com requintes de magia,
a trova é o cais do poeta,
onde se amarra a poesia!
FLÁVIO ROBERTO STEFANI – POA

Se a violência é demais,
num mar que não se detém,
pega o rumo de outro cais,
onde o amor ancore o bem.
FLÁVIO ROBERTO STEFANI

Velho navio ancorado
que os mares não singra mais,
também fui abandonado
na solidão deste cais.
MAGNÓLIA DA ROSA – POA

No cais da ilusão deixei
meu coração sonhador...
E jamais desatraquei
meus lindos sonhos de amor...
MARISA V. OLIVAES

Canto e riso na partida...
mas no cais o canto é dor,
sempre que o barco da vida
volta vazio de amor...
MARISA V. OLIVAES

Foi dura a separação...
E eu sigo nessa ressaca:
no cais do meu coração
somente a saudade atraca...
MILTON SOUZA

No amor, deixe o leme solto:
o vento indica aonde vais...
No amor – sempre – o mar revolto
é mais seguro que o cais...
MILTON SOUZA

Numa ilusão, tal criança,
volto sempre ao mesmo cais,
naquela doce esperança
de te ver uma vez mais.
NEOLY VARGAS – Sapucaia do Sul

Voltei feliz para vê-la.
Frustração. Não me quis mais.
Somente os olhos da estrela
me viram chorar no cais.
WILMA MELLO CAVALHEIRO

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TEMA “MARUJO” - (Humorísticas)

VENCEDORES (por ordem alfabética)

Marujo ao pisar na areia
traz do mar lendas estranhas,
nunca viu uma sereia
mas fisgou muitas piranhas.
DORALICE GOMES DA ROSA

Marujo, em tempo de guerra,
solo firme é o que mais quer:
- prefere “tombar” em terra,
nos braços de uma mulher!...
MARISA V. OLIVAES

O marujo, em alto mar,
faz motim, reclama e xinga:
“Comida pode faltar,
mas não pode faltar pinga!!!”
MILTON SOUZA

Quando a Olívia reclamou
dos “deveres” do marido,
o marujo retrucou:
- o espinafre tá vencido!
NEOLY DE OLIVEIRA VARGAS

Ela diz em tom brejeiro:
- Cumpro bem o meu papel.
Quero o amor do marinheiro
e o soldo do coronel.
WILMA MELLO CAVALHEIRO

 

MENÇÕES HONROSAS

Marujos em alto mar,
habituados às baleias...
Nas areias... nem pensar!!!
Só querem fisgar sereias.
LISETE JOHNSON

Os marujos de Cabral,
num jejum de carne e afins...
saciaram-se, no geral,
com coxas tupiniquins!!!
LISETE JOHNSON

“Volto em breve” – eis a promessa
de todo marujo esperto,
e como promete à beça,
não volta nunca, por certo.
LUIZ MACHADO STÁBILE – Uruguaiana

Ao marujo que anda absorto,
cuida que o dito malogra,
“um amor em cada porto”
e em cada porto uma sogra!
NEOLY DE OLIVEIRA VARGAS

Cansado, o velho marujo
tenta a manobra no cais,
o caso é que o dito cujo
nem consegue atracar mais.
NEOLY DE OLIVEIRA VARGAS

Com marido quarentão,
a velha disse o seguinte:
vou trocar meu capitão...
por dois marujos de vinte!
PAULO ROBERTO DE FRAGA CIRNE - POA

 

MENÇÕES ESPECIAIS

Do meu destino não fujo;
o que eu quero é rosetar,
pois pra um valente marujo
não faltam mulher e mar!
DELCY R. CANALLES – POA

Marujo velho, o Raimundo
quando em vez dá uma ensaiada,
levanta a vela e vai fundo
mas qual, só nada, mais nada!
DORALICE GOMES DA ROSA

Chega o navio... e as mocinhas
vão rever o dito cujo,
mas a fila das “gordinhas”
quer o escalpo do marujo...
FLÁVIO ROBERTO STEFANI

Ao grito dos vigilantes:
- Homem ao mar! Seus desviados!...
Dez marujos ofegantes
quase morrem afogados!!!
LISETE JOHNSON

Marujo, velho marujo,
na lábia dela não vais.
Conheces o dito cujo”
e é por isso que não cais.
LUIZ MACHADO STABILE

O marujo acostumado
às ondas jamais tonteia,
mas na terra, se ‘molhado”,
anda tonto, volta e meia.
LUIZ MACHADO STABILE