Reivaldo Canela

Reivaldo Canela

 

              “Registrado REIVALDO SIMÕES DE SOUZA, é mais conhecido, e assina quando escreve, REIVALDO CANELA. Nasceu em Montes Claros, a 31/07/1933. Filho de Cândido Simões e Laurinda Prates Canela. Casado com Shirley Veloso Milo Simões, com quem teve 4 filhos: Rosângela, casada com Rubem; Carlos Frederico, casado com Cláudia, pais de Anderson; Rosana e Marcos Alexandre, solteiros. É advogado militante. Colabora com os 3 jornais locais. Escreve uma crônica, edita e produz a PÁGINA CRIANÇA do O Jornal de Montes Claros, há muitos anos. É romântico – e não nega, - gostando de escrever ‘à antiga’. Um de seus temas preferidos é a Proteção à Natureza, quando incentiva, principalmente as crianças e os jovens a amá-la e defendê-la.

ANTOLOGIA DA ACADEMIA MONTESCLARENSE DE LETRAS

VOLUME II

EDIÇÃO COMEMORATIVA DOS VINTE ANOS DE SUA FUNDAÇÃO

13/09/1966 – 13/09/1986

 

             

RECADO A JOSÉ FABIANO

( em Belo Horizonte )

Reivaldo Canela –

 

Poeta:

Como você bem sabe, a poesia "existe". Jamais alguém a fez – além D'Ele. E o sentimental – só ele – a percebe.

Assim, ao nosso ousado entender, é poeta quem sente a poesia, é por ela tocado, mesmo não sabendo, não conseguindo transmiti-la ao par, disseminar entre os irmãos aquele encantamento. E quantos são – milhares, milhões – os poetas passivos!...

Ativos-passivos serão os privilegiados poetas que têm a felicidade e o divino toque: percebem, se nutrem e transmitem, na letra grandiosa, fulgurante, a poesia imaculada ao mundo receptivo. Estes não serão os simplórios versejadores.

Caro poeta José Fabiano, este recado é, antes de tudo, o amplexo deste admirador; o agradecimento ao Destino, que nos premiou com dois exemplares de sua "Caixinha de Trovas".

Trova, delicado trovador, é o minúsculo grande poema onde se encerra o Infinito, quando a Poesia premia e vivifica a quadra bem feita, métrica, rima, cadência, musicalidade, de técnica perfeita.

Um dia, em modesto trabalho – quase ensaio – dissemos do Soneto, "pequeno grande poema". E a trova dizemos "minúsculo grande poema".

 

Dificílima a arte da quadra perfeita, se o artista-artífice é poeta, eis a Trova! Eis o poema tão poucas vezes conseguido: tão buscado por todos...

              O Destino, como dissemos, na pessoa da bonita mocinha Mônica G. Dupim, nos trouxe às mãos dois exemplares de "Caixinha de Trovas". E nos encarregou de passar um deles a outra pessoa ligada à literatura. Demo-lo à escritora e poetisa Ivonete de Oliveira Silveira, presidente da nossa Academia Montes-Clarense de Letras, e a seu esposo, o também escritor e poeta Olintho da Silveira. E já lhe soubemos, de ambos, muitos elogios.

 

Suas trovas, poeta, são perfeitas. São Trovas!

 

              Meu pai, Cândido Canela, também poeta, cultiva com carinho a trova. Dele, premiada, é esta:                           

 

"Criança, bem comparando,

                            num pensamento profundo,

                            é o lenço branco enxugando,

o eterno pranto do mundo."

 

Das 100 trovas de sua "Caixinha", transcrevo a primeira, para que os leitores de "O Jornal de Montes Claros" sintam-lhes a qualidade. São todas perfeitas: filosóficas, românticas, inteligentes, cultas. Belas.

 

"Com o amor no coração,

livrei-me de mal que tinha:

minha voz, que era um trovão,

hoje é só uma trovinha."

             

Nosso abraço, Zé Fabiano. E obrigado.

 

( "O Jornal de Montes Claros", MG, de 26 e 27/07/1986 )

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  JOSÉ FABIANO, Embaixador da Barroca, Belo Horizonte, é nosso habitual colaborador.
Matéria postada em 21.06.2010.