Sérgio Fonseca - Mesquita/RJ (via Nova Iguaçu)

Imagem removida.       SÉRGIO FONSECA  nasceu em Nova Iguaçu/RJ,no dia 07 de agosto de 1944, filho de Luiz da Costa Fonseca e Floripes Ferro Fonseca.Letrista. Poeta. Cronista. Formado em Letras pela UFRJ, professor de literatura e língua portuguesa Publicou, aos vinte e um anos, o livro "Trovas que a Vida Inspirou".  Em 1999, "Canto Baixo"-poesias; em 2002, "Dois dedos de prosa e um de poesia" (Poesia e Prosa). Em 2006 foi Secretário de Cultura de Mesquita, onde reside. Tem mais de duzentas músicas de sua autoria gravadas por inúmeros nomes famosos, como Zeca Pagodinho, Agepê, Alcione, Lecy Brandão, Originais do Samba, Elizeth Cardoso, Léo Jayme, Angélica, Neguinho da Beija-Flor, etc.
                    
Sergio Fonseca é um  trovador que muito cedo, em 1963, entrou para o GBT(Grêmio Brasileiro de Trovadores), liderado por Luiz Otávio, e que assinou a ata de fundação da UBT(União Brasileira de Trovadores), em 21 de agosto de 1966. Depois, por razões de estudo e trabalho, afastou-se do movimento trovadoresco em 1968, retornando por volta de 2012.. Trovador e compositor musical de raro talento.
 

TROVAS LÍRICAS/FILOSÓFICAS/AFINS

O perfumado arrepio
de tuas mãos carinhosas
tem esse sopro macio
que acorda o sono das rosas...            (8º lugar Caicó/RN 2019)
 
Nas trevas do labirinto
de ciúme em que me perco
quanto mais amor eu sinto,
mais a dor aperta o cerco!     (M. Honrosa Nova Friburgo 2019)
 
Não há decreto de lei,
que regule, em mesma escala,
o que escreve a mão de um rei
e a língua que o povo fala!      (2º lugar Nova Friburgo 2018)
 
Há de ser bom de arte e engenho
quem tem na vida em que vive
viola como a que eu tenho,
amores como os que eu tive...     (5º lugar Maringá 2018)
 
Pobre de quem na partida,
não tem claro aos olhos seus
se o aceno da despedida
é de até-logo ou de adeus!      (8º lugar Santos 2018)
 

Inda te trago no peito,
velho cinema “poeira”:
meia entrada com direito
                                                   de sonhar a vida inteira.      (1º lugar Juiz de Fora 2018)
 
Tenho, nas lutas da vida
a esperança renovada:
cada derrota sofrida
                                                                      é uma vitória adiada…,     (vencedora Pindamonhangaba 2018)
 
Feliz de quem, no abandono
das mais ásperas esperas,
vai, de outono em outono,
                                           semeando primaveras!     (5º lugar Caicó 2016)
 
Tudo que fere ou magoa
e que nos causa pesar,
vem desaguar na lagoa
                                                           que cada um traz no olhar...     (premiada em Saquarema 2015)

 
Às vezes, num tom disperso;
às vezes, num tom profundo,
a poesia está no verso
das coisas simples do mundo!   (Conc. Paralelo Nova Friburgo 2014)
 
Pobre de quem, nos desvãos
do remorso e da inocência,
acha que, lavando as mãos,
a água lava a consciência.     (M. Especial Porto Alegre 2013)
 
Suave que seja a pena,                                                          
hediondo que seja o crime,                                                   
perdão, às vezes, condena;                                                
pecado, às vezes, redime...      (5º lugar Cantagalo 2013)
 
Em minha saudade eu trago,
minha mãe – quantos desvelos! –
teus dedos cheios de afago
nos anéis de meus cabelos...     (M. Especial Niterói 2012)
 
Fugiste, tentando, louca,
legar-me a sina pior...
Tarde demais! Minha boca
sabe o teu beijo de cor!
 
Mesmo sendo feia, suja,
dolorosa e até maldita,
a Verdade sobrepuja
qualquer mentira bonita!
 
Se tens nas mãos tanta glória,
quem te compreende a amargura?
- Nem sempre o "V" da Vitória
é o mesmo "V" da Ventura...
 
De mortos enchendo a terra,
na bravura mais falaz,
o povo que ganha a guerra
acaba perdendo a paz!
 
Fugindo ao falso aparato,
a bravura é aquela chama
que dorme no anonimato
da pupila de quem ama!
 
Nos olhos de uma criança,
ante o mundo horrendo e atroz,
sempre existe uma esperança
que muito espera de nós..
 
Deste mundo as esperanças
seriam muito mais belas,
se a ternura das crianças
crescesse junto com elas.
 
Das preces não sei de cor
os gestos e os aparatos,
mas Deus me entende melhor
na linguagem dos meus atos.

Eu penso em ti de tal jeito                
e com tamanha insistência                
que chego a sentir no peito                
os passos de tua ausência.                

Quando um adeus se recorta                
contra um adeus sem lirismo,                
até soleira de porta                    
tem profundeza de abismo.                

Elos do amor quase eterno,               
eu tão só e ela tão só,                   
somos um par que foi terno                
...e hoje é calça e paletó...              

Deste mundo as esperanças
seriam muito mais belas
se a ternura das crianças
crescesse junto com elas.

Porque o pobre está com fome                
o rico não perde o sono:                
dinheiro muda de nome,                
porém não muda de dono.                

Tu nem de leve presumes
que é falsa a minha alegria:
quero que sintas ciúmes
de tua ausência, Maria.

A  inveja que não se assume,                
filha de um falso desdém,                
é uma espécie de ciúme                
daquilo que não se tem.               

Tem um poder que me atrai
pelo seu grande altruísmo
a pedra humilde que cai
medindo a força do abismo...

TROVAS DE BOM HUMOR 

Da preguiça não me queixo
e acho até que sou seu fã:
- O que não fiz hoje, eu deixo
pra não fazer amanhã!               (3º lugar Nova Friburgo 2019)
 
Isto se dá com cachaça,
com mulher e artigo raro:
- às vezes, quando é de graça,
 o preço sai bem mais caro.          (M. Especial Ibatiba/ES 2019)
 
Eu era, na infância dura,
quando, Amor, tudo sublimas,
vigia da fechadura
do quarto das minhas primas!     (5º lugar Nova Friburgo 2017)
 
Ainda está por nascer
marujo ou bruxa cigana
que consiga desfazer
o nó dos gomos da cana.      (1º lugar Campos Goytacazes 2017)
 
Sem que nada mais se perca,
nosso amor não tem futuro:
Ela vai pulando a cerca
e  eu venho pulando o muro...    (5º lugar Ribeirão Preto 2013)
 
Em meio à pancadaria
foi que eu vi, cheio de horror,
que a fraqueza da Maria
era um baita estivador...     (M. Honrosa Nova Friburgo 2012)
 
Morena dos olhos meus,
te vendo sambar assim,
eu não pergunto por Deus
e nem respondo por mim.     (5º lugar Academia Mageense de Letras 2012)
 
Damas da roda elegante
falam do anel exibido:
- Quem te deu? É di... amante?
- Não... Foi meu próprio marido!
 
Existem colégios tais,
em que - justiça se faça -
em vez das notas mensais,
quem tem mais nota é que passa...