Silvina Antunes Leal - Santos

SILVINA ANTUNES LEAL
(se não a mais, uma das mais talentosas trovadoras de Santos/SP.) 

Pus a tranca na janela
e na porta um cadeado.
- Como é que a saudade dela               (Vencedora, Rio de Janeiro - 1983)
entrou com tudo fechado?

Cronos que as horas governas,
como as fazes desiguais:
as más parecem eternas
e as boas correm demais!...

O vento sopra em surdina                        (Ponta Grossa 1986)
pelos campos... anoitece...
- E todo o trigal se inclina
como quem reza uma prece.

Por teimosia decerto
a ventura, em minha vida,                        (ME Friburgo 1989)
às vezes chega bem perto
mas foge logo em seguida...

Lembranças más do passado
sempre é melhor esquecê-las.                (6º lugar Nova Friburgo-1990)
- Repara que um céu nublado
não deixa ver as estrelas...

No meu baú de lembranças                     (M. Especial Nova Friburgo-1990)
onde o passado se esconde,
falta o rol das esperanças
que eu perdi, já nem sei onde...

Uma porta... Uma janela...
Mas o amor que em nós perdura,   (Venc. Conc. Guilherme de Almeida/SP 1990)
deu, nesta casa singela,
seu “Habite-se” à Ventura...

Volúvel e enganador,
assim és, e assim te aceito.     (M.Honrosa Conc. Guilherme de Almeida/SP 1990)
E, por migalhas de amor,
meu amor próprio rejeito...

Sonhos tão grandes e belos,
coração, quantos sonhaste...                      (Venc. Bandeirantes 1993)
Ergueste tantos castelos
e em nenhum deles moraste...

Ilusão... Sede bemvindas...
Enquanto em mim florescerdes,
as horas serão mais lindas,
e as esperanças mais verdes!...

Teus longos e finos dedos
sobre o meu corpo, atrevidos,                  (Niterói 1995)
vão garimpando os segredos
de todos os meus sentidos...

Não é um conceito novo                            (Nova Friburgo 1995)
seu direito à liberdade,
porque a Imprensa é a voz do povo
clamando pela verdade...

Em certas horas tão cheias
de nossa paixão tão rara,                      (trova 1ª colocada em Barra do Piraí, em 1996)
o sangue nas minhas veias
não corre apenas... dispara...

Antes havia entre nós
o amor que julguei perfeito.
Agora somos dois sós
dormindo no mesmo leito.

Brilha tanto a Estrela e doura
o presépio de Jesus,
que as palhas da manjedoura
parecem feixes de luz!

Tão puro era São Francisco,
tão manso de coração,
que o passaro mais arisco
pousava na sua mão!

Eu sei que a sonhar me iludo,              (M. Especial  Niterói - 1985)
mas se aceito ser assim,
é que em sonho alcanço tudo
que está distante de mim. . .