Pedro Mello

 
 
MEU ENLEIO

Se eu te escrevesse o verso mais bonito,

embora tu mereças muito mais,
um verso em que tu visses o infinito
e que pusesse estrelas onde vais...

se ele viesse a ser teu favorito
e tu o distinguisses dos demais...
eu me ajoelharia em tom contrito,
por chegar ao melhor dos ideais...

Queria dar-te um verso cristalino,
um verso puro, quase um peregrino,
um pedaço do céu e do universo...

que fossem vários... doces acalantos
que tu colhesses, plena em teus encantos,
e visses tua face em cada verso...

             29.08.2013
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SEREIA.COM

Estou on-line... e vejo neste instante
o teu “Olá” pedir minha atenção…
Parece até que não estás distante…
e as horas passam sem preocupação…

Parece que diviso o teu semblante
me convidando para a perdição…
És ardente… marota… provocante…
Posso negar, Sereia, esta atração?

Eu não sei se isto é bom ou se isto é mal,
mas acabei virando teu refém…
(A ausência de Razão me paralisa…)

Tu és minha sereia virtual…
e o teu computador é de onde vem
o canto sensual que me escraviza…

(escrito em 29/08/2008)
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A DIFÍCIL ARTE DE FECHAR GAVETAS

Nas gavetas estão os meus dias (felizes
e infelizes), a lua, um pouco de saudade,
resquícios de paixões, lembranças, ansiedade,
vestígios de mulher, amores sem raízes...

Nelas estão papéis, delírios e deslizes
de um homem descuidado e meio sem vontade,
retalhos de ilusão, sonhos pela metade,
pedaços de amargor formando cicatrizes...

Que faço se não sei fechar minhas gavetas?
Se navego o Universo em busca de planetas,
mas nada satisfaz e tudo é meio-tom?

Acostumar-me à Guerra ou procurar a Paz
- o que devo almejar? Para mim, tanto faz
eu viver ou morrer... Nenhum dos dois é bom...