Maria Thereza Cavalheiro

(foto "roubada" do blog do Pedro Mello)       

MARIA THEREZA CAVALHEIRO nasceu em São Paulo/SP a 25 de janeiro de 1929, coincidentemente sempre comemorou aniversário junto com sua cidade. Escritora, poetisa, advogada, jornalista, tradutora e ecologista. Vários livros publicados: entre outros, em 1960 lançou "Antologia Brasileira da Árvore"; em 1989 publicou "Segredos do Bom Trovar - Como fazer Trova - Exemplos práticos" e, em 2009, "Trovas para Refletir".
Como dirigente, foi co-fundadora e a primeira presidente da UBT (União Brasileira de Trovadores), seção São Paulo, em 11.09.1969, que esteve sob sua batuta até 1976, quando se afastou por problemas de saúde. Durante esse período a trova, na capital paulista, viveu momentos gloriosos, com reuniões frequentadíssimas. Estiveram presentes à reunião de fundação, entre outros, o governador Laudo Natel e a cantora Inezita Barroso. 
       Incansável divulgadora da Trova, desde 1973 sempre manteve, em vários jornais e revistas da capital paulista, a coluna "Trovas", estendida depois  a "O Radar", de Apucarana/PR, e "Bali", de Itaocara/RJ.
     De uma família de poetas. Sobrinha/neta de Yde Schloenbach Blumenschein que, literariamente é a célebre Colombina, que aprendemos a admirar, fundadora e presidente perpétua da "Casa do Poeta "Lampião de Gás" de São Paulo e prima de Amaryllis Scholenbach.
  Nos últimos anos foi assídua colaboradora do site www.falandodetrova.com.br com a coluna "Herança Poética". Desencarnou em São Paulo, no dia 02 de setembro de 2018.   

Naquele dia tristonho
puseste os olhos nos meus;
vivi na tarde do sonho,
morri na noite do adeus!

Por mais que intimide o mundo
e a vida acarrete o medo,
sempre se guarda no fundo
uma esperança em segredo.

Esconde o pranto depressa
e finge que estás contente,
que aos outros não interessa
saber as mágoas da gente.

Quem faz o bem tem a paga,
quem é bom nunca está só;
o tempo jamais apaga
o que fica além do pó.

Não haveria fronteira
neste mundo se a amizade
fosse a união verdadeira
entre toda a humanidade.

Quando em teus braços me vejo
esqueço o tempo voraz...
Na tormenta do teu beijo
quero encontrar minha paz!

Reticências... uma frase
que alguém pensa mas não diz...                (9º lugar em Nova Friburgo - 1973)
Justamente aquele "quase"
que nos faria feliz!

Se anoitece no teu dia,
pega um facho de luar,
laça uma estrela vadia,
vai outro amor procurar!

Bem pior do que a certeza
é a dúvida que nos mata:
uma, só traz a tristeza;
outra, os fantasmas desata!

Quando a dúvida se instala
dentro de um peito infeliz,
não importa o que ela fala,
já se sabe o que ela diz!

Quem perde a oportunidade
por medo de ser feliz,
não colhe nem a saudade,
que arrancou pela raiz!

Existe muita tristeza
que ao rosto jamais aflora,
guardada na profundeza
dos olhos de quem não chora.

Poder praticar o Bem
e fugir à ocasião,
perante Deus, é também
um delito de omissão!

A luz do dia esmorece...
O amarelo perde a cor...
A Deus se eleva uma prece
dos lábios de cada flor.

Cabeça revolta, inquieta,
que se volta para o céu...
Esse coqueiro é um poeta,
fazendo versos ao léu!

Às vezes, por caridade,
para evitar um tormento,
escondemos a verdade
na concha do pensamento.

Quando ocupamos as raias,
uma certeza é sabida:
por entre vivas e vaias,
atravessamos a vida!

A nossa vida é fugaz...
É bom partir sem revolta...
Quem vem ao mundo já traz
uma passagem de volta!