Trovas Espíritas

NOTA = as trovas enumeradas de 01 a 57 foram extraídas do livro "GOTAS  DE  LUZ", de Francisco Cândido Xavier, ditadas pelo espírito Casimiro Cunha.

 

01

Quem presta só para si,

preso ao que mais lhe convém,

nunca tem utilidade,

nem serve para ninguém.

02

Serás feliz se a bondade

a tua vida coroa,

quem mais ajuda, mais sabe,

quem mais sabe, mais perdoa.

03

Lisonja é moeda falsa

cunhada pela ilusão

que a nossa própria vaidade

coloca em circulação.

04

Evita a bajulação

que te aparece na estrada,

a língua do adulador

é qual lâmina de espada.

05

Aprende a orvalhar de luz

o afeto de teu caminho,

se queres amar a rosa,

não lhe condenes o espinho.

06

Na defesa da saúde,

usa a prudência e a bondade,

por vezes, mudar de médico

é mudar de enfermidade.

07

Sublime conhecimento,

distanciado do bem,

é tesouro enferrujado

que não ajuda a ninguém.

08

Dois dardos arremessamos,

lacerando o coração:

- O insulto que sai da boca

e a pedra que sai da mão.

09

Não publiques teu desgosto

por mais humilde e singelo,

quando o touro cai na praça

alguém afia o cutelo.

10

Não fujas ao teu dever

se queres ser respeitado,

para quem é preguiçoso

todo dia é feriado.

11

Quando o Céu procura um homem

que deseja conhecer,

manda que o mundo lhe empreste

dinheiro, fama ou poder.

12

Agradeçamos ao mundo

o cálix de angústia e fel,

o mármore se aprimora

a beliscões de cinzel.

13

Toda moeda que ajuda

bons e maus, crentes e incréus,

é caridade sublime

que sobe da Terra aos Céus...

14

A cabeça ambiciosa

que vive votada ao mal

escreve o favor na areia

e grava a ofensa em metal.

15

No mesmo tronco, onde a abelha

retira fortuna e mel,

a aranha escura e disforme

faz morte, peçonha e fel.

16

Quem fala pouco na estrada

evita muita contenda,

prende agora a tua língua

se não queres que te prenda.

17

Aos homens sem Jesus Cristo

não mostres, perdendo a calma,

nem o fundo de teu bolso,

nem o fundo de tua alma.

18

No esforço de vigilância,

não dispenses a energia;

onde o lobo acha um cordeiro,

volta, forte, no outro dia.

19

Às casas ricas e nobres

irás por requerimento,

mas do ninho dos aflitos

não aguardes chamamento.

20

Tem calma nas provações,

por mais duras, por mais graves...

Chega o dia em que os leões

são simples manjar das aves.

21

Nunca te deixes levar

somente pelos ouvidos;

enquanto o boi sua e sofre,

o carro espalha gemidos.

22

Que não te espante a aspereza

do espírito envenenado;

quem bebe cicuta e fel

não pode cuspir melado.

23

Embora algemado à carne,

eleva-te aos altos níveis...

O mundo faz vencedores,

mas Jesus faz invencíveis.

24

Não é a erva daninha

que mata o grão promissor,

mas a triste negligência

que mora no lavrador.

25

Quem vive nas discussões,

atendendo uma por uma,

muita vez passa na Terra

sem acender luz alguma.

26

Seja teu verbo na vida

bem sentido, bem pensado,

quem dorme, acusando os outros,

desperta caluniado.

27

Administras? Diriges?

Sê claro, justo, fiel...

O juiz muito piedoso

faz o povo mais cruel.

28

Trabalho, estudo, oração,

preguiça, paixão e vinho

são processos diferentes

que mudam qualquer caminho.

29

Tem cuidado, estrada afora,

sofrendo, sorrindo, amando...

Enquanto a galinha dorme,

a raposa está velando.

30

Entre as maldades da Terra,

não te percas, meu amigo;

se fores ver algum lobo,

conduze algum cão contigo.

31

Vigia sobre ti mesmo

se queres a própria cura,

que os erros da Medicina

não saem da sepultura.

32

Em teus hábitos no mundo,

não permaneças dormindo;

a loucura inventa as modas

e a tolice vai seguindo.

33

Se um dia fores bigorna,

seja a calma o teu segredo;

mas quando fores martelo,

rebate forte e sem medo.

34

Teme apenas a ti mesmo

na esfera de teu dever;

quem se amedronta consigo

nada mais tem a temer.

35

Quando estamos dominados

pelo egoísmo vibrante,

o mal alheio é um cabelo

e o nosso é sempre um gigante.

36

Foge à sombra da tristeza

e ao gelo do desengano;

amargura dentro d’alma

é como a traça no pano.

37

Trabalhe incessantemente

quem busque ventura e paz;

se a preguiça segue à frente,

a miséria surge atrás.

38

Jamais te esqueças na vida

deste aforismo profundo:

- “Quem é bom, dentro de casa,

é bom para todo o mundo.”

39

Não tomes por humildade

a vileza fraca e nula;

a humildade serve sempre,

mas a vileza bajula.

40

Na rota de teu dever,

vive sem mágoa e sem medo;

quem se deita, perde o tempo,

quem se rala, morre cedo.

41

Em qualquer dificuldade,

não fujas à cortesia;

mais vale negar com graça

que ceder com grosseria.

42

Procura formar amigos

com teus valores cristãos;

o destino faz parentes,

a bondade faz irmãos.

43

Onde estiveres, educa

com bondade natural;

a ignorância do bem

é causa de todo o mal.

44

Ilumina a própria senda,

faze-te sábio e melhor;

de todos os males juntos,

a ignorância é a maior.

45

Pouca fartura não mata,

frugalidade é dever,

por um que morre de sede,

morrem cem de beber.

46

Não te queixes contra o tempo

que a luta no bem te cobra;

quem aproveita o minuto

encontra tempo de sobra.

47

Aprende a buscar proveito

nas sombras de tua dor;

muita vez, do esterco imundo

a planta retira a flor.

48

Esforça-te a prol do bem

e terás horas tranqüilas;

o Senhor espalha as nozes

mas o homem deve abri-las.

49

Se o trabalho dá prazer,

se a tarefa é nobre e amiga,

vivemos em paz conosco,

sem tristeza e sem fadiga.

50

Não te refiras a trevas

no teu dia claro e lindo;

não despertes a “má sorte’,

se a “má sorte’ está dormindo.

51

Nos trilhos do bem, não chores

se segues caluniado...

Na Terra, há muito desprezo

que traz honra ao desprezado.

52

Somente amamos na Terra

a verdade nobre e rica,

quando essa mesma verdade

não nos fere ou prejudica.

53

Evita o rosto agradável

de sorrisos escarninhos,

cuja boca vive cheia

de pedras, cobras e espinhos.

54

Em teu reconforto, ampara

quem segue na senda estreita;

no mundo, às portas da festa,

a provação vive à espreita.

55

Aquele que foge à luta,

temendo a infelicidade,

despreza, sem perceber,

o dom da oportunidade.

56

Notamos por toda a parte,

nos Templos do mundo inteiro,

grandes lobos que se ocultam

em fina lã de cordeiro.

57

Há serpes ao pé do altar

de mente escura e cruel,

raposas que dão balidos

gemendo com voz de mel.
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