Fazendeiro e advogado (pela Faculdade de Direito de Niterói, turma de 1942), morando em Bandeirantes / PR em 1960, Adalberto foi a Nova Friburgo assistir aos I Jogos Florais de Nova Friburgo. Encantou-se com o movimento e, já no II, tema "saudade", era dele o 19º lugar. Em 1962 estiveram em sua casa os "Secretários de Estado" de Luiz Otávio: Aparício Fernandes e Zalkind Piatigorsky. O resultado foi a fundação da Delegacia do G.B.T. em Bandeirantes e, em 1965, os seus I Jogos Florais. Nascido em Cataguazes/MG, em 15 de março de 1913, filho de Azarias Vieira de Rezende e Maria Emilce Dutra de Rezende.
De suas três filhas, todas envolvidas com a arte de poetar: Mariléa, Mariclaire e Marilúcia, esta última, no mesmo ano do falecimento do pai, galgou o posto de "Magnífica Trovadora" em Friburgo, exatamente no palco onde Adalberto fora apresentado oficialmente à Trova.
Em mais uma dessas incríveis coincidências que fogem à explicação no parâmetro humano. Assim como, por outra coincidência, faleceu em 1999, no dia14 de novembro, exatamente na data de aniversário de Bandeirantes, onde foi sepultado, no dia comemorativo à Proclamação da República.
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A missão será cumprida,
quer tu acertes ou falhes; (Ribeirão Preto 1991)
Deus traça as linhas da vida,
e o destino, seus detalhes...
Quem oprime o pensamento,
a inteligência de escol,
é nuvem, no firmamento,
tentando esconder o Sol.
Na infância eu ia cantando
uma canção terna e amiga,
mas a vida foi mudando
toda a letra da cantiga!...
Vida, canção que se esgota
com o tempo que a castiga...
e cada sonho é uma nota
a compor essa cantiga!
Sob a luz do Sol nascente
segue o velho, estrada a fora...
- É uma gota de poente
vagando dentro da aurora...
Ao chegar a abolição,
que surgiu com falso enleio,
foi se embora a escravidão
e a liberdade não veio!
Primeiro amor... era inverno,
nós dois saindo da infância...
Fica mais puro, mais terno,
visto através da distância!
Como a sombra é muita gente
que, em horas boas ou más,
ou nos vai fugindo à frente
ou nos vem seguindo atrás.
Se uma nuvem tem por meta
vedar do Sol o clarão,
não veda, apenas projeta
a própria sombra no chão.
Unidos, nunca dispersos,
vivem brincando os meninos.
Depois... caminhos diversos,
encruzilhadas, destinos!
Nossos destinos evitam
nos unir, pelas estradas,
e os meus passos se limitam
a seguir tuas pegadas...
De tédio o rio enlouquece
na solidão das quebradas...
e a cachoeira parece
ser as suas gargalhadas.
Aquele sonho secreto,
que minha alma acalentou,
foi seu brinquedo dileto
e o meu destino o quebrou!
Medita o velho tristonho
e, em monólogo, baixinho, (Vencedora em Niterói - 1985)
parece chamar um sonho
que se perdeu no caminho...
O tempo vai se arrastando...
o seu pêndulo balança
e a gente vai se agarrando
em pedaços de esperança!...
As curvas e encruzilhadas
quantas mudanças contém,
modificando as estradas
e os transeuntes também!...
A uma alegria alcançada
vem a tristeza, em seguida...
Estrada toda manchada
de sombra e luz - nossa vida!
Não passa o tempo, ao contrário,
todo passado é presente:
se passa no calendário,
não passa dentro da gente.
A esperança sempre tem
um jeitinho enganador:
é tão verde quando vem,
depois vai mudando a cor...
Minha vida transcorreu
em tão louca disparada,
que o poente apareceu
e era, ainda, madrugada!...
Conta-me histórias, às pressas,
a esperança e eu fico a ouvi-las...
e, contando-as, faz promessas
sem intenção de cumpri-las!
Por uma falta de senso
eu a deixei... que tolice!
E o nosso amor era imenso
- foi a saudade quem disse...
O que faz triste uma ausência
é a brevidade da vida,
por isso é curta a existência
para conter despedida.
Quando minha alma se atreve
a sonhar um pouco mais,
a esperança diz: "em breve"
e o destino diz: "jamais"!
Que o negro ao branco revele
sentenças deste teor:
a alma humana não tem pele
e a virtude não tem cor.