ANTONIO TORTATO, o "Prefeito Poeta", além de ter comandado a Prefeitura de Paranacity, foi também Secretário de Governo em Maringá. Era um grande entusiasta do Movimento Trovístico. Deixou vários livros, inclusive um de trovas: "Sempre Fica Uma Saudade"-1969.
Filho de Ângelo Tortato e Iolanda Tortato, nasceu em Curitiba no dia 20 de dezembro de 1934 e faleceu em 03 de agosto de 1992.
Do primeiro amor, querida,
há razão no que se diz:
- mesmo curada a ferida,
permanece a cicatriz.
Meu destino não lamento
nesta vida transitória.
- O amor pode ser tormento,
mas amar é minha glória!
Da vida pelos caminhos
sofremos duros percalços.
- Não devem plantar espinhos
aqueles que andam descalços!
É sonâmbulo o calhorda
e a esposa nem nota nada:
todas as manhãs acorda
no aposento da empregada...
Médico bom, conjetura
com galhofas um bilontra,
é aquele que se procura
e, por sorte, não se encontra!
Político de visão,
agia de forma clara:
ao mudar de opinião,
jamais mudava de cara!
Por minha sogra alimento
o respeito mais profundo:
quando do meu casamento,
já não era deste mundo!
Reformas? Violentamente
todos se põem a pregar.
O que vê, no entanto, a gente?
Ninguém quer se reformar!
Coração que estás tão frio
e nada te aquece e cobre,
andas de amor mais vazio
do que algibeira de pobre!
Pediu o vivo doutor
à cliente bem legal:
não diga onde sente a dor,
eu acharei o local...
À cliente, que o procura,
prescreve o médico astuto:
- Dor na língua a gente cura
pelo repouso absoluto!
Curou-lhe o mal, sem demora,
o bom doutor, quando disse:
- Nada de grave, senhora,
são sintomas de velhice!
Tão desconfiado ele andava,
o paspalho, sem razão,
que os próprios dedos contava
a cada aperto de mão!
Não há genro mais pacato
do que aquele, com certeza:
- "Em minha sogra só bato
em legítima defesa!"
Se as mulheres falam tanto,
o motivo é elementar:
quer no riso, quer no pranto,
têm preguiça de pensar!
O inquérito começou
e o inspetor é interrogado:
- O cadáver, como o achou?
- Morto, senhor delegado!