Célia Guimarães Santana = 02.02.1936 - 08.04.2025

  www.falandodetrova.com.br

                                 CÉLIA GUIMARÃES SANTANA = 02.02.1936 - 08.04.2025

       Comecei a frequentar eventos de premiação de trovas literárias em 1999. Esses eventos costumavam (e costumam, até hoje), ser muito animados, recebendo trovadores/as de vários estados brasileiros. Graças a esses encontros, hoje tenho amigos poetas desde o Rio Grande do Sul até Rondônia.

       Durante esses primeiros encontros notei que havia uma pessoa que vinha de mesa em mesa, solicitando que escrevêssemos em um caderno que ela trazia, uma trova de nossa lavra, acompanhada de data e assinatura. Como se fosse daqueles antigos diários de recordações que alunas particularmente  passavam entre os colegas nos bons tempos de escola.

       Achei muito curioso esse cuidado carinhoso que aquela senhora tinha para com seus irmãos trovadores. Sempre tive vontade de adotar igual procedimento mas o tempo foi passando, passando, muitos amigos foram morrendo e eu nada fiz. Mas, enfim, foi assim que vim a conhecer a grande trovadora mineira e ser humano do melhor calibre, chamada CÉLIA GUIMARÃES SANTANA. 

       Nascida na pequena e simpática Santana de Pirapama no dia 02 de fevereiro de 1936, radicando-se depois em Sete Lagoas. Autora premiadíssima, desde cedo demonstrou sua paixão por poesia e mais notadamente pela modalidade Trova. foi casada com Celso Esteves Santana. Ingressou na UBT: União Brasileira de Trovadores em 1969, aos 33 anos.

       Célia tinha um problema de saúde desde 2014, quando exames detectaram os primeiros sinais de Alzheimer e passou a receber os cuidados da Terapeuta Ocupacional e Fonoaudióloga Cíntia Alves.

       Pois bem, a ilustre poetisa que tão bem representou o nome de Sete Lagoas por esses rincões brasileiros, depois de árdua batalha  enfim descansou, no dia 08 de abril de 2025, aos 89 anos de idade. Rogamos ao Pai Maior que lhe reserve o melhor lugar. Ficam, conosco, uma saudade muito grande e suas belíssimas trovas, algumas das quais poderemos apreciar a seguir.

Saudade é tão atrevida,
que não perde uma viagem.     (trova vencedora em Belo Horizonte - 2005)
Vai perto de mim na ida,
na volta vem na bagagem!

Eu não me canso de olhar                      (M. Especial em Niterói - 1985)
tua foto desbotada.
Não preenche o teu lugar,
mas... sonhar não custa nada!

Com versos ganho amizade.
Da solidão sou isenta...
Pois a trova, na verdade,
é qual pão que me sustenta!

Sobe a tarifa postal...
E eu tento encontrar um meio
de treinar algum pardal
para ser "pombo-correio"!

Moleza tão evidente
foi a daquela senhora ...                     (Friburgo 1990)
que... pra morrer de repente,
demorou mais de uma hora !

 Sobe a tarifa postal...
E eu tento encontrar um meio
de treinar algum pardal
para ser "pombo-correio"!

                                                  E eu completaria:

Na Trova foi soberana,
só deixa lembranças boas!
Célia Guimarães Santana!
Célia... de Sete Lagoas!