CELINA FERREIRA, filha de José Custódio Ferreira e Maria de Oliveira Ferreira, nasceu em 27 de setembro de 1928, em Cataguases, pequenina cidade de Minas Gerais, numa época em que a grande diversão era o circo, com seus palhaços, trapezistas e malabaristas, e radicou-se, mais tarde, no Rio de Janeiro. Jornalista, redatora (inclusive da Rádio MEC) e poeta admirada por Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, a autora escreveu para rádio e televisão e, como adora crianças, fez muita literatura infantil, pela qual recebeu o Prêmio de Literatura Infantil do Estado da Guanabara, em 1971, e o Prêmio Brasília de Literatura Infantil e Juvenil, em 1978. "Poesia de Ninguém" e "Espelho Convexo" são dois dos vários livros que lançou.
Se no céu Jesus faz arte,
diz-lhe a Virgem, docemente:
- Olha que eu mando levar-te
para o mundo novamente!
O primeiro beijo dado,
entre medo e comoção,
tem, no gosto de pecado,
a certeza do perdão.
No dia em que ele chegar
vou fingir estar zangada.
Quanto mais zanga eu mostrar,
tanto mais serei beijada.
Quebrando o protocolo, um pequeno poema de Celina Ferreira:
Ele me beija tão manso
Ele me beija tão manso
que eu penso tudo: cascatas
brotando dentro de mim.
Penso flores, penso musgo,
pedrinhas claras, redondas.
rolando dentro de mim.
Penso nuvens transparentes,
areias brancas, desertos,
mares longínquos de mim.
Ele me beija tão manso
que me perco no meu mundo
tão pequeno e tão sem fim!
(Celina Ferreira)