CLODOALDO DE ALENCAR nasceu em Quixadá/CE no dia 02 de agosto de 1905. Foram seus pais: Cláudio Gomes e Maria Gomes de Alencar. Advogado. Seus primeiros livros foram "Archotes" e "Orós" (poesias). Residia em Aracaju onde veio a falecer, em 09 de agosto de 1977 e onde também. hoje, há uma escola e uma praça com seu nome, além de ser patrono da cadeira 13 da Academia Sergipana de Letras.
Se a região do Nordeste
quiser ter um pavilhão,
ei-lo aqui: - um cardo agreste
em forma de coração!
O grande açude de Orós,
quando sangra, a água que sai
é o sangue de meus avós
sem saber para onde vai...
Cada pessoa que deixa
o rincão onde nasceu,
leva consigo uma queixa
que nunca se percebeu.
Quando se emigra, à distância
se percebe esta verdade:
Com as tintas puras da infância
é que se pinta a Saudade.
Ai dos que vivem distantes
da terra que os viu nascer:
- São como grandes amantes,
proibidos de se ver!
Os destinos, diferentes,
são comuns para os amantes:
- Batalha de duas frentes,
com armistícios constantes.
Deus fez o mundo em seis dias,
mas eu, dentro de um segundo,
fiz das minhas agonias
um mundo maior que o mundo!
O mar, esse atleta imenso,
de recursos colossais,
enxuga o rosto com o lenço
da própria espuma que o faz.
Nos travesseiros de espuma
que a vaga borda a cantar,
jangadas sonham, na bruma,
dormir nos braços do mar.
Há um veleiro ancorado
na enseada erma e distante,
como um leque desdobrado
na curva de um colo arfante.