COLECIONANDO...
Texto se Sérgio Ferreira da Silva, "Magnífico Trovador em Nova Friburgo"
Vou propor uma coisa, aqui: que tal começarmos uma coleção... agora! Eu não coleciono nada (materialmente falando), tenho paixão em ler e escrever, mas me considero um colecionador de palavras, e quero dividir minha coleção com vocês que frequentam (O trema caiu! Estranho!) este site (Falando de Trova). A proposta é colecionar trovas! Certo. Certo. Mas,... o que é uma trova?
A trova é um poema de pequenas dimensões, mas isso não basta para defini-la. É uma composição poética de quatro versos. Só isso? Não, tem mais: a trova literária, aquela que vamos colecionar a partir de hoje, é um poema metrificado (todos os versos têm o mesmo tamanho) e isso significa que ela tem uma medida homogênea em todos os seus versos. Todos os versos com a mesma extensão.
Isso também não basta para explicá-la. A “medida” dos versos não é dada pelo seu tamanho espacial, visual... A medida, de qualquer verso, de qualquer tipo de poema é dada na quantidade de sons que o verso possui. A trova que vamos colecionar possui 7 sons, que são contados até a vogal da última sílaba tônica do verso. Até a vogal da última sílaba forte. Um exemplo: “Minha sogra não reclama...” O verso acima é de uma trova muito famosa, de um trovador já falecido chamado Elton Carvalho, do Rio de Janeiro. O verso tem sete sons, contados até a última vogal da última sílaba forte, quer ver...
“Mi / nha / so / gra / não / re / cla / ma
1 / 2 / 3 / 4 / 5 / 6 / 7
Os versos com sete sílabas tônicas são chamados de heptassílabos, ou redondilha maior.
Mais um detalhe: na trova literária, a rima é obrigatória e cruzada, o que significa dizer que o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo com o quarto. A rima, explicada de maneira simples, a “rima perfeita”, é a coincidência total dos sons de dois ou mais versos.
Vamos, então, começar a coleção com a íntegra da trova acima, de autoria do saudoso Elton. Na seqüência da coleção, falarei menos sobre os dados técnicos e trarei mais trovas para a nossa coleção (algumas muito raras e interessantes). Até a próxima!
“Minha sogra não reclama
do bom trato que lhe dou.
Até de filho me chama
- só não diz que filho eu sou...”
(Elton Carvalho – Rio de Janeiro)