ADELAIDE SCHLÖNBACH BLUMENSCHEIN, ou, simplesmente, COLOMBINA, descendente de franceses e alemães, nasceu em São Paulo, a 26 de maio de 1882 e ali faleceu, a 14 de março de 1963. Família de artistas, seu avô era maestro e compositor, sua avó poetisa, assim como seu pai e sua irmã, que também era pianista. Dominava cinco idiomas: alemão, inglês, francês, espanhol e italiano, além do português. Mulher liberal e arrojada, causou espanto e admiração, na época, principalmente quando do lançamento do livro: "Rapsódia Rubra: Poemas à Carne". Era conhecida por vários cognomes, entre eles, "Cigarra do Planalto" e "Poetisa do Amor". Deixou publicados 13 livros, sendo doze de poesias. Fundou a Casa do Poeta "Lampião de Gás" de São Paulo/SP em 07 de novembro de 1948. É reconhecida como Presidente Perpétua da Entidade.
Em São Paulo há uma rua com seu nome, no bairro Jardim Bonfiglioli.
Saudade, lâmpada acesa
no altar da recordação,
onde a ternura e a tristeza
rezam a mesma oração!
Saudade, febre que a gente
sem querer pode apanhar.
nunca mata de repente,
vai matando devagar...
Saudade - é sombra que fica
e tudo a cinzas reduz:
palavra que crucifica
dois entes na mesma cruz.
A vida pode ser linda
um dia... uma hora, talvez,
mas toda a lindeza finda,
fica sendo: era uma vez...
Um barco à margem de um rio,
abandonado, sem remos...
lembrando todo o vazio
de um sonho que não vivemos...
Se é triste sentir saudade,
muita saudade de alguém,
maior infelicidade
é não tê-la de ninguém.
Sentença justa que brilha
entre os avisos da estrada:
qualquer perdão, quando humilha,
é vingança disfarçada.
Não adianta nada agora,
eu já não perco a cabeça.
Mas, é bom ires embora,
antes que tal aconteça...
Quantos anos tem Maria?
- Não perguntes, pois é em vão.
Ela só responderia:
- Que falta de educação!
Mulher perdida na estrada,
que o mundo tange ao relento,
é pérola encarcerada
na concha do sofrimento.
Amor no amor se resume,
sem pensamento mesquinho,
ódio nasce do ciúme,
como o vinagre do vinho.
Amor de mulher no todo
é um anjo posto de rastros;
desce mais baixo que o lodo
ou sobe acima dos astros.
Se acaso eu fosse raínha,
dava a você meu reinado;
e, se fosse uma andorinha,
- o meu ninho no telhado.
Meu bem comigo zangou-se.
Que motivo eu lhe daria?
Não sei, não. Mas, talvez fosse
por amá-lo em demasia...
Trovas... Traços apagados
de uma vida já no fim...
Quando eu me for, namorados,
lembrem-se um pouco de mim!